Um dos grandes problemas que a humanidade está enfrentando é o temor da mudança climática e seus efeitos sobre o meio ambiente. É compreensível que haja grande preocupação quanto a isso, e muito esforço humano está sendo empregado no combate à mudança climática, através de uma gama de medidas materiais. Mas essas iniciativas, baseadas em uma perspectiva material, estão aquém do necessário, porque não levam em conta a influência que o pensamento humano tem sobre os efeitos. Os resultados de alguns experimentos na física quântica apontam para o impacto que nossos pensamentos têm sobre nossa vivência. Por exemplo, esses resultados mostram que aquilo que o pesquisador sabe, ou de que tem consciência, sobre um determinado experimento com partículas ou com a luz, reflete-se no resultado (ver entrevista com Laurance Doyle e Brian Kissock: “A deeper look at ‘the scientific statement of being’ ” [“Uma análise mais profunda da ‘declaração científica sobre o existir’ ”] publicada no Journal em março de 2018). Em vista disso, é razoável concluir que a vivência humana em geral reflete nosso pensamento.
A Ciência Cristã leva essa ideia ainda mais adiante, oferecendo uma maneira própria de mergulhar na natureza e na solução de problemas de todo tipo, enfrentados pela humanidade. No livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, Mary Baker Eddy escreve: “A Ciência Cristã explica que toda causa e todo efeito são mentais, não físicos” (p. 114). Ciência e Saúde também lança luz sobre a natureza espiritual da realidade. Embora os esforços da humanidade para combater a mudança climática possam ser úteis e justificados, geralmente ocorrem dentro de certa estrutura na qual se aceita que a vida seja material e esteja à mercê da matéria e de como esta atua sobre si mesma. Esse conceito deixa fora de cena o Espírito divino, Deus, e não leva em conta a natureza mental de nossa vivência, inclusive a maneira como encaramos o clima.
Se toda causa e todo efeito são mentais, não físicos, segue-se, por lógica, que o clima mental do gênero humano afeta o clima físico da Terra. Por isso, é muito importante e proveitoso levarmos em consideração o clima mental e a atmosfera do pensamento, especialmente o impacto da compreensão a respeito de Deus, conforme Cristo Jesus comprovou.
Um relato, no Evangelho de Marcos, mostra que podemos demonstrar o controle de Deus sobre o clima. Jesus e seus discípulos estavam em um barco, atravessando o Mar da Galileia, quando se levantou um grande temporal e as ondas se arremessavam contra o barco, enchendo-o de água e enchendo de medo o pensamento dos discípulos. Jesus dormia pacificamente na popa do barco e os discípulos angustiados o despertaram.
Jesus estava sempre consciente de que vivia na presença de Deus, um ambiente de paz divinamente natural. Com a certeza da supremacia de Deus e da perfeita paz, ele foi imediatamente capaz de neutralizar o medo que havia tomado conta dos discípulos. O resultado da consciência espiritual de Jesus foi que o vento amainou “e fez-se grande bonança” (ver Marcos 4:35–41).
No Glossário de Ciência e Saúde, o qual dá o significado espiritual de termos bíblicos, há a definição para a palavra vento. As descrições contrastantes, no primeiro parágrafo dessa definição, indicam a diferença entre a perspectiva espiritual de Jesus: “Vento. Aquilo que indica a força da onipotência e os movimentos do governo espiritual de Deus, que abrange todas as coisas”, e a visão material do que acontecia e que os discípulos estavam aceitando: “Destruição; ira; paixões mortais” (p. 597).
Se Jesus acalmou a tempestade com o pensamento cheio de paz espiritual e a certeza do controle amoroso de Deus, o que isso sugere sobre o que acontece, quando a mente está cheia de pensamentos opostos, como: medo, egoísmo, ganância, raiva, ódio, vingança?
Ciência e Saúde mostra a conexão entre o clima violento e o estado mental tempestuoso, quando faz a distinção entre o impacto da mente mortal, a crença de que exista uma mentalidade separada de Deus, e o da Mente imortal, que é Deus. O livro diz: “O poder que erra é uma crença material, uma força cega, por engano chamada força; é o produto da vontade e não da sabedoria, isto é, da mente mortal e não da imortal. É a catarata impetuosa, a chama devoradora, o rugir da tempestade. É raio e furacão, tudo o que é mau, desonesto, impuro e apegado ao ego”.
Apontando para a solução, o livro continua: “A força moral e a espiritual pertencem ao Espírito, que encerra ‘os ventos nos Seus punhos’; e esse ensinamento concorda com a Ciência e com a harmonia” (p. 192).
Qual é o clima mental da humanidade? É ele caracterizado por qualidades morais e espirituais, ou por reações indignadas, opiniões extremas, raiva, medo, ultraje, e lutas entre egos? Os traços da vontade humana, os quais preenchem a atmosfera do pensamento mortal, podem se refletir fisicamente em temperaturas extremas, secas ou clima violento, tais como grandes tempestades, erupções vulcânicas e tornados.
A Ciência Cristã mostra que há um modo para vencer isso. Os resultados destrutivos são essencialmente causados pela ignorância a respeito de Deus, que é a Vida, a Verdade e o Amor divinos. O que se faz necessário é uma mudança em nosso conceito a respeito de Deus, o Princípio harmonioso do universo ― precisamos da compreensão mais profunda, mais ampla e inteiramente espiritual de que Deus é o Amor e a Verdade. O que também se faz necessário é ver a nós mesmos como a manifestação de Deus. Isso inclui o reconhecimento de que somos expressões do Amor e de suas qualidades: paz, harmonia, compaixão, temperança, confiança, e de que temos a capacidade, dada por Deus, de ver e conhecer uns aos outros dessa maneira.
Sob o título “Translação Científica da Mente Mortal”, Ciência e Saúde destaca os graus, ou fases, pelos quais o pensamento humano progride, à medida que alcança uma compreensão de Deus (ver pp. 115–116). Uma das qualidades morais, ou de transição, que o livro identifica e que pode facilmente passar despercebida é a “temperança”. O Apóstolo Paulo inclui essa qualidade como um dos frutos essenciais do Espírito (ver Gálatas 5:22, 23). O termo original é traduzido, na Bíblia em português, como “domínio próprio”. Essa qualidade é definida como moderação, sensatez, racionalidade, sendo alguns de seus antônimos: extremismo e irracionalidade. Pode-se pensar em temperança, ou domínio próprio, como um estado de calma interior, de bem-estar imperturbável, de equilíbrio e estabilidade espiritual com base na confiança em Deus; é fruto do reconhecimento do todo-poder e da presença constante do Amor manifesto em nossa vida. A atividade dinâmica e divinamente impelida da paciência, da calma e da paz, neutraliza e anula o calor da emoção, do ressentimento, da raiva e da justificação do ego.
As influências mentais que não se originam no Amor devem ser detectadas e rejeitadas. Não existe raiva nem destruição na criação da Mente, no meio ambiente do Amor. Aprimorar, elevar e transformar o pensamento humano, por meio do reconhecimento da natureza de Deus, e sentir o poder divino da lei natural da harmonia de Deus, começa por desmascarar os extremos mentais desarmoniosos. À medida que tais extremos são substituídos por gentileza, bondade, generosidade, honestidade, compaixão, perdão, desprendimento, ou seja, pela natureza divina e pelos atributos que Deus dá a todos, essa melhor atmosfera mental será uma influência benéfica, inclusive melhorando e moderando o clima, e harmonizando a experiência humana.
À medida que sentirmos e comprovarmos cada vez mais nossa natureza criada por Deus, também a criação divina, eterna e harmoniosa, se tornará mais clara para nós. O fato é que o verdadeiro universo espiritual é a própria manifestação de Deus, a expressão de tudo o que Deus é, exatamente agora. E nós já estamos incluídos nessa expressão de Deus, como filhos amados, como ideias da Mente, o que significa que toda a nossa natureza é espiritual e derivada de Deus. Ao mantermos esses fatos divinos em nosso pensamento, podemos compreender claramente que o tempo e as condições meteorológicas são verdadeiramente governados por Deus, o Princípio, a Alma, a Vida.
A Sra. Eddy falou sobre o progresso espiritual da humanidade e seu efeito sobre as condições climáticas, ao escrever: “…a atmosfera da mente humana, quando depurada do ego e impregnada do Amor divino, refletirá esse estado subjetivo purificado, em céus mais claros, menos relâmpagos e trovões, menos tornados e menos extremos de calor e frio…” (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Outros Textos], p. 265).
Nossas orações e a maneira como vivemos podem ajudar o clima do mundo, por afirmar que a Vida é o Espírito, o bem, e que toda a criação existe, e continua a existir, dentro da atmosfera do Amor. A Mente divina é a única Mente e a única causa, e o Amor divino é o único poder. Por sermos filhos da Mente e do Amor, somos constituídos de toda a sabedoria e inteligência da Mente, e somos a emanação da compaixão, da serenidade e do poder do Amor. Essa é a nossa natureza divina, nosso estado natural como filhos de Deus. À medida que vivermos conscientemente na atmosfera pura e harmoniosa do Amor, o clima da Terra será equilibrado e seguro, e o meio ambiente será renovado.