Um menino de três anos estava experimentando seu primeiro passeio de barco a vela. Impressionado pela extensão das águas, ia assediando a mãe com perguntas:
— A água está além da minha cabeça?
— Sim — respondeu-lhe a mãe.
— Está além da cabeça de meu irmão? Está além da sua cabeça? Está além da cabeça do papai?
Recebendo resposta afirmativa a tôdas essas perguntas, éle pensou por um momento e então disse, com absoluta segurança: “Mas não está além de Deus!”
Que ilustração do pensamento do Mestre, quando dizia que o louvor de Deus virá ocasionalmente “da bôca de pequeninos e crianças de peito”! (Mateus 21:16)
Alguns meses mais tarde, um Cientista Cristão que ouvira essa conversa achava-se em situação tão alarmante e complicada que não tinha esperança de encontrar-lhe a solução, e estava a dizer, literalmente: “Isto se acha além das minhas fôrças! Está completamente além da minha compreensão!” Então veio-lhe à lembrança a voz clara, calma e confiante da criança: “Mas não está além de Deus.” Com renovada esperança voltou-se às verdades da Ciência Cristã, que nunca o havia desapontado. Por certo que não há problema demasiado grande nem situação demasiado complicada para desafiar a solução, quando vistos sob a luz da Verdade. Ao voltar-se de todo para Deus em busca de orientação, foi recompensado com a sequinte revelação:
Primeiro: “A Alma tem recursos infinitos para abençoar a humanidade, e a felicidade seria alcançada mais fàcilmente e estaria mais segura em nosso poder se a buscássemos na Alma.” (Ciência e Saúde, p. 60) Por serem infinitos, os recursos da Alma, Deus, são imensos, não têm limites, estão sempre presentes, sempre ao nosso alcance. Na verdade, o homem herdou o reino de Deus. “Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu” (Lucas 15:31). Porque são de Deus, os recursos têm de ser necessàriamente belos, harmoniosos, maravilhosos e bons. Porque Deus abençoa o homem com Sua munificência espiritual, êste está dotado de bem-estar, é rico no ilimitado bem da Alma.
Segundo: A Mente divina, a inteligência que tudo conhece, sabe quais os recursos que melhor suprem as necessidades de cada indivíduo. “Vosso pai celeste sabe que necessitais de tôdas estas coisas”Tradução da versão inglêsa da Bíblia. (Mateus 6:32). Quão longe está o planejar humano de corresponder ao da inteligência que tudo conhece! Com sabedoria perfeita Deus, a Mente, emprega Seus recursos em benefício do homem; portanto, para aquêle que compreende isso, tôda avenida está livre, todo desejo correto é satisfeito, tôda necessidade é suprida.
Quão importante é que nos apoiemos inteiramente nas decisões de nosso Pai celeste quanto ao que mais nos convém! Não deve a humanidade resolver, decidir, planejar ou delinear planos obstinadamente; nem pode existir a mais leve restrição mental numa disposição completa de aceitar com alegria e contentamento puro aquilo que Deus quer. De fato, a humanidade tem de aprender a orar humildemente: “Não se faça a minha vontade, e, sim, a tua” (Lucas 22:42). Com que absoluta segurança, liberdade e confiança podemos enfrentar o futuro, sabendo que pela Ciência podemos provar que Deus está cuidando de nós em tôdas as nossas experiências!
Terceiro: “O Amor nos inspira o caminho, ilumina-o, no-lo designa e nêle nos guia” (Ciência e Saúde, p. 454). Não se trata de Deus conhecer tôdas as respostas e de nós estarmos nas trevas; pois, aos que se voltam para a Ciência, esta revela a sabedoria de Deus corporificada no homem. Porque coexiste com Deus, a Mente que conhece tôdas as coisas, o homem compreende o propósito de Deus e está sempre cônscio dêle. Além do mais, por existir apenas uma Mente, ou Deus, a qual o homen reflete, segue-se que o indivíduo que aceita e demonstra essa verdade não pode deixar de estar cônscio da orientação gloriosa do Pai em tôdas as novas etapas de progresso. Quão gratos devemos ser pelo fato de, apesar do que diga o sentido humano, estar o plano universal de Deus eternamente em vigor! Não há excusas para o desânimo, pois assim como os recursos de Deus são infinitos, certamente o caminho é iluminado de um modo perfeito. Quando buscamos a orientação de Deus e o reconhecimento de Sua onisciência, cada fase de nossa experiência se desenvolve e é dada a conhecer no momento certo e sob circunstâncias adequadas. Como podemos saber o que é, e o que não é a vontade de Deus? Neste discernimento reside a beleza da inspiração, iluminação e designação que provém do Amor! Quando se nos revela a vontade de Deus, o caminho fica tão claro, tão certo, que não sòmente nos asseguramos dêle, mas também somos conduzidos, impelidos, compelidos a tomá-lo.
Quarto: A lei do Princípio divino estabelece a ordem de tôdas as coisas e opera constantemente para manter a perfeição do universo de Deus, e não há nenhum outro poder ou presença para alterá-la sequer um pouquinho! Êsse ponto é de importância vital. Exclui a possibilidade de existir qualquer êrro para obstruir a operação da lei de Deus. Referindo-se a êsse poder onipotente, diz Mrs. Eddy, em Miscellaneous Writings (Escritos Diversos), p. 174: “Abramos nossos corações ao Princípio que a tudo move em harmonia, desde a queda de um pardal até a revolução de um mundo.”
Não pode haver ocorrência tão grande que o Princípio não possa abranger; não pode existir necessidade tão insignificante que o Princípio não possa suprir. Sigamos o conselho de Mrs. Eddy, de abrirmos nossos corações ao Princípio, de amarmos o Princípio. Cultuemos e adoremos êsse poder supremo que mantém o universo no lugar. Reverenciemos a lei que, em sua existência suprema, afasta completamente até mesmo a possibilidade de existir uma outra lei que lhe seja contrária. Não há lei de cura médica, não há lei de carência ou de excesso, não há lei de falsa teologia, nem sequer para contestar a observância da lei divina do Princípio, e muito menos para opor-se a êle.
O Cientista que outrora julgara insolúvel seu problema, agora compreendia que êste não estava “além de Deus.” Em pouco tempo êle viu seu problema solucionado sob todos os aspectos, num desdobramento tão satisfatório e completo que nunca poderia ter sido planejado humanamente. Verdes pastos estavam de fato diante dêle. E rejubilava-se com a verdade de que sempre tinha estado afundado nêles, até os joelhos.
Onde se achará a sabedoria? e onde está
o lugar do entendimento?
O homem não conhece o valor dela,
nem se acha ela
na terra dos viventes.
Não se dá por ela ouro fino,
nem se pesa prata em câmbio dela.
Donde, pois, vem a sabedoria, e onde está
o lugar do entendimento?
Deus lhe entende o caminho, e
êle é quem sabe o seu lugar.
E disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria,
e o apartar-se do mal é o entendimento.
Jó 28: 12, 13, 15, 20, 23, 28
