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Reconhecer o bem — aqui e agora

Da edição de abril de 2022 dO Arauto da Ciência Cristã

Publicado anteriormente como um original para a Internet em 13 de dezembro de 2021.


Durante uma caminhada matinal ocorreu-me, recentemente, que minhas orações haviam se tornado excessivamente complicadas e focadas no futuro. Uau, pensei, é quase como se eu estivesse tentando embelezar os problemas humanos com a verdade espiritual para que eles tivessem alguma probabilidade de parecer melhores no dia seguinte ou depois. Percebi que eu estava tentando me convencer de que tinha de ganhar algo que eu acreditava que me faltava.

Esse reconhecimento me freou no meio da caminhada. Fiquei parada por um longo momento, observando as flores que pontilhavam o campo ao longe, relembrando-me de que o bem sempre presente, Deus — em vez de o bem como uma possibilidade futura — é a única base real para a oração efetiva e sanadora. Também declarei que “é tão singela a oração, que até voz infantil fará sublime invocação, que a Deus irá, gentil” (James Montgomery, Hinário da Ciência Cristã, 284).

Pensei na Ingrid, a bebezinha da minha amiga. Ela não precisa definir o porvir, muito menos orar pelo futuro. Para Ingrid, tudo é presente, real, não projetado, totalmente vivo. Cada mudança de luz, cor, textura e som é uma mistura de paz, poder e admiração que a fazem maravilhar-se. Ela vive sem os limites da linguagem humana ou do tempo.

Então me perguntei: E se eu pudesse sempre orar sem tais limitações? Se eu reconhecesse o bem, abundante e sempre presente, como faz a criança, então o futuro, com todo tipo de medo e o passar dos anos, retrocederia diante da realidade da Vida divina atemporal. Esse tipo de oração é sua própria linguagem, que vai além de palavras específicas. Não gera, nem necessita gerar, o bem futuro; pois essa oração é simplesmente o senso de se estar presente com o Amor divino, Deus.

Quando minhas orações são semelhantes às de uma criança, e as qualidades do senso espiritual (receptividade, humildade, paz, alegria, inocência, boa vontade, e assim por diante) estão ativas em meu pensamento, as preocupações com o futuro se dissolvem. Já senti essa transformação antes, e almejo orar de modo mais simples, com verdades profundas, intensas e presentes, como estas palavras do capítulo “A Oração” no livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “Deus é o Amor. Podemos pedir-Lhe que seja mais?” (Mary Baker Eddy, p. 2). Mais adiante, no mesmo livro, a Sra. Eddy escreve: “A profundidade, a largura, a altura, a força, a majestade e a glória do Amor infinito enchem todo o espaço. Isso é suficiente!” (p. 520). Quanto mais aceito essas verdades, mais renuncio ao senso pessoal com suas projeções de inveja, tédio, raiva, egoísmo, doença, pecado e morte.

Naquele dia da caminhada, enquanto olhava os campos, lembrei-me de uma experiência que tivera ao orar em busca de reconhecer o bem sempre presente. Daquela vez, tivera de levar meu pensamento para além do conceito material de vida, e descartar a perspectiva material a respeito de mim mesma.

Fazia muitos anos que eu vivia descontente com a casa em que morava. Eu me sentia frustrada com praticamente tudo relacionado à casa, e estava constantemente reclamando. Isso desgastava minha alegria e certamente não era bom para minha família. Muitas vezes “orei” para ter alívio, mas minhas orações eram como limpa-para-brisas postos na posição vertical, longe do vidro, não fazendo nada para realmente desobstruir minha visão.

Um novo senso de paz e leveza substituiu todo queixume.

O problema era que eu estava fazendo um monte de pedidos para que as coisas se tornassem melhores depois, no futuro. Mas um dia tive a ideia de dar meia-volta, tomar uma posição firme para reconhecer o bem sempre presente, ali mesmo, naquele momento, no qual eu estava começando a compreender o que era a minha verdadeira casa: minha consciência.

Reli um simples e poderoso trecho que a Sra. Eddy escreveu, intitulado “Anjos”. Aqui está a parte à qual me agarrei: “Nunca peças para amanhã; é suficiente o fato de que o Amor divino é uma ajuda sempre presente; e se esperares, jamais duvidando, terás todo o necessário, a cada momento” (Escritos Diversos 1883–1896, p. 307).

Sempre gostei desse comando suave e firme, e decidi segui-lo. Então reposicionei meus “limpadores” e, quanto à minha situação, recorri à verdade de que o bem está sempre presente. Reivindiquei meu direito de perceber claramente a ajuda e a bondade sempre presentes de Deus ali mesmo e naquele exato momento, comigo e com todos em quem eu viesse a pensar. Protestei contra qualquer ameaça de reclamação, por mínima que fosse, e aceitei o desafio de exultar com a casa que o Amor havia me proporcionado — o lar do Espírito, Deus.

À medida que eu orava dessa forma, um novo senso de paz e leveza substituiu todo queixume. Um senso mais espiritual de lar se estabeleceu dentro de mim. Isso me levou a redescobrir minha verdadeira natureza, alegre e como a de uma criança. Com essa nova perspectiva surgiram novas ideias para ajustes práticos que podíamos fazer em nossa casa — por exemplo, renovação dos cômodos, pintura e polimento — para decorar espaços que eu achava que não podiam ser reavivados.

O próximo “eureca!” aconteceu uma noite, em uma reunião semanal de testemunhos na filial da Igreja de Cristo, Cientista, a qual frequento. Uma pessoa contou que havia se libertado da inveja, por meio da oração. Até então, eu não havia reconhecido que eu também tinha inveja. Não só vivia reclamando frequentemente sobre minha própria casa, mas estava silenciosamente cobiçando as casas de outras pessoas. Ao visitar os mais queridos amigos eu saía deprimida e triste, sem reconhecer o porquê.

Foi realmente um grande alívio quando, por meio das minhas orações, dei-me conta desse erro. Pude perceber prontamente que cobiçar qualquer coisa não fazia parte da minha natureza espiritual — nem, na verdade, da de ninguém. Eu já possuía todo o bem de que jamais necessitaria, provido por Deus, a fonte infinita do bem, e essa compreensão realmente me satisfez e me libertou da inveja.

Eu não tinha necessidade de outra casa. Eu necessitava me conscientizar de que vivo agora, assim como todos nós, na presença da gratidão, alegria e humildade do Amor ilimitado, que é Deus. A mudança havia ocorrido inteiramente no meu pensamento. Ao reconhecer todo o tempo o bem sempre presente, abriu-se o caminho para a minha mais bela compreensão e expressão do que é o lar.

 Terminei minha caminhada naquele dia, relembrando-me com gratidão dessa experiência de cura, e me senti mais focada quanto à presença do Amor. Em vez de orar para obter algo mais tarde, na próxima semana, ou no próximo ano, podemos orar buscando honrar e reconhecer o Amor divino, que é o bem, puro e sempre presente. E como nossas orações são alicerçadas no Amor infinito, elas incluem a todos, quer estejam próximos, quer distantes.

No texto da Sra. Eddy anteriormente mencionado, “Anjos”, lemos ainda: “Que maravilhosa herança recebemos ao compreender o Amor onipresente! Mais, não podemos pedir; mais, não queremos; mais, não podemos ter. A doce certeza desse fato é o ‘Acalma-te, emudece’ para todos os temores humanos, para todo tipo de sofrimento”.

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