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Original para a Internet

Sentir a misericórdia de Deus

DO Arauto da Ciência Cristã. Publicado on-line – 9 de maio de 2024


Houve um tempo em que eu pensava estar completamente à mercê de meu corpo. Eu tivera um aborto, sentia muita dor e uma devastadora sensação de perda. Essa experiência, no entanto, foi decisiva para ampliar minha compreensão de Deus.

Alguns meses antes do aborto, a palavra misericórdia com frequência me chamara a atenção, em meu estudo da Bíblia. Eu estava lendo a Bíblia atentamente, com o coração aberto, ponderando as palavras, versículos e histórias que, para mim, se sobressaíam, comparando-as com pensamentos e motivos em minha vida. Quando percebia alguma diferença entre o que a Bíblia diz sobre Deus como a fonte de todo o bem e conceitos meus contrários a essa compreensão espiritual, eu sabia que esses conceitos precisavam ser mudados. Passei a prestar atenção às referências à misericórdia de Deus.

Percebi quão pouco eu sabia sobre o que os pensadores espirituais da Bíblia haviam aprendido sobre a misericórdia de Deus. Neste salmo, por exemplo: “Lembra-te, Senhor, das tuas misericórdias e das tuas bondades, que são desde a eternidade” (Salmos 25:6). As misericórdias de Deus são ternas e sempre estiveram à mão. Se compararmos essa compreensão sobre Deus com a primeira frase da oração que Cristo Jesus deu a seus seguidores: “…Pai nosso que estás nos céus…” (Mateus 6:9), fica claro que Deus, o Amor divino — nosso Pai divino e fonte de todo o amor — cuida de nós como Seus filhos, com ternura, não importa o que aconteça.

O seguinte versículo de Lamentações também me mostrou o quanto podemos confiar no cuidado de Deus: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim…” (3:22). Eu já havia comprovado essa verdade em curas anteriores, entre elas a cura de solidão e depressão. As misericórdias de Deus e Sua compaixão impedem que sejamos consumidos pelas trevas, pelo medo e — no caso do aborto que tivera — pela dor e desolação.

Então, quando veio a sugestão de que eu estava à mercê do corpo, resolvi ir mais a fundo em minha compreensão, pois esse pensamento se opunha totalmente ao que eu havia aprendido na Bíblia e ao que havia constatado em minha experiência a respeito da terna, infalível e duradoura compaixão de Deus. Naquele momento de revelação, o amor de Deus por mim foi muito mais real do que a dor física. De repente, ao ler aqueles versículos, fiquei consciente do amor que tomara conta de mim. Esta afirmação invadiu meu coração: “Eu estou à mercê apenas do Deus todo-amoroso e todo-poderoso, que cuida de mim e nunca causaria a dor. Meu corpo não tem poder para conceder ou reter a misericórdia”. A dor rapidamente cedeu.

Essa lição sobre a misericórdia de Deus não terminou aí. Eu continuava a lutar com a devastadora sensação de perda. Algumas perguntas me atormentavam: “O que fiz de errado?” “O que fiz para merecer isso?” Certa noite, aos prantos, incapaz de sentir o cuidado de Deus por mim, liguei para uma praticista da Ciência Cristã, uma pessoa que se dedica a ajudar os outros por meio da oração. O amor que ela expressou imediatamente me envolveu. Ela reiterou o quanto Deus me ama e compartilhou outras ideias reconfortantes: Deus não havia me punido com um aborto. Não é assim que Deus atua. Não sou pecadora. Sou a filha radiante de Deus — a filha da luz e da Vida divina, não das trevas nem da perda.

Essas ideias trouxeram à tona uma área de meu pensamento que precisava de mudança. Sem perceber, eu havia aceitado a crença de que todos deveriam se esforçar para merecer o cuidado e o carinho de Deus. Quando as coisas não davam certo ou saíam do prumo, eu acreditava que a pessoa havia feito algo errado, portanto, não merecia o cuidado e a proteção de Deus. Eu não apenas me via dessa forma, mas também a todo momento julgava as falhas dos outros. No centro desse raciocínio, porém, estava uma percepção material de identidade, não a compreensão que Jesus tinha de nossa verdadeira identidade espiritual, que se origina em Deus.

Foi outra oportunidade de eu aprender mais sobre a misericórdia de Deus. Mary Baker Eddy, uma dedicada estudiosa da Bíblia, escreveu em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “A justiça requer a reforma do pecador. A misericórdia cancela a dívida somente quando a justiça concede aprovação” (p. 22). A reforma é fundamental para recebermos a misericórdia sempre presente de Deus. Dei-me conta de meu enorme equívoco ao julgar os outros e a mim mesma.

Comecei a prestar atenção na bondade e na graça que resplandeciam na vida das pessoas. Toda vez que eu percebia deficiências em alguém, eu mudava o foco do pensamento e procurava ver sua verdadeira natureza divina nas qualidades espirituais que a pessoa expressava, tais como sabedoria, inteligência, bondade ou bom humor. Pouco a pouco, a prática gradual dessa disciplina mental reformou meu pensamento. A tristeza se dissolveu. O sentimento de pesar, por não ter levado a gravidez até o fim, desapareceu.

Durante esse período de transformação, também superei a noção de que Deus causara o aborto devido a algo errado que eu havia feito — talvez eu estivesse obcecada com a vontade de ter um bebê ou tivesse algum outro pecado latente ainda não superado. Nessa experiência, aprendi que a justiça do Amor divino não se manifesta por meio da dor ou da perda. Isso seria a antítese de tudo o que eu aprendera sobre o amor de Deus por todos nós.

Em vez de punição, a justiça de Deus se manifestou por meio de Seu amor, que me indicou como mudar a forma de pensar a meu próprio respeito e a respeito dos outros. Isso me permitiu seguir em frente, livre de julgamentos equivocados e mais receptiva à Sua orientação. Encontrei uma paz mais duradoura. E essa recém-adquirida paz levou-me a seguir a clara intuição de, nos anos seguintes, fazer uma pós-graduação, o que ampliou as possibilidades de eu ser útil aos outros.

Alguns anos mais tarde, quando meu marido e eu soubemos que eu estava grávida, a experiência não foi atormentada pelo medo de um aborto. Estávamos ancorados em uma sólida base espiritual, especialmente nas semanas iniciais. Sabíamos que nosso bebê e nossa alegria estavam totalmente apoiados em Deus, e não à mercê de meu corpo ou de uma série de processos físicos potencialmente falhos. Não estávamos à mercê de nada nem de ninguém. Somente o poder de Deus estava em ação. Esse fato espiritual continua a nos orientar na educação de nossa filhinha.

Ninguém está à mercê da dor, do pecado, da doença ou da morte. Somos todos governados pelas ternas misericórdias de Deus, ao longo de todas as gerações e em todas as nações. A amorosa justiça de Deus, a reforma e a compreensão espiritual que Ele proporciona nos renovam, nos restauram e nos impulsionam para a frente. 

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