Certa vez, tive um momento de discernimento espiritual que resultou em uma cura física instantânea. Talvez você se identifique com minha experiência. A cura geralmente ocorre quando vislumbramos uma inspiração a respeito de Deus, captamos um senso mais elevado de algum trecho das Escrituras, ou abandonamos uma opinião arraigada sobre alguma coisa e, em razão disso, obtemos uma perspectiva mais espiritual sobre determinada situação.
Esse fenômeno é explicado no livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy, da seguinte forma: “Os raios da Verdade infinita, quando convergem para um foco de ideias, produzem luz instantaneamente, ao passo que mil anos de doutrinas humanas, hipóteses e vagas conjeturas não emitem tal fulgor” (p. 504).
Há alguns anos, eu estava orando para a cura de um joelho que estava machucado. Havia algum tempo que ele estava dolorido e parecia não ter mais a força habitual. Naquela semana, a Lição Bíblica contida no Livrete Trimestral da Ciência Cristã incluía a história bíblica do homem que estava próximo ao tanque Betesda, sem poder andar, e que foi curado por Jesus (ver João 5:2–9). Como eu já havia lido aquela história centenas de vezes, fiquei tentada a dar somente uma passada de olhos naquele trecho, sem estudá-lo de fato, apenas para ver como ele se encaixava na Lição como um todo.
Mas, acabei fazendo o oposto. Eu me desafiei a encontrar naquele relato algo que eu ainda não havia percebido. Ao ler, fiquei bastante impressionada com o fato de o paralítico acreditar que, para ser curado, era necessário que um anjo viesse e agitasse a água do tanque, e então que alguém o ajudasse a ser o primeiro a mergulhar na água.
Isso me fez pensar na diferença entre os símbolos de conceitos espirituais e a Ciência — a compreensão — dos conceitos espirituais. Concluí que o anjo, a água e a necessidade de que o homem entrasse na água antes dos outros eram todos símbolos materiais de ideias espirituais mais elevadas, ou seja, de ideias da Ciência do Cristo, a Verdade.
Nessa Ciência, que é a Ciência Cristã, entendemos que os “…anjos são representantes de Deus (Ciência e Saúde, p. 299). Eles são definidos com: “Pensamentos de Deus que vêm ao homem; intuições espirituais, puras e perfeitas; a inspiração do bem, da pureza e da imortalidade, atuando contra todo o mal, toda a sensualidade e toda a mortalidade” (p. 581).
Considerei então que a água poderia simbolizar a consciência humana coletiva. Em Ciência e Saúde a definição de rio é “canal do pensamento” (p. 593). Eu, pessoalmente, tive muitas provas de que o pensamento modifica nossa experiência de vida. Posso citar alguns exemplos: a expectativa da chegada a um local desejado me dá mais disposição para chegar lá; a tristeza me faz chorar e, quando fico constrangida, enrubesço. Então, pensei: "Não é fato que toda cura ocorre quando a consciência humana (simbolizada pelo tanque de água) é agitada por pensamentos vindos de Deus (simbolizados pelos anjos) — quando a Mente divina, Deus, modifica nosso pensamento a respeito do corpo?"
Esse raciocínio me levou ao aspecto seguinte, relacionado àquilo em que aquele homem acreditava. Ele achava que tinha de ser o primeiro a entrar na água, antes de qualquer outra pessoa. Eu me perguntei: "Que aspectos do meu dia parecem estar competindo pelo primeiro lugar em minhas prioridades, e o que eu não estou priorizando, mas poderia fazer em primeiro lugar?" Percebi que todas as manhãs eu tinha uma rotina fixa de coisas práticas às quais me dedicava, antes de entrar no escritório ou antes de sair para uma caminhada em que eu orava para comungar com Deus. Dei-me conta de que não seria difícil alterar minha rotina e colocar a Deus em primeiro lugar, antes de desempenhar as tarefas humanamente necessárias.
Na manhã seguinte, assim que despertei, antes mesmo de sair da cama, convidei a Deus para agitar meu pensamento. Procurei ouvir o Cristo, a Verdade, a persistente “…mensagem divina de Deus aos homens, a qual fala à consciência humana” (Ciência e Saúde, p. 332), ou seja, os pensamentos de Deus, as diversas mensagens divinas que satisfazem nossas necessidades a todo instante.
Considerei brevemente as ideias lamacentas que haviam sido agitadas em meu pensamento, e deixei que fossem eliminadas. O número delas era maior do que eu esperava! Por exemplo, aquele pensamento de antipatia a respeito de alguém, o senso de sobrecarga em relação às tarefas a serem feitas, e meus próprios planos ou previsões sobre a ordem a ser seguida nas atividades do dia, tudo isso veio à tona e foi eliminado de minha consciência.
Cada pensamento mortal e ruim foi substituído por um pensamento puro, vindo de Deus. Reconheci que Deus é o Espírito perfeito, e que Sua expressão, o homem — termo genérico que inclui não apenas a mim, mas a todo indivíduo que eu encontre ou no qual eu pense durante o dia — é espiritualmente perfeito. Compreendi que Deus é o Amor, e que o homem só pode refletir o Amor. Gostei de ponderar sobre a ordem perfeita que rege o sétimo dia da criação divina, no qual “Deus descansa em ação” (ver Ciência e Saúde, p. 519). Concluí que esse mesmo sétimo dia era aquele dia para o qual eu estava despertando e, por isso, eu poderia descansar na produtiva ação dirigida por Deus. Lembrei-me de que, como filha de Deus, eu reflito Sua divina e completa paternidade e maternidade. Isso me livrou de todo senso de medo e de insuficiência em relação ao dia, pois eu estava ciente de que minha compreensão espiritual a respeito de Deus, da Verdade e do Amor era ilimitada, forte, flexível, compassiva, confortadora e estava sempre progredindo — e que, por reflexo, eu compreendia essa Verdade e esse Amor.
Ao levantar-me para prosseguir com minhas atividades do dia, percebi que meu joelho estava totalmente curado.
Então, será que o homem do tanque Betesda poderia ter sido curado antes mesmo de Cristo Jesus chegar? Talvez ele só precisasse olhar para além dos símbolos físicos nos quais estava focado, e então ver os anjos como pensamentos de Deus, e a água do tanque a ser agitada como o pensamento humano sendo purificado. Dessa forma, ele abandonaria o senso de competição com seu próximo, substituindo esse senso material de necessidade pelo senso espiritual, que sempre coloca a Deus em primeiro lugar.
Todos nós somos tentados, às vezes, a buscar os símbolos da presença de Deus, para que estes atendam às nossas necessidades, em vez de nos volvermos para a Ciência de Deus — o Espírito, o Amor, a Vida — para que ela nos revele o poder de Deus, o bem, que está sempre presente e que nos proporciona tudo o de que precisamos. Mas quando compreendemos que a perfeição de Deus e de Sua criação está sempre presente, é então que nos conscientizamos da cura. Cristo Jesus trouxe essa mais elevada consciência divina ao paralítico ali, na beira do tanque Betesda. E disse ao homem — e eu senti como se ele estivesse dizendo isso para mim também — “Levanta-te, toma o teu leito e anda”. E a cura foi imediata.
Por meio da Ciência do Cristo, os anjos de Deus estão trazendo para cada um de nós essa consciência mais elevada.
