Algumas décadas atrás, fui eleito PrimeiroLeitor da filial da Igreja de Cristo, Cientista, da qual era membro, e lembro--me de estar muito animado a respeito de minhas futuras responsabilidades e de me questionar sobre qual seria meu propósito nessa função.
Eu sabia que queria servir a Deus e ao meu semelhante, além de querer ver o crescimento da igreja. Eu também sabia que queria ajudar e ser um sanador. Especificamente, porém, o que tudo isso significava?
Ao ponderar sobre o assunto, pesquisei nos escritos de Mary Baker Eddy o que ela diz sobre a Bíblia e Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras serem o pastor impessoal dA Igreja de Cristo, Cientista. A Sra. Eddy escreve: “Vosso pastor dual e impessoal, a Bíblia e ‘Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras’, está convosco; e a Vida que eles transmitem, a Verdade que exemplificam, o Amor que demonstram constituem o grande Pastor que alimenta meu rebanho e o guia para ‘junto das águas de descanso’ ” (Escritos Diversos 1883– 1896, p. 322). Perguntei-me: “Se o pastor está no comando para ensinar, guiar e cuidar da congregação, o que me resta fazer além de ler palavras desses livros?”
Então, ponderei sobre como os praticistas da Ciência Cristã dão tratamento por meio da oração. Eles desviam a atenção da aparência falsa dos sentidos materiais e firmam o pensamento na verdade espiritual da existência. Esses tratamentos derrotam o erro, ou seja, a crença errada de que Deus não seja supremo. A passagem a seguir me ajudou a perceber que os praticistas precisam impessoalizar os erros com os quais estiverem lidando em seu tratamento: “Impessoalizar cientificamente o senso material de existência — em vez de ter apego à pessoalidade — é a lição para os dias de hoje” (Escritos Diversos, p. 310).
Essa compreensão me levou a uma reflexão: já que minha tarefa não é ensinar à congregação, eu não deveria conduzir os cultos da igreja de maneira pessoal. Em vez disso, ao fazer a leitura do púlpito, eu poderia ser como um praticista para nossa igreja, reconhecendo a verdade e elevando o pensamento acima da aparência material. Se eu desempenhasse minha função corretamente, afirmando que Deus é Tudo, e anulando impessoalmente os argumentos da mente mortal, eu veria que Deus cura, guia, ilumina, ensina e inspira a congregação. Essa ideia foi validada por um pensamento da Bíblia: “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas” (2 Coríntios 10:4).
Em cada culto e reunião de testemunhos, eu me esforcei para ler com humildade e compreensão. Aceitei apenas a prova espiritual da vitalidade e não a aparência falsa de uma igreja com uma frequência cada vez menor. Afirmei que fazia parte de uma igreja vibrante mantida por Deus, e que a abundância e o crescimento estavam presentes em cada reunião de testemunhos, a ocasião em que as pessoas compartilham suas experiências de cura pela Ciência Cristã.
Mantive uma atitude espiritualmente obediente em relação à minha nova função, as orações contínuas dos membros de nossa filial me apoiaram no desempenho do cargo de Leitor, e o resultado do nosso trabalho foi maravilhoso. A igreja cresceu e o número de alunos na Escola Dominical mais que duplicou. Sentia-me motivado e com um senso de propósito.
Eu havia mudado, havia crescido espiritualmente durante o período em que fora Primeiro Leitor. Quando terminou meu mandato de três anos nesse cargo, porém, eu não tinha mais certeza sobre qual era o meu propósito como membro da congregação.
A primeira coisa em que pensei foi o Art. 5º do Capítulo VIII do Manual da Igreja, intitulado “A oração na igreja”, o qual diz: “As orações nas igrejas da Ciência Cristã deverão ser em prol da congregação, coletiva e exclusivamente” (p. 42).
Parecia claro que minha motivação deveria ser honrar a Deus, amar os outros membros e frequentadores e orar por eles. Isso eu sabia fazer! Quer estivesse na igreja filial da qual fazia parte havia muito tempo, quer estivesse em outra filial, quando em visita a parentes ou amigos, ou mesmo nA Igreja Mãe, eu sempre me senti à vontade e senti amor por todos os que estavam presentes. Contudo, a questão principal ainda não tinha sido respondida. Como eu deveria expressar aquele amor aos outros durante o culto?
Será que eu deveria amar a congregação, dando-lhe apoio impessoal por meio da oração? Ou será que eu deveria interagir com os que estivessem presentes, com manifestações de amizade e afeto, antes e depois do culto ou reunião? Como eu poderia interagir com os outros membros e frequentadores e também aprofundar minha compreensão da natureza espiritual deles? À medida que eu orava a respeito desse assunto, comecei a entender que eu poderia encontrar um equilíbrio entre a amizade e a oração impessoal.
Esta passagem de Escritos Diversos me deu uma resposta: “Se um homem que pesa mais do que o comum se ajoelha em uma banqueta na igreja, que a pessoa mais magra tenha compaixão da dificuldade desse irmão, e faça o mesmo” (p. 131).
Nesse parágrafo, a Sra. Eddy descreve uma pessoa com necessidade de ajuda durante o culto e ensina a congregação a expressar compaixão e ter uma atitude de caráter prático. Para mim, essa é uma clara orientação, para nós que fazemos parte da congregação, de que devemos interagir com os outros de maneira atenciosa e amorosa enquanto honramos e adoramos a Deus. O restante desse parágrafo fala sobre sermos um grupo unido de pessoas que pensam da mesma maneira.
Eu havia encontrado meu propósito. Durante o culto ou reunião na igreja, eu não ficaria apenas sentado, ignorando as outras pessoas presentes. Eu iria adorar a Deus, com amizade e união, e expressaria amor por toda a congregação, por meio da oração impessoal. Dessa forma, eu estaria servindo a Deus, embebendo-me mais da verdade, sentindo a presença de Deus e atestando a cura. Ao lembrar-me dos inúmeros cultos e reuniões dos quais participei na igreja, depois de ter chegado a essa compreensão, percebo que fui testemunha de uma gigantesca demonstração de harmonia. Vi se desvanecerem antigas divergências políticas entre dois membros da igreja. Vi alguém recobrar os sentidos depois de desmaiar durante um culto, e lembro-me de ter sido inspirado e curado por muitos comoventes testemunhos de cura que atenderam necessidades específicas.
Muitas vezes senti alegria por estarmos unidos a serviço de Deus. Percebi boa vontade, camaradagem e um propósito sagrado. Independentemente de estarmos no púlpito ou nos bancos, o culto da igreja da Ciência Cristã é o lugar perfeito para nos unirmos em alegria e vivenciar a cura.
