Ao ouvir os noticiários, é provável que fiquemos consternados com a quantidade de problemas no mundo: guerras, condições climáticas extremas, problemas de refugiados e conflitos políticos. Para quem se preocupa com as questões mundiais, o desejo de ajudar a humanidade pode parecer um desafio enorme. Mesmo querendo ajudar, os problemas parecem demasiado grandes para que uma pessoa faça alguma diferença.
A Ciência Cristã, no entanto, aponta o caminho para fazermos, de fato, alguma diferença. Sua Descobridora, Mary Baker Eddy, enfrentou sérios e inúmeros desafios e provou que a oração é uma solução muito eficaz para problemas de todos os tipos, pequenos e grandes. Ela se dedicou incansavelmente a compartilhar a Ciência do Cristianismo com o mundo, sabendo que esse método de cura, fundado nos ensinamentos e no exemplo de Cristo Jesus, é o caminho para resolver todo tipo de dificuldade que a humanidade enfrenta.
Em Pulpit and Press [Púlpito e Imprensa] a Sra. Eddy amorosamente nos encoraja com trechos de um poema de William Cutter:
“E se a chuvinha dissesse:
‘Uma gota tão pequena como eu
nunca poderá refrescar a terra sedenta,
então, ficarei no céu’.”
Mais adiante, ela diz: “Uma gota de orvalho reflete o sol. Cada um dos pequeninos de Cristo reflete o infinito Um e Uno e, portanto, é verdadeira a declaração do profeta moderno, de que ‘um com Deus é maioria’ ” (p. 4).
Certa manhã, ao ponderar sobre os acontecimentos da atualidade, de repente percebi a importância de lembrar que, em nossos esforços para ajudar, não estamos meramente tentando ser bons. Na verdade, já somos bons, porque Deus nos fez assim. Sabendo que Deus é bom e ama Sua criação, podemos ter a certeza de que Ele nos abriu um caminho para resolver todo tipo de problema que estejamos enfrentando. Precisamos permitir que todo pensamento e ação nossos sejam governados pelo fato de que Deus nos impele a sermos Seu reflexo perfeito. Podemos confiar em que Deus cuida de cada detalhe de Seu universo. E na medida em que estivermos dispostos a confiar totalmente em Deus, veremos a realidade que está por trás da miragem do caos material, veremos a ordem e a harmonia que Deus criou e mantém.
O fato, de que o homem é a expressão do bem, tem de servir de base para considerarmos a nós mesmos e os outros. Quando nossa percepção sobre cada pessoa com quem interagimos parte da perspectiva de que ela já é, sempre foi, e sempre será a filha perfeita de Deus, seremos capazes de ver a perfeição por trás da falsa aparência de personalidade humana falível. Quando nosso pensamento reflete o fato espiritual do bem divino sempre presente, essa consciência elevada não pode deixar de elevar todo pensamento receptivo com que nos deparamos.
Da mesma forma, podemos ver a irrealidade do pecado, da doença ou da deficiência, por mais arraigados que pareçam ser, simplesmente porque não expressam a verdade sobre o filho de Deus. No mundo real da criação de Deus, do Espírito, não há espaço para a existência do mal. Visto que Deus é o Amor e é a única fonte de tudo o que existe, não há lugar onde o amor não esteja. Tampouco pode uma ideia, ou expressão divina, estar acima de outra. Todos estão sob o governo do Princípio divino e, na realidade, são a expressão da lei e possuem suprimento ilimitado. Não há atrito entre as ideias divinas, e ninguém pode ser participante de um conflito que não ocorre no reino de Deus.
Temos a responsabilidade de, a todo momento, corrigir nosso próprio pensamento para aceitar o que Deus já sabe e conhece sobre nós e o mundo — a perfeição. Uma criação perfeita não precisa de ajuste! No entanto, às vezes pode ser necessário um grande esforço para elevar nosso olhar acima das dificuldades que parecem nos hipnotizar. Esse esforço não significa ignorar o sofrimento do próximo, mas por meio da oração podemos tirar a nós e aos outros do sofrimento, como Jesus ensinou que poderíamos fazer. Ele disse: “Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai” (João 14:12).
O que é que parece nos impedir de ver a nós e ao próximo com mais clareza, como expressões da Mente divina, retas e totalmente harmoniosas? O conceito errado que obscureceria nossa percepção da realidade espiritual é chamado na Ciência Cristã de magnetismo animal — a crença hipnótica da existência mortal. Mas se estivermos atentos às sugestões hipnóticas que a chamada mente carnal apresenta, é menos provável que caiamos na armadilha.
É muito importante nos mantermos vigilantes, para evitar que o mal se instale em nosso pensamento e em nossa vida — tanto na nossa como na dos outros. Em vez de nos fixar no problema, por mais difícil que pareça, devemos começar com Deus e afirmar que Ele criou todos os Seus filhos, Suas ideias, bons e incapazes de odiar ou de serem mesmerizados. Quando temos clareza nessa compreensão, o que for diferente de Deus logo se destaca e é detectado. Podemos confiar em que Deus nos mostrará quais pensamentos precisam ser ajustados, para que fiquem de acordo com a realidade espiritual, e quais passos humanos talvez precisem ser dados.
Há alguns anos, tive uma pequena experiência que me deu a oportunidade de colocar essas ideias em prática. Na época, eu era Primeiro Leitor em uma filial da Igreja de Cristo, Cientista, e um membro da igreja dava a impressão de me considerar responsável por uma decisão da qual ele discordava profundamente. Com frequência, ele mencionava o assunto quando nos encontrávamos, e eu gentilmente tentava minimizar o confronto, afirmando que aquela havia sido uma decisão da igreja, não minha pessoal, e que poderia ser discutida novamente em uma futura assembleia de membros.
No entanto, certo dia depois de o assunto ter sido novamente debatido, fiquei frustrado e, ao sair da igreja, encontrei a pessoa parada em frente a meu carro, impedindo que eu saísse do estacionamento. Em um lampejo, um trecho de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras me veio à mente: “O homem é incapaz de pecar, adoecer e morrer. O homem real não pode se apartar da santidade, nem pode Deus, de quem o homem provém, engendrar a capacidade ou a liberdade para pecar” (Mary Baker Eddy, p. 475).
Naquele instante, meu coração encheu-se de amor por esse querido membro da igreja, e de imediato ele saiu do caminho. A partir daí, ele se tornou uma pessoa completamente diferente, bastante agradável e nunca mais tocou no assunto.
Cada um de nós provavelmente lembra de situações difíceis em que fomos chamados a expressar o espírito do Amor divino, como Jesus fez. E, na medida em que nos elevarmos acima da tentação de acreditar nas afirmações do magnetismo animal, reconhecendo a realidade sempre presente do reino dos céus, onde reina a harmonia, estaremos dando nossa colaboração para que o mundo supere o flagelo do ódio e da violência. Dessa forma, veremos concretizada a verdade expressa na Oração do Senhor, que a vontade de Deus seja feita “assim na terra como no céu”.
Ao orarmos para alcançar essa verdadeira percepção da coexistência harmoniosa, podemos ter a certeza de que nossos esforços darão frutos em nossa vida pessoal e, em última análise, ajudarão a levedar o pensamento de toda a humanidade. A Sra. Eddy descreve assim esse passo de progresso, no livro-texto da Ciência Cristã: “A Verdade eterna está modificando o universo. À medida que os mortais se desfazem das fraldas mentais, o pensamento se expande e ganha expressão. ‘Haja luz’ é a exigência perpétua da Verdade e do Amor, que converte o caos em ordem e a desarmonia, em música das esferas” (Ciência e Saúde, p. 255).