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Original para a Internet

Deus tem um plano para mim?

Da edição de maio de 2024 dO Arauto da Ciência Cristã

Publicado anteriormente como um original para a Internet em 4 de janeiro de 2024.


Talvez você já tenha pensado algo assim: “Deus tem um plano para mim: a escola certa, o emprego certo, uma boa casa, ou o cônjuge certo”. É provável que de tempos em tempos todos já tenhamos pensado dessa forma. No entanto, se pensamos que Deus deve alinhar-Se a nossos desejos, em vez de nós alinharmos nossos pensamentos à vontade de Deus, a confusão está formada. Isso confunde e limita nossa compreensão do que Deus é, e pode impedir nosso crescimento espiritual.

Recentemente, pensei em Moisés tentando imaginar como conduzir o povo hebreu para fora do Egito, rumo à Terra Prometida. Moisés não tem certeza de que o povo o seguirá, mas acredita que seguirá a Deus — o único Deus verdadeiro. Moisés então pergunta a Deus o que ele deve dizer ao povo, para provar que Deus é de fato o Deus verdadeiro, o Deus de seus pais. “Disse Deus a Moisés: Eu Sou o Que Sou. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: Eu Sou me enviou a vós outros” (Êxodo 3:14).

Esse é um nome incomum, no entanto, inclui o profundo reconhecimento de que não podemos definir o infinito a partir do finito. Considerando o que estava em questão naquele momento, a situação é surpreendente. Moisés parece estar em busca de palavras que possam unir o povo e inspirá-lo à ação, para que aceite um plano de libertação, tanto física quanto mental, que exigirá coragem, força, fé, confiança e mais determinação do que provavelmente jamais imaginaram que tivessem. Também será necessário aprender a pensar espiritualmente — esforço esse que certamente porá o povo hebreu à prova e ao mesmo tempo o transformará.

O que me deixa maravilhado é que o discernimento que Moisés teve de Deus como o grande Eu Sou manteve em base espiritual o êxodo rumo à liberdade. Moisés auxiliou seu povo, e gerações vindouras, a compreender que Deus, o Espírito divino, não pode ser circunscrito. Ele não é um Deus finito que supervisiona uma situação humana, mas é o Princípio divino, o Amor, que revela a harmonia, a abundância e a ordem que existem como lei divina. Portanto, podemos e devemos alinhar nossos pensamentos com Ele.

Essa profunda lição espiritual ainda exigiria crescimento por parte dos filhos de Israel. Sua jornada, porém, trouxe muitas lições que comprovam que o bem é eterno e espiritual, não é incerto, nem material.

Mary Baker Eddy, a Descobridora da Ciência Cristã e fundadora desta revista, escreve: “O conceito de que Deus seja uma pessoa tem como base premissas finitas, nas quais o pensamento começa de maneira errada a captar o infinito, a própria qualidade e quantidade do bem eterno. Esse senso limitado, do bem que é Deus, limita o bem no pensamento humano e na ação humana e lhes impõe desde o começo grilhões mortais” (A ideia que os homens têm de Deus, p. 3).

Se Moisés tivesse perpetuado o conceito de um Deus como pessoa finita, o povo poderia não ter superado as premissas finitas com as quais lutava e das quais finalmente se libertou.

Essa premissa finita de um Deus pessoal nada mais é do que o resultado de um pensamento limitado tentando compreender a Deus, o Espírito, e o bem, a partir das restrições da matéria. Às vezes essa premissa finita se manifesta como a crença de que Deus tenha um plano para nossos assuntos pessoais, ou intervenha em questões temporais, como encontrar o que consideramos ser a moradia perfeita ou o cônjuge perfeito.

Podemos nos sentir confortados e apoiados pelo fato de Deus ser nosso Pai-Mãe, que cuida perfeitamente de nós e satisfaz nossas necessidades humanas. Podemos crescer em compreensão espiritual para perceber que, em vez de pedir que mais coisas boas aconteçam em nossa vida, nossas orações devem expressar o desejo sincero por mais receptividade à omnipotência do bem e à sua eterna presença em nossa vida. A oração não pode trazer a Deus para mais perto de nós, porque nós somos eternamente um com Ele, mas pode fazer que nos sintamos mais próximos dEle. A oração alinha nosso pensamento com os fatos espirituais que já estão estabelecidos.

O que me ajudou foi pensar que, na Ciência Cristã, a cura física não consiste em consertar um corpo doente ou lesionado, mas sim, consiste em adquirir um senso mais profundo do fato de que Deus é Tudo-em-tudo. O corpo se ajustará a um estado normal de saúde como resultado da mudança no pensamento, de uma base material para uma base espiritual. De igual modo, a casa certa, o relacionamento certo, e assim por diante, se manifestam porque, apoiados na oração, compreendemos melhor a harmonia do existir — o bem que é contínuo e perfeito. Podemos sentir o efeito dessa compreensão mais ampla, e então reconheceremos que a casa ou o relacionamento atendem perfeitamente às nossas necessidades — é a consciência humana que cede à luz do Espírito divino, e não que Deus esteja consciente da situação perfeita para nós, e mexa nas coisas para atender nossas necessidades.

Cristo Jesus pôs em prática a compreensão espiritual que ele tinha de Deus, elevando muitas pessoas à sua volta a um senso mais pleno de bem ilimitado, e libertou e transformou para melhor os pensamentos e a vida delas. Ele ensinou e praticou uma compreensão espiritual de Deus que não podia ser definida pela matéria nem por doutrinas.

Na segunda epístola aos Coríntios, o apóstolo Paulo diz: “As armas da nossa milícia” são “poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (10:4, 5). Gosto dessa imagem de conduzir nosso pensamento e compreensão à obediência de Cristo.

No meu entender, conduzir cada pensamento à obediência do Cristo significa seguir o exemplo de Jesus, não permitindo que um conceito mortal e material de Deus invada minha percepção e meu senso de conexão com o ilimitado e infinito Deus, o bem. No entanto, disciplinar o pensamento não depende apenas de nós. Há uma influência divina em ação — o Cristo — que alcança os corações receptivos e espiritualiza a compreensão desse bem infinito. É a mesma influência divina que moveu o pensamento de Moisés e o conduziu à obediência do que é certo e verdadeiro.

Um coração humilde e receptivo é natural e inato a todos nós, e é fundamental para nos conduzir na direção certa. No entanto, pensar que Deus age em nós como seres humanos, alterando materialmente os fatos, é não compreender a Deus e Sua lei, que são inteiramente espirituais.

Acaso Deus transforma um joelho lesionado em um joelho restaurado? Não. O Espírito e suas ideias nunca são materiais, nunca lhes falta nada — nunca são menos do que Deus perfeito e Sua perfeita expressão. A cura reflete o grau em que esse fato desponta no pensamento e transforma a percepção que temos da matéria e suas limitações, levando-nos ao Espírito e suas ideias ilimitadas.

Pedir a Deus que transforme matéria ruim em matéria boa, ou uma situação ruim em uma situação melhor, perpetua a crença equivocada de que sejamos materiais e que precisemos de esforço para nos tornar espirituais. Perpetua a crença de que estejamos separados de Deus, o bem, e que nossas orações, nosso bom comportamento e nossa fé sejam os meios pelos quais Deus decidirá se vai nos ajudar. 

Não é difícil perceber como essa crença retarda nosso crescimento espiritual. A Sra. Eddy escreve em sua obra principal, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “O mero hábito de suplicar à Mente divina, assim como se suplica a um ser humano, perpetua a crença de que Deus seja circunscrito às condições humanas — erro esse que impede o crescimento espiritual” (p. 2).

Acreditar que Deus conhece e ajusta nossa situação — em vez de nós conhecermos melhor a Deus — acreditar que Ele nos coloca em um determinado lugar e guia nossos assuntos pessoais — pode parecer uma maneira mais fácil de aceitar a presença de Deus e o bem em nossa vida. Pode também ser uma forma de sentir segurança e fé em algo acima de nossas próprias decisões, de nossas escolhas e da crença no destino. Mas à medida que alcançamos um senso mais nítido do que é Deus, o Espírito, e do que a inteligência divina faz, passamos a desfrutar de um senso mais claro de bem-estar, segurança e liberdade, apoiados na compreensão de que Deus é de fato ilimitado.

Assim como aconteceu com Moisés, a verdadeira ideia de Deus — o Cristo — está falando com cada um de nós de uma forma que nos fará avançar e nos ajudará a conhecer o Amor divino e a pôr em prática a orientação do Amor. O que se manifesta em nossa vida como resultado de nossa oração e receptividade ao bem é governado por Deus, o Princípio perfeito de todo o bem.

Atualmente, quando sinto gratidão pela forma como determinado assunto teve uma conclusão harmoniosa, a gratidão mais profunda é por vislumbrar mais amplamente a infinita ordem e plenitude de Deus.

À medida que nossa compreensão de Deus e de Sua ação se torna menos material, nossa receptividade e desejo de adorar o Pai em Espírito nos proporcionará oportunidades para expandir nosso senso do infinito e usufruir de uma liberdade mais ampla.

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