Algo que aconteceu comigo há dois anos me mostrou como é bom amar aqueles que não haviam agido corretamente para comigo e parar de acusar os outros. Mas primeiro tive de estar disposta a agir dessa maneira, antes que isso pudesse acontecer.
Eu havia me mudado da Califórnia para Nova York e organizara tudo para que meus pertences fossem transportados por uma companhia local. Várias semanas se passaram, mas a carga não chegou, e a cada vez que eu ligava para a empresa, me diziam uma história diferente. Quando finalmente consegui a informação necessária para poder localizar a entrega, soube que minha encomenda havia ficado o tempo inteiro na empresa na Califórnia. E havia acabado de ser despachada pela empresa para ser entregue em Nova York, quase um mês depois de terem me dito que já estava tudo sendo transportado em um caminhão.
Comecei a escrever um e-mail com raiva, endereçado ao gerente que havia repetidamente mentido para mim. Mas, toda vez que ia digitar, um forte “Não!” me fazia parar.
Mas eu ainda estava com raiva, portanto, decidi escrever, em vez disso, uma revisão on-line, para que o mundo todo soubesse que a empresa havia mentido para mim, e para que ninguém mais contratasse aquela companhia. Mas, novamente, algo me fez parar. Uma pergunta importante surgiu em meu pensamento: “Jennifer, você está disposta a sacrificar a raiva, opiniões, julgamentos e a presunção de uma retidão pessoal, em prol da santidade?” Em outras palavras, estava eu disposta a sacrificar tudo o que não fosse a semelhança do Amor, Deus, para amar e perdoar meu “inimigo” como Jesus nos ensinou (ver Mateus 5:43–45)?
Antes mesmo de responder, senti-me livre. Todas as emoções negativas desapareceram. Eu já não estava aborrecida, e vislumbrei algo do que Deus sabe sobre Sua criação espiritual boa e perfeita. Dei-me conta também de que o gerente da transportadora era em realidade filho honesto e amado de Deus, porque foi assim que Deus o criou. Isso anulou o que aparentava ser um homem desonesto. Senti santidade, libertação e alegria. Já não existia um “problema”. Isso simplesmente desapareceu de meu pensamento.
Não é interessante o fato de que a solução não teve nada a ver com a outra pessoa? Tratava-se de ver como o Cristo vê — contemplar o homem honesto criado por Deus, bem ali onde parecia existir um mentiroso — e a solução começou com uma pergunta, questionando minha disposição para sacrificar o ego pessoal em prol da verdade a respeito do homem criado por Deus.
Eu estava maravilhada com Deus, o Amor divino. “Então”, pensei comigo mesma, “é assim que é ter mansidão! Deixar de acusar os outros traz pureza, benignidade e amor em imensurável profundidade”. Uma semana despois, minha mudança chegou intacta. Ao desempacotar meus pertences, senti imensa gratidão pelo cuidado com que a companhia havia embalado meus objetos mais frágeis.
A pergunta: “Você está disposta a sacrificar [tudo o que não é a semelhança de Deus, o Amor,] em prol da santidade?” não surgiu do nada. Eu vinha estudando a Lição Bíblica Semanal do Livrete Trimestral da Ciência Cristã; a Lição daquela semana incluía a seguinte declaração, escrita por Mary Baker Eddy no livro-texto da Ciência Cristã: “Sabemos que o desejo de santidade é requisito para obter santidade; mas se desejamos a santidade acima de tudo, sacrificamos tudo por ela. Temos de estar dispostos a fazer isso, para podermos andar com segurança no único caminho prático que leva à santidade. A oração não pode modificar a Verdade inalterável, nem pode a oração, por si só, dar-nos a compreensão da Verdade; mas a oração, acompanhada do desejo fervoroso e habitual de conhecer e fazer a vontade de Deus, nos conduzirá a toda a Verdade. Tal desejo tem pouca necessidade de expressão audível. Exprime-se melhor no modo de pensar e de viver” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 11).
O que aprendi é que parar de acusar os outros não é de modo algum um sacrifício; consiste em liberdade. A Regra Áurea, conforme exemplificada por Cristo Jesus, tornou-se bastante clara para mim. Compreendo que é o antídoto contra a raiva, a vingança e o desejo de acusar os outros. Como é que eu quero que os outros ajam para comigo? Quero que me reconheçam como filha de Deus, amada, perfeita e isenta de pecado, mesmo quando os sentidos físicos dão testemunho contrário. E também quero fazer o mesmo para com todas as pessoas.
