Recentemente, uma amiga me contou que havia passado a se oferecer para orar pelas pessoas de sua comunidade, quando elas mencionavam que estavam tendo algum problema. Podia ser qualquer coisa: dor nas costas, dificuldades com alguma viagem, o que quer que fosse. Para ela, isso não era uma atitude impensada, mas uma escuta ativa e uma disposição para seguir a orientação de Deus. Ela passava os dias buscando conhecer mais a Deus, fazer a vontade de Deus e abandonar qualquer conceito que não estivesse arraigado em Deus. Ela achava que tinha nisso mais êxito em alguns momentos do que em outros. E, como acontece com todos nós, quanto mais se sentia inspirada e elevada pelo que aprendia diariamente sobre o bem divino, mais tinha ideias para compartilhar com as pessoas.
Foi com base nisso — e não por achar que sabia tudo a respeito da cura na Ciência Cristã, ou que tinha resolvido todos os próprios problemas — que ela se ofereceu para orar para o alfaiate que se queixou de uma doença, enquanto fazia a bainha de seu vestido, e orar para outros pais e mães do grupo de futebol, os quais falavam de seus problemas, enquanto assistiam aos treinos dos filhos.
Certo dia, após ter se oferecido para orar pelo pai de uma das crianças do futebol, outro que ouviu a conversa aproximou-se e disse: “Você deveria aceitar a oferta. Ela é boa na oração!” Minha amiga nem se lembrava de já ter se oferecido para orar pela pessoa que disse aquilo. Mas a notícia tinha se espalhado.
Quando estamos dispostos a usar o que temos — mesmo que de maneira modesta — e damos nosso consentimento para sermos guiados sobre “como fazer”, começam a surgir as oportunidades que perfeitamente se enquadram naquilo que nos sentimos capacitados a oferecer. Isso pode significar expressar corajosamente ideias profundas em determinado momento, ou apenas uma migalha de conforto em outro, ou mesmo uma simples oração silenciosa. Desde que sigamos a orientação de Deus, o efeito é o bem.
Jesus deixou claro que estar disposto a usar tudo o que temos a oferecer — não importa quão pequeno possa parecer — trará muito mais resultados do que imaginamos. Isso é muito encorajador, em uma época em que muitos se preocupam com o declínio mundial no número de adeptos do Cristianismo, inclusive no de frequentadores da Igreja de Cristo, Cientista. No entanto, Jesus ensinou e provou que existe uma maneira básica de promover o Cristianismo genuíno. Ele falou em deixar nossa luz brilhar (ver Mateus 5:14–16) e usar o talento que nos foi dado. E indicou que não podemos esconder nossa luz, nem deixar de usar nosso talento, pois se não, o bem que temos se perderá.
Em uma de suas parábolas, Jesus falou sobre um homem que confiou seu dinheiro (chamado de talento) a três de seus servos (ver Mateus 25:14–29). Um deles recebeu um talento, outro, dois, e um terceiro, cinco. Os servos que receberam dois e cinco talentos trabalharam com eles e conseguiram dobrar a quantia. O servo que recebeu um talento, com medo, acabou enterrando-o. Depois de um tempo, o homem voltou e perguntou-lhes o que haviam feito com o dinheiro. Ele elogiou aqueles que usaram os talentos e aumentaram a quantia por meio dos próprios esforços. Mas daquele que enterrou o talento, ele exigiu o dinheiro de volta. Isso me lembra de um dito popular: “Use-o ou perca-o”.
Você tem ideia de quanto vale um talento? Sempre visualizei-o como uma moeda — talvez uma moeda valiosa, valendo algo como 100 ou talvez 1.000 dólares. O que descobri é que muitos eruditos acreditam que um talento valia 6.000 denários, e um denário era o que um trabalhador médio ganhava em um dia (veja James Hastings, Frederick C. Grant, and H. H. Rowley, Dictionary of the Bible [Dicionário da Bíblia], p. 673). A semana de trabalho dos judeus era de seis dias, o que significa que eles ganhariam seis denários por semana e, portanto, levariam 1.000 semanas — quase 20 anos — para ganhar um talento.
O público de Jesus devia saber o valor do talento, assim como devia saber a altura que uma árvore atingiria a partir de um grão de mostarda, quando ele comparou o reino dos céus a uma semente tão pequena com capacidade de crescer e abençoar outros (ver Mateus 13:31, 32). Mas talvez, hoje, o valor surpreendente de um talento possa ajudar-nos a lembrar que o que temos para oferecer por meio de nossa compreensão da Ciência Cristã vale muito mais do que, às vezes, somos tentados a acreditar.
O fato de que perdemos o que não usamos não é uma ameaça. É uma explicação que mostra como o medo e a falta de compreensão poderiam reduzir nossa capacidade de sermos úteis. Também é um lembrete do grande fato espiritual de que essa redução não ocorrerá, se usarmos tudo aquilo que temos ao nosso alcance. Jesus disse que o reino de Deus está dentro de nós! Já está dentro de você. Nós somos a expressão de tudo o que Deus é, nem mais nem menos. Não temos uma identidade que seja separada de Deus. E a Ciência Cristã nos ajuda a compreender isso e a ver e vivenciar isso ainda mais. Usar nosso talento significa pegar tudo aquilo que já conhecemos e descobrimos a respeito do bem de Deus e deixar que isso guie nossos pensamentos e ações, inclusive nas relações com os outros.
Nem sempre é fácil. Não é nada divertido quando nossos esforços para abençoar os outros são recebidos com ceticismo, com o cenho franzido ou até mesmo com total rejeição. Jesus disse que aqueles que o seguissem seriam perseguidos devido à maneira com que deixassem sua luz brilhar frente aos outros. Mas doar-se sem medo e com muito amor significa estar mais preocupado com o que Deus está mandando, do que com estar humanamente à vontade ou ser sempre aceito. Muitas vezes significa se destacar.
A mesma amiga que mencionei anteriormente também me contou sobre a vez em que outro pai a ridicularizou, porque ela dissera que sua família ia à igreja e que essa atividade tinha prioridade, aos domingos. Certa vez ele até mesmo tentou convencer o filho dela de que se divertiriam muito mais indo ao jogo de futebol que fora marcado para uma manhã de domingo, do que indo à igreja. Ela orou a respeito dessa situação e continuou a ver esse pai através das lentes daquilo que ela estava espiritualmente aprendendo a cada dia: que todos nós somos naturalmente receptivos ao bem, porque é assim que Deus criou a todos nós.
Em determinado momento, esse pai deu sinais de que havia mudado de opinião. Ele mencionou que valorizava a educação espiritual que o filho de minha amiga estava recebendo e falou a respeito da própria experiência religiosa. E expressou seu desejo de encontrar uma Escola Dominical para seu filho frequentar. (Aliás, em diversas ocasiões, pais na escola, nos escoteiros, no futebol e em outras atividades sugeriram que gostariam que seus filhos visitassem a Escola Dominical da Ciência Cristã com a família dela.)
Agora considere isto: quem tem maior probabilidade de aceitar um convite para um culto na igreja da Ciência Cristã ou para a próxima conferência sobre a Ciência Cristã em sua comunidade? A pessoa que conhece alguém como minha amiga e vê um pouco da Ciência Cristã vivenciada no dia a dia? Ou a pessoa que tem acesso à melhor divulgação e fica sabendo que haverá uma conferência no mais novo e melhor local de eventos da cidade — mas que talvez nunca tenha testemunhado nada a respeito da prática da Ciência Cristã? Acredito que sua conclusão seja a mesma que a minha. É a pessoa que vê um Cientista Cristão usando normalmente seu talento.
Estar disposto a se destacar, a ser visto como diferente, não tem nada a ver com vontade humana ou ousadia forçada. Tem a ver com mansidão: ouvir a Deus e Sua orientação. O ego humano diz “eu posso” ou “não consigo”, com base em um senso de capacidade gerada pelo próprio ego. Mas nenhuma das duas afirmações é correta. A mansidão começa com o conceito de: “Não o que eu sou, Deus, mas o que Tu és”. Raciocinar dessa maneira permite-nos ser verdadeiramente ousados, porque está fundamentado na Verdade e no Amor puros e universais — aquilo que é verdadeiro para todos. Quando edificamos sobre a Verdade e deixamos que Deus nos guie, temos um senso natural do que é certo, possível e eficaz.
Temos um profundo senso de alegria e renovação, quando usamos nosso talento! Quando nosso coração disposto sente o amor de Deus transbordando em diversas áreas da vida diária, onde antes talvez não houvesse esse amor, percebemos mais claramente que o reino dos céus realmente está próximo, e que “as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Coríntios 5:17).
Todos estão incluídos no reino de Deus. Não importa quem sejam. Talvez pareçam distantes ou até mesmo nem demonstrem interesse pelo bem divino. Todos verão o bem divino por si mesmos, em algum momento. Podemos perceber esse bem muito mais, quando concordamos com ele, procuramos por ele e deixamos que Deus nos oriente sobre como contribuir para dar provas dele.
Uma maneira específica que Jesus mencionou sobre deixar nossa luz brilhar está em João (ver 13:34, 35). “Que vos ameis uns aos outros”, disse Jesus para seus discípulos. É claro que devemos ser o mais amorosos possível com todos, mas essa foi uma ordem muito específica. Ele estava falando sobre amar a comunidade da igreja que temos diante de nós.
O amor do Cristo é mais do que simplesmente bondade ou polidez humana. Amar uns aos outros como o Cristo ama inclui a disposição de amar a criação de Deus tanto quanto amamos o Criador. Inclui reconhecer que Deus criou tudo o que foi criado e que, portanto, toda a verdadeira vida e inteligência são expressões do bem divino. Requer que, assim como não temos outros deuses, vejamos que o próximo não tem outro poder ou identidade que não provenha do único Criador.
Usar o talento específico de amar os membros da igreja, é imensamente valioso no momento em que aumentam as divisões nas comunidades ao redor do mundo. O retorno do investimento de nosso talento nessa maneira de pensar é algo garantido, como Jesus deixou claro, ao afirmar que amar uns aos outros seria percebido pela comunidade e identificaria os verdadeiros seguidores de Cristo.
Existem hoje seguidores de Cristo como havia há dois mil anos. Muitas pessoas estão famintas por esse conhecimento, mesmo que não se deem conta dessa fome — mesmo que pensem ter rejeitado a espiritualidade ou a religião. As pessoas anseiam por esperança, estabilidade, força, plenitude, pela capacidade de provar o poder do bem, por ter um senso mais amplo da vida.
Seja através do trabalho de cura na comunidade, seja pelo profundo amor do Cristo uns pelos outros, usar nosso talento é deixar nossa luz brilhar de uma maneira que se destaca como nenhuma outra, em meio ao materialismo e às trevas. Você e seu talento, a luz divina que você reflete, são muito importantes.
Obrigado por tudo que você está fazendo e por todas as maneiras com que deixa sua luz brilhar! Os membros do Quadro de Conferencistas gostam muito de dar testemunho da luz que você difunde.
Tom McElroy
Gerente, Quadro de Conferencistas da Ciência Cristã
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