Hoje em dia, há muita coisa acontecendo no pensamento das pessoas em geral, especialmente no que se refere à política. Muitos problemas aparecem e demoram para serem resolvidos. Aliás, em um ano eleitoral, há quem procure monitorar o que está sendo dito e o que está sendo feito em relação ao que foi dito, para fins partidários. Os tempos atuais exigem nosso pensamento mais claro e nossa melhor resposta.
Os Cientistas Cristãos estão sendo chamados a se engajarem, não tanto de maneira partidária, mas como Cientistas Cristãos mesmo. Se há uma tendência a organizar os pensamentos por categoria, ou seja, ter pensamentos políticos quando se considera coisas da política e ter pensamentos da Ciência Cristã quando se considera “coisas religiosas”, então precisamos lembrar do que podemos fazer ao levar “cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (ver 2 Coríntios 10:5).
O que é o Cristo? O Cristo revela a Deus como a única Mente, ou o único Espírito, sendo que os termos Mente e Espírito se referem exclusivamente a Deus. O Cristo também revela cada um de nós como uma ideia espiritual, que demonstra de modo constante nossa identidade definida por Deus. Essa realidade espiritual irrompeu na história humana por meio da vida e das obras de Cristo Jesus, que denominou essa realidade como “o reino de Deus”. Aliás, todos os que aceitaram essa realidade espiritual, com humildade, puderam vivenciar seu poder de curar e de harmonizar a experiência humana.
Ao me empenhar para levar meu pensamento à obediência do Cristo durante o último ciclo eleitoral, encontrei algumas orientações úteis, que me ajudaram a ponderar sobre os ensinamentos de Jesus e de João Batista. Em uma época de muitas mudanças inesperadas, Jesus e João representaram o fim de uma era e o início de outra, e a desafiadora transição de uma para a outra. João veio corajosamente preparar o caminho para o novo, e Jesus revelou o “novo” como um “reino de Deus” já existente, a ser percebido e demonstrado.
João era um profeta. Ao contrário de outros profetas que refletiam a vontade e as opiniões culturais da época, João adquiriu suas próprias convicções por meio de sua comunhão com Deus no deserto, e não nas cidades. Ele convocou sua nação, Israel, a se rebelar contra as crenças e valores predominantes na cultura da comunidade, e a se aproximar de Deus para ver a própria comunidade sob uma nova luz — um exame de si mesmos, necessário para o progresso espiritual.
Em nossa época atual, após as eleições, em vez de responder às questões a partir de um conjunto predeterminado de valores humanos, precisamos de mais tempo de comunhão com Deus, ponderando sobre as Escrituras e os escritos de Mary Baker Eddy, e deixando que esse estudo alinhe nosso pensamento e nossas ações em consonância com o Cristo e com as modalidades do pensamento desperto, as quais estão sempre progredindo.
A pregação de João fez com que muitos mudassem seu comportamento em preparação para a vinda do Messias. Contudo, enquanto ele estava na prisão, ao ouvir falar sobre as obras de cura de Jesus, ele duvidou se Jesus seria mesmo o Messias. O próprio João jamais efetuou uma cura. Referindo-se a João como um modelo de solidez moral e coragem, Jesus disse: “…entre os nascidos de mulher, ninguém é maior do que João…”. Entretanto, acrescentou Jesus: “…mas o menor no reino de Deus é maior do que ele” (Lucas 7:28).
Jesus não somente convocou seus discípulos a se prepararem para o “reino” por meio da regeneração moral, mas também exigiu deles muito mais. Ele os convocou a declarar que esse reino, que já está presente, é para ser demonstrado — por meio das curas efetuadas por eles. Ao contrário do senso material de que a matéria e o espírito, o mal e o bem, eram reais, Jesus demonstrou que só o Espírito, Deus, é real, e o único poder. Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras nos lembra que: “Até que o fato a respeito do erro — a saber, sua nulidade — apareça, a exigência moral não estará cumprida, e não haverá suficiente capacidade para reduzir o erro a nada” (Mary Baker Eddy, p. 92).
Jesus também ensinou: “Desde os dias de João Batista até agora, o reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele” (Mateus 11:12). O reino de Deus não pode ser imposto às pessoas por meio do esforço humano ou por meio do conflito entre vontades humanas, em que cada um busca dominar sobre todos os outros. Com base no fato de que existe uma única Mente — a Mente que é Deus — a qual nos define e nos relaciona uns com os outros, podemos recorrer com confiança à Mente em busca de novos pensamentos e fundamentos para cooperação.
Acho muito útil compreender que o reino de Deus nunca é uma obra a ser concluída. Ele já está aqui, como um fato estabelecido, pronto para ser comprovado e demonstrado.
Muitas vezes, o que leva as pessoas a atitudes extremas é o medo da mudança — o medo de que tudo o que tenha dado sentido à vida de alguém até determinado ponto esteja desaparecendo, e a sociedade esteja indo incontrolavelmente na direção errada. Sempre há mudanças, e isso parece preocupante, mas acho reconfortante saber que existe uma Ciência que governa essas mudanças.
Ciência e Saúde nos assegura: “À medida que as pegadas toscas do passado desaparecem das veredas que no presente se vão desfazendo, compreendemos melhor a Ciência que governa essas mudanças, e assentamos os pés em solo mais firme” (p. 224). O Princípio dessa Ciência é divino, é o Amor, que nos socorre. Esse Amor está aqui, abraçando a humanidade e fazendo com que tudo o que representa o bem seja protegido e aprimorado, e compreendido espiritualmente. O bem que a humanidade alcançou até aqui não pode ser perdido. Ao mesmo tempo, esse Princípio governante está fazendo com que tudo o que representa o mal seja removido. Nenhum erro, de qualquer espécie, pode deixar de ser exposto e eliminado. Trazer todo pensamento à obediência de Cristo assenta nossos pés nesse solo mais firme.
As campanhas políticas quase sempre destacam personalidades porque é muito mais fácil fixar nossa atenção em uma personalidade para odiá-la do que explicar os pontos que ela defende. A Sra. Eddy certa vez escreveu para uma de suas alunas: “…pensa em um erro como não tendo absolutamente nenhuma causa. Se for ódio ou inveja, pensa nele como não fazendo parte da individualidade, mas apenas como erro, ilusão, na verdade, apenas como o nada. Portanto, não há ninguém por trás dele e, assim, você separa o joio do trigo e nunca pensa em nenhuma pessoa ao dar um tratamento para eliminar o erro, mas apenas no próprio erro” (Yvonne Caché von Fettweis e Robert Townsend Warneck, Mary Baker Eddy: Christian Healer, Amplified Edition [Mary Baker Eddy: Uma Vida Dedicada à Cura, Edição Ampliada], pp. 229–230).
Em sua essência, o ódio, ou qualquer outro pretenso mal, é uma nulidade, uma negação do fato de que o Amor divino está presente e é todo poderoso. Afirmar, portanto, a presença do Amor divino, e aprofundar nosso compromisso com essa afirmação, certamente leva à destruição do ódio.
O ato de trazer cada pensamento à obediência de Cristo, dedicando mais tempo a estar sozinho em comunhão com Deus, orando a partir do fato de que Deus é Tudo, com o objetivo de demonstrar uma realidade espiritual já estabelecida, assentando nossos pés nesse solo mais firme em tempos de mudanças, e focando nas questões e não nas personalidades, provará, como Paulo percebeu, que: “…as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo…” (2 Coríntios 10:4, 5).
