Skip to main content Skip to search Skip to header Skip to footer
Original para a Internet

Lições das “águas de Meribá”

Da edição de fevereiro de 2023 dO Arauto da Ciência Cristã

Publicado anteriormente como um original para a Internet em 14 de novembro de 2022.


Há alguns anos, deparei-me com uma narrativa do Antigo Testamento que me tocou profundamente, e que continua a me inspirar e ensinar. O livro de Números (20:1–13) relata um fato que ocorreu quase no final dos quarenta anos em que os filhos de Israel vagaram pelo deserto. Mais uma vez, o povo havia ficado sem água, e deixado claro a Moisés o quanto estavam enfurecidos com a situação. Àquela altura, Moisés não apenas os havia tirado da escravidão no Egito, mas também havia provado que Deus supria tudo de que necessitavam, inclusive proteção, alimento e água. Com Moisés, eles haviam recebido uma base sólida de autodisciplina e integridade moral — os Dez Mandamentos. No entanto, quando esse novo desafio surgiu, parecia que haviam esquecido todo o bem recebido, inclusive a ocasião anterior, na qual a água brotara da rocha, quando Moisés nela bateu com seu bordão (ver Êxodo 17:1–7).

Moisés deve ter ficado exasperado ao ouvir novamente as reclamações, mas se afastou das vozes acusadoras e buscou a orientação de Deus, como fizera tantas vezes antes. Desta vez, Deus lhe disse para reunir a congregação e, diante de todos, “falar à rocha” para obter água. No entanto, Moisés não falou à rocha como Deus lhe ordenara. Em vez disso, chamou o povo, o repreendeu, e bateu na rocha com seu bordão, como fizera quarenta anos antes.

Apesar de Moisés haver desobedecido a Deus, da rocha jorrou água em abundância, para todos. A narrativa conclui: “São estas as águas de Meribá [que significa ‘contender’] porque os filhos de Israel contenderam com o Senhor; e o Senhor se santificou neles” (Números 20:13).

Eis algumas das lições que aprendi com essa história:

A raiva impede de ver as soluções

Fontes bíblicas atribuem à palavra meribá significados como contenda ou amargura. A raiva fez com que, momentaneamente, até mesmo o grande líder hebreu deixasse de seguir a orientação de Deus e batesse na rocha, em vez de falar com ela. Como resultado, Moisés não teve permissão para entrar na Terra Prometida. 

Houve um período, em minha vida, no qual algumas decepções me deixaram muito infeliz e com raiva. Sentia como se estivesse passando por minhas próprias águas de contenda, ou Meribá. No entanto, sabia que, assim como os israelitas tiveram de ouvir a Deus, eu precisava ver em Deus a única fonte do bem. Era necessário deixar que o Amor divino reinasse em todas as áreas da minha vida.

O relato sobre as águas de Meribá me mostrou que eu precisava erradicar do pensamento velhos padrões de crítica e impaciência e substituí-los por paciência, compreensão e graça espiritual. A partir daí, a tendência de argumentar e defender meu ponto de vista, mesmo em pequenas coisas, foi substituída por maior confiança em deixar que Deus apontasse o caminho para mim e para os outros. À medida que comecei a colocar em prática essas ideias, constatei que minhas interações com os outros ficaram mais afáveis, mais harmoniosas e frutíferas. Passei a ser mais feliz e comecei a entender melhor este trecho de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy: “Os cristãos se regozijam na beleza e generosidade secretas, ocultas ao mundo, mas conhecidas de Deus. O desprendimento do ego, a pureza e o afeto são orações constantes. O ato de pôr em prática a religião em vez de meramente professá-la, compreender em vez de crer, alcançam o ouvido e a destra da onipotência e, seguramente, fazem descer bênçãos infinitas” (p. 15).

Deixar de culpar os outros

Queixume, autocomiseração, e o hábito de julgar os outros são atitudes que nos impedem de ver o bem já presente. A Bíblia relata que os israelitas estavam cansados ​​depois de tantos anos de peregrinação, e isso é compreensível; no entanto, em inúmeras ocasiões haviam sido surpreendentemente protegidos. Cada necessidade fora suprida por Deus. E, quando se dispuseram a erradicar velhos padrões de pensamento, conseguiram seguir em frente sob a orientação de Deus.

 Eu também já constatei que, se culpo os outros por minha falta de progresso, fico atolada na frustração, na falta de recursos, na infelicidade e até em problemas de saúde. Mas, quando venço os pensamentos limitados e doentios, abro espaço para os pensamentos elevados e sanadores de Deus. Para mim, esse é o arrependimento a que Jesus se referia: “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (Mateus 4:17).

A lei divina do progresso

 O que me chamou a atenção foi que, dessa vez, Deus disse a Moisés para simplesmente falar à rocha, em vez de bater nela, possivelmente indicando uma abordagem mais mental, mais espiritual. Embora Moisés não tenha seguido a injunção de Deus, cada um de nós pode estar mais alerta para as oportunidades de progredirmos na compreensão e na obediência a Deus. Podemos estar atentos às oportunidades de colocar em prática, em nossa vida, a lei divina do progresso espiritual. Tanto em situações corriqueiras, quanto em ocasiões mais significativas, pude constatar a atuação dessa lei. Com essa atitude, ocorreram-me ideias de fazer algo de modo diferente, no qual nunca havia pensado antes, como, por exemplo, fazer um trajeto alternativo para ir a um lugar, uma maneira de resolver um problema do computador, ou a melhor forma de planejar meu dia. 

O mais importante é que agora percebo progresso em meu pensamento a respeito dos outros. Em vez de pensar: “É assim que eles são”, paro e me pergunto: “Como posso vê-los mais claramente como sendo reflexos de Deus?” Isso de fato torna a vida mais agradável. Quanto mais consciente estou do fato de que o Cristo sempre presente transmite a mensagem de Deus à consciência humana, mais facilmente percebo o progresso de maneira prática. A Sra. Eddy escreveu isto sobre a consciência que se eleva por influência divina: “Mediante a purificação do pensamento humano, esse estado mental impregna de maior harmonia todas as minúcias dos assuntos humanos” (Escritos Diversos 1883–1896, p. 204). 

Não perder de vista o objetivo

Os israelitas foram libertados de centenas de anos de escravidão no Egito. Deus prometera conduzi-los a uma terra que seria deles, e cumpriu a promessa. Eles tiveram de aprender muitas lições, e os Dez Mandamentos foram uma força inestimável ​​para incutir a lei e a segurança em sua vida, assim como são importantes ​​para nós hoje. Embora Moisés não tenha entrado na Terra Prometida com os israelitas, ele a viu de longe, depois de tê-los liderado fielmente por muitos anos. 

O relato sobre as águas de Meribá mostra que nunca é tarde demais para resistir ao desalento e suas águas amargas. Só então conseguimos colocar nossa vida em ordem e usufruir progresso, saúde e felicidade. Aceitar a verdadeira ideia-Cristo que Deus está constantemente transmitindo, e com firmeza recusar-se a aceitar formas limitadas e materiais de pensar, permite-nos perceber o bem infinito que está disponível para cada um de nós. A Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã escreveu: “O Cientista Cristão sabe que a fé e a compreensão espirituais passam pelas águas de Meribá aqui — águas amargas; mas também sabe que elas correm para o infinito e lançam âncora na onipotência” (Mary Baker Eddy, The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Outros Textos], p. 132).

Para conhecer mais conteúdo como este, convidamos você a se inscrever para receber as notificações semanais do Arauto. Você receberá artigos, gravações em áudio e anúncios diretamente via WhatsApp ou e-mail.

Inscreva-se

Mais nesta edição / fevereiro de 2023

A missão dO Arauto da Ciência Cristã 

“...anunciar a atividade e disponibilidade universal da Verdade...”

                                                                                        Mary Baker Eddy

Conheça melhor o Arauto e sua missão.