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Original para a Internet

Curar o passado

Da edição de abril de 2022 dO Arauto da Ciência Cristã

Publicado anteriormente como um original para a Internet em 9 de dezembro de 2021.


Você já ficou alguma vez lamentando algo que ocorreu no passado? Algo desagradável, uma oportunidade perdida, um relacionamento, algo que fica impresso na memória por meses ou anos? Não importa a frequência com que pensemos a respeito, ou tentemos corrigir o que aconteceu, parece que esses sentimentos não vão embora.

Pode ser que sintamos muita saudade do passado — de alguém que já se foi, ou dos “velhos bons tempos”, quando a vida parecia menos frenética e mais significativa. Ou quem sabe simplesmente sentimos — até certo ponto — que o que somos é definido pelo resultado cumulativo de todas as nossas experiências, tanto as positivas quanto as negativas.

Pensamentos como esses fazem com que a vida pareça algo predefinido e inevitável. Podem fazer com que nos sintamos impotentes, sem esperança, talvez até mesmo fadados ao fracasso. Na Ciência Cristã, no entanto, aprendemos que nossa verdadeira identidade é completamente espiritual, por isso não é inevitável que nos sintamos constrangidos nem dominados pela história material. Como filhos amados de Deus, criados e mantidos à imagem de Deus, não estamos realmente restringidos aos limites do tempo, mas vivemos na vastidão ilimitada da eternidade, refletindo apenas a natureza e as qualidades de Deus.

Como é que aprendemos isso? A vida parece uma progressão sequencial que vai sempre em frente, ano após ano, até morrermos. Mas a Ciência Cristã sugere uma visão de vida completamente diferente — uma perspectiva espiritual, revelando que cada um de nós sempre existiu, e sempre existirá eternamente, como ideia completa e perfeita de Deus, o Espírito. E por sermos inteiramente espirituais, as únicas partes de nosso registro terreno que são verdadeiramente duradouras são aquelas que apontam ou demonstram a verdade espiritual, que é eterna e não depende do tempo. Como observado por Mary Baker Eddy, a Fundadora da Ciência Cristã, em seu livro Não e Sim: “O homem tem Alma imortal, Princípio divino e existência eterna” (p. 11).

No início de meu estudo da Ciência Cristã, a ideia de “existência eterna” era um desafio para mim, até que comecei a ver evidências sutis ao meu redor, reforçando minha compreensão de que nossa verdadeira identidade espiritual não está de modo algum vinculada a uma descrição de eventos materiais ao longo do tempo. Por exemplo, dei-me conta de que alguns jovens são claramente “maduros para a idade”, como diz o ditado. E conheço alguns idosos cuja saúde, mobilidade e lucidez não estão diminuindo com o passar dos anos, pelo contrário, levam uma vida mais útil e mais ampla. Uma senhora de minha igreja começou a nadar para competir, aos 82 anos, e logo se tornou campeã em sua faixa etária. E eu soube de um senhor de 79 anos que escreveu e publicou seu primeiro livro, uma novela.

Essas e outras experiências semelhantes me ajudaram a ver como a natureza do tempo é ilusória, irrelevante e incapaz de afetar quem somos, ou de que somos capazes. “A Vida não tem começo nem fim”, escreve a Sra. Eddy em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras. “A eternidade, não o tempo, é o que expressa a ideia da Vida, e o tempo não faz parte da eternidade. O tempo cessa na proporção em que a eternidade é reconhecida” (p. 468). A Bíblia ressalta a atemporalidade por meio das palavras de Jesus, destacando a eterna natureza do Cristo: “…Em verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, Eu Sou” (João 8:58).

Quando vemos a vida a partir de uma perspectiva espiritual, já não nos sentimos compelidos a ficar remoendo memórias dolorosas.

Essa nova compreensão de que a Vida, ou seja, Deus, é eterna, e que somente Deus determina quem somos, foi um divisor de águas para mim. Logo comecei a me esforçar para viver o “agora” de cada momento, em vez de ficar revivendo o que aconteceu ontem ou sair correndo em busca do amanhã. Comecei a considerar o passado como o caminho percorrido para chegar onde estou, e passei a apreciar o crescimento espiritual que obtive, mesmo que tenha incluído arrependimento, redenção e até mesmo reparação, no caso de algo errado ter acontecido. Vi que relacionamentos que não deram certo, empregos cheios de problemas, oportunidades perdidas ou desperdiçadas — não me definiam, e não eram motivo de constrangimento ou autocondenação. Essas coisas podiam ser encaradas como lições espirituais construtivas que me fizeram progredir — trazendo verdadeira renovação — como foi no caso de minhas experiências mais positivas.

“A ordem divina: ‘Sede vós perfeitos’, é científica”, como lemos em Ciência e Saúde, “e os passos humanos que levam à perfeição são indispensáveis” (pp. 253–254). Cada lição aprendida, cada passo dado, ajuda a mudar nosso pensamento, levando-nos a evitar a repetição de erros passados, a ouvir mais atentamente a orientação de Deus, e a ficar mais dispostos a segui-la.

Isso me faz lembrar da história de José, no Gênesis (ver capítulos 37, 39–45). A vida de José é assediada por desafios, mas José luta para vencê-los todos e seguir obedientemente o caminho que Deus lhe havia traçado. Ele acaba se tornando uma pessoa de muita influência, consegue ser grato por tudo o que passara, e perdoar seus irmãos que, por inveja, o haviam vendido como escravo, quando jovem. José lhes diz: “Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos irriteis contra vós mesmos por me haverdes vendido para aqui; porque, para conservação da vida, Deus me enviou adiante de vós. … Assim, não fostes vós que me enviastes para cá, e sim Deus”.

José reconhecia cada provação passada, não como um fracasso, nem como um teste enviado por Deus, mas como um degrau que levava à próxima lição espiritual.

Isso vale para todos nós, mesmo que haja erros que tenhamos de corrigir ou escolhas erradas que tenhamos de retificar. Podemos confiar na sabedoria de Deus para nos guiar quanto ao que fazer, passo a passo. O apóstolo Paulo inicialmente perseguiu a incipiente igreja cristã, mas conseguiu abandonar o passado para viver no presente, cumprindo o propósito de Deus. Ele disse: “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Filipenses 3:13, 14).

Quando vemos a vida a partir de uma perspectiva espiritual, já não nos sentimos compelidos a ficar remoendo memórias dolorosas ou cheias de saudade, nem deixamos que elas nos definam ou nos limitem. Em vez disso, nos regozijamos e percorremos os caminhos maravilhosos pelos quais Deus nos conduz, passo a passo, à medida que abrimos nosso coração diante de qualquer provação que venhamos a enfrentar. Assim podemos viver com mais plenitude no reino dos céus, aqui e agora!

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