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EDITORIAL

O zelo que cura

Da edição de fevereiro de 2023 dO Arauto da Ciência Cristã


O pensamento popular nos diz para seguir nossa paixão. No entanto, é fácil estar apaixonadamente errado! Podemos nos apaixonar perdidamente por alguém que se revela um completo descalabro, posicionar-nos em um lado de uma questão política que tem mil nuances, ou estar tão convencidos de que nossa religião é a certa, que cometemos todo tipo de erro para forçar os outros a aceitá-la.

Uma história que aparece na Bíblia (ver Atos 9:1–20) exemplifica esse último caso. Saulo, um judeu zeloso, perseguia apaixonadamente seus companheiros judeus que estavam seguindo os ensinamentos de Jesus. No entanto, o coração de Saulo provavelmente estava preparado para viver uma vida de cura, e não de ódio, tal como a vida adotada pelos primeiros cristãos que ele perseguia, porque foi exatamente isso o que aconteceu. Assustado por uma visão espiritual, que lhe abriu os olhos para ver que suas ações autojustificadas estavam erradas, Paulo perdeu a vista, até que um cristão chamado Ananias lhe abriu os olhos, não apenas fisicamente, mas também espiritualmente — para enxergar o poder do Cristo — e Paulo literalmente passou a ver de novo.

 Mas, mesmo quando sua cegueira espiritual mais profunda foi abandonada, o zelo de Saulo não diminuiu. Em vez disso, esse zelo ficou ainda mais exacerbado quando ele abandonou o desejo estridente de fazer com que os outros mudassem, para zelosamente permitir-se ser transformado pelo Cristo, a ideia espiritual de Deus que ele então havia passado a abraçar. O espírito do Cristo, por sua vez, capacitou-o a espalhar por toda parte, com muita ousadia, porém com muito amor, as boas-novas da redenção da humanidade por meio do Cristo. 

Essa divergência de mérito na maneira como o zelo encontra expressão é identificada em um glossário de termos bíblicos, no livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy. Usando sinônimos-chave que identificam aspectos da natureza divina, a Descobridora da Ciência Cristã descreve desta forma o zelo espiritualmente motivado: “a animação refletida da Vida, da Verdade e do Amor”. Por outro lado, o zelo materialmente motivado é “entusiasmo cego; vontade mortal” (p. 599).

A primeira dessas definições foi exemplificada por Cristo Jesus. Animado pela energia divina da Vida, pela Verdade que sempre reconhece a criação perfeita de Deus, e pelo Amor que mantém no coração toda a humanidade, Jesus curou aqueles que sofriam de doenças graves e reformou pecadores empedernidos. Tal pensamento vivificado, que reflete a Deus, cura até hoje. Isto é, traz à luz, para nós e para os outros, a realidade espiritual que inclui a saúde e a harmonia inatas da natureza de cada um de nós como filhos de Deus.

O mesmo não pode ser dito sobre ser cegamente entusiasta ou agir de maneira voluntariosa e teimosa. Essas características movem na direção errada nossa vida e o impacto que causamos sobre os outros. Perdemos de vista a vida como ela realmente é — a Vida divina, Deus, que é o Amor sempre presente, que a tudo abençoa. E também perdemos de vista o que cada um de nós é como a expressão da Vida que é o Amor. Por isso, faz sentido orar — silenciar a emoção e a vontade humana — e assegurar-nos de que o que nos impele a seguir em frente é a influência do Amor todoabrangente, antes de deixar que pensamentos ardorosos de partidarismo modelem nossas palavras ou ações.

Essa oração dirige nossos pensamentos, palavras e ações rumo ao zelo do Cristo, o qual é inseparável da devoção de agir de maneira benéfica para com os outros. Isso é fundamental quando nos esforçamos para impressionar os outros com as bênçãos de nossa religião, e é o que Jesus esperava que seus seguidores fizessem. Ele disse: “[Não] se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5:15, 16).

Uma candeia não é colocada em um candelabro para impressionar os outros, para ser vista e admirada por eles, mas sim para abençoá-los ao criar e ampliar maior visibilidade para eles. Podemos, portanto, testar nosso zelo, compartilhando nossa luz para ampliar a visibilidade da eterna orientação de Jesus. Será que o que pensamos, dizemos e fazemos resulta em outras pessoas vivenciando o impacto sanador de compreender a realidade espiritual, que as conduz com um louvor sincero à fonte da cura, Deus?

Para garantir que esse critério seja cumprido, nossa principal colaboração é um zelo interior — um compromisso contínuo e fervoroso de nos elevar acima das nossas próprias percepções materiais equivocadas da realidade. Então, a luz que nós inerentemente refletimos como a imagem espiritual do Amor divino brilhará em nossa vida inteira e iluminará as oportunidades práticas de oferecer amorosamente aos outros a inspiração que cura, e que não fere ninguém.

 Da mesma maneira como Saulo ficou consciente do crescimento espiritual que fez com que ele se tornasse o apóstolo Paulo, assim também essa luz do Cristo alcança e liberta até mesmo aqueles que estão presos na armadilha das paixões autoaprisionadoras. Isso é verdadeiro, quer essas paixões resultem em más escolhas nos relacionamentos, quer resultem em fanatismo político, religioso ou de qualquer outro tipo. Como Saulo, cada um tem o coração intrinsecamente preparado para viver e ser animado pela Vida e pelo Amor, divinos e todoabrangentes, que não prejudicam ninguém, trazendo benefícios a todos. Podemos ser fervorosos em nosso desejo de fazer com que isso aconteça.

Tony Lobl
Redator-Adjunto

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