A costa leste dos Estados Unidos havia sido fortemente atingida por um devastador furacão, e uma árvore enorme caíra sobre minha casa, danificando-a muito. Assim que a tempestade passou, minha família e os vizinhos me ajudaram a tomar algumas medidas para evitar mais danos, e a entrar em contato com um empreiteiro conhecido e de confiança. Os reparos começaram rapidamente, mas logo o trabalho teve de ser interrompido. O empreiteiro havia se machucado e não estava em condições de trabalhar, além disso, grandes obras de pavimentação estavam sendo realizadas na minha rua, dificultando a chegada dos trabalhadores à minha casa. Os dias se transformaram em semanas e eu estava frustrada com o atraso, e com raiva da pressão que algumas pessoas estavam fazendo para que eu contratasse outro empreiteiro para terminar a obra.
No entanto, em uma manhã de domingo, na igreja, começou uma mudança mental, da frustração e da raiva para a oração e a paciência.
Na tranquilidade do culto dominical, ponderei profundamente sobre a Lição Bíblica (constante no Livrete Trimestral da Ciência Cristã), que incluía o relato de Neemias e a reconstrução do muro de Jerusalém. Apesar de os inimigos quererem interromper a obra, esta prosseguiu, pois Neemias assegurava aos habitantes e governantes da cidade que Deus estava presente: “E lhes declarei como a boa mão do meu Deus estivera comigo…” (Neemias 2:18). No momento da oração silenciosa, durante o culto, percebi que eu também podia afirmar e aceitar o fato espiritual de que a mão de Deus, o poder e a presença de Seu bem, estava comigo.
Da mesma maneira, estas palavras confiantes de Mary Baker Eddy, em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, me chamaram a atenção: “Tudo está sob o controle da Mente única, ou seja, Deus” (p. 544). Percebi que podia, de todo o coração, entregar a situação a Deus, a Mente divina que cria e sustenta sua própria criação. Também podia confiar no fato de que o trabalho necessário para a obra prosseguir não dependia de cronogramas, pessoas ou condições humanas; seu progresso e realização eram governados pela ordem, pelo controle e pela presença protetora da Mente divina.
Dois dias depois da inspiração e transformação daquela manhã de domingo, fiquei sabendo que o empreiteiro já estava em condições de voltar ao trabalho. Além disso, minha rua já estava liberada e as obras na casa e no terreno foram rapidamente concluídas.
Depois do último operário se despedir, sentei-me em silêncio, com meus pensamentos. Eu estava plenamente grata pela restauração completa da minha casa, então, fiquei surpresa quando esta pergunta me veio ao pensamento: estava eu grata simplesmente porque, por meio da oração, fora satisfeita minha necessidade de consertos na casa? Ou seja, estava eu aliviada porque havia conseguido o que queria?
Esse questionamento me fez pensar com mais profundidade. Eu queria responder de maneira honesta e sem nenhum senso de ego. Sabia que a oração não é simplesmente um meio de receber de Deus algo que queremos ou de que precisamos. A verdadeira oração — sua essência, como eu a entendo na Ciência Cristã — é a crescente e profunda compreensão da verdadeira natureza de Deus, o Amor divino, e de cada um de nós como reflexos dessa verdadeira natureza. A oração é a percepção e aceitação profunda de que o amor de Deus mantém cada um de nós, e toda a criação, sob Seu cuidado eterno — antes, durante e depois da resolução de um problema.
Lemos em 2 Coríntios: “Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo [recebeu-nos e colocou-nos em harmonia com Ele] e nos deu o ministério da reconciliação [deu-nos o propósito de trazer outros à harmonia com Ele]” (5:18). Cristo, a manifestação do Amor divino para toda a humanidade, nos reconcilia com Deus e Sua presença protetora e sustentadora — com a generosidade transbordante e contínua do Amor divino ilimitado.
Ciência e Saúde explica que Cristo Jesus “…revelou o Cristo, a ideia espiritual do Amor divino” (p. 38). Também explica: “Como primeiro ponto na lista dos deveres cristãos, ele ensinou a seus seguidores o poder sanador da Verdade e do Amor” (p. 31). Por meio da presença do Cristo na consciência humana, percebemos que no cerne da oração está a compreensão de que Deus é o próprio Amor. É o amor de Deus, reconhecido na oração, que traz a harmonia e as soluções para situações difíceis.
Enquanto estava ali, em silenciosa comunhão com Deus, humildemente percebi que a verdadeira gratidão eleva o pensamento para além da solução de dificuldades pessoais, para que reconheçamos o Cristo sempre presente, a expressão do amor eterno de Deus por toda a Sua criação. É o profundo e permanente amor de Deus que possibilita a cada pessoa saber, em oração, que “a boa mão do meu Deus [está] comigo”. E ali estava a resposta para a pergunta do porquê eu era grata. Eu tinha uma grande e profunda gratidão pelo fato espiritual de que “Deus amou ao mundo” (João 3:16) e continua a amar cada um de nós.
