Os govêrnos de muitas nações estão hoje em dia fazendo sinceros esforços no sentido de eliminar os males da pobreza. Uniram seus esforços às agências humanitárias e de caridade, que de há muito vêm lutando contra êsse problema. A medida de seu êxito será, sem dúvida, determinada pelo progresso que os cidadãos individualmente fizerem para libertarem-se de um senso de carência. É na consciência de cada indivíduo que a transição da carência para a abundância deve ocorrer.
A humanidade está há longo tempo sujeita à crença de que no mundo não há bens suficientes para todos. Como pode essa crença estar de acôrdo com a afirmação bíblica que diz: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gênesis 1:31)? Não pode. Se Deus fêz tudo, inclusive o homem, e tudo é bom, não pode haver carência alguma do que é bom, e tôdas as necessidades legítimas devem ser satisfeitas por meio da carinhosa e abundante provisão de Deus.
A ação contra a pobreza deve ser levada avante, não sòmente nas frentes governamentais, econômicas e humanitárias, mas primàriamente no campo de batalha mental, onde a compreensão inteligente da humanidade acêrca de Deus vence e sobrepuja tôdas as sugestões de que a carinhosa provisão da Mente divina para com o homem, possa ser menos do que completa e perfeita.
Todos os indivíduos de pensar correto estão alistados nesse esfôrço de eliminar a pobreza. Não podem aceitar a crença de que um Deus infinito possa destinar o homem, Sua imagem e semelhança, a uma vida de carência e limitação. Tal viver não daria testemunho das capacidades e fontes infinitas do carinhoso Pai da humanidade — qualidades que devem pertencer ao homem, porque pertencem a seu Criador.
Foi a compreensão acêrca da abundante provisão de Deus para com o homem o que trouxe maná aos israelitas no deserto, alimento a Elias junto à torrente de Querite, pão para os cem homens que Eliseu alimentou em Gilgal, e ampla nutrição para os cinco mil homens, além de mulheres e crianças, que Cristo Jesus alimentou com cinco pães e dois peixes. Êsses exemplos aparentemente miraculosos do suprimento divino não foram fenômenos isolados, que nunca poderiam ser repetidos, mas manifestações da eterna presença da provisão permanente e sem limites com que a Mente supre o homem. Devem ser vistas à luz que Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã Christian Science — pronuncia-se: Crístian Çai’ens., lança sôbre elas, quando diz em Miscellaneous Writings (Escritos Diversos p. 29): “Os milagres não são infrações das leis de Deus; ao contrário, cumprem Suas leis, pois são os sinais que seguem o cristianismo, por meio do qual se prova que a matéria é impotente e subordinada à Mente.”
Em um universo criado pelo bem infinito, que é Deus, não pode haver lugar para favelas, pequenas ou grandes. A pobreza é um mal, uma crença na ausência do bem. Não pode persistir quando ou onde os homens adquirem um conceito apropriado acêrca de Deus. Como Mrs. Eddy escreve em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras (p. 469): “Sepultamos o conceito de infinidade quando admitimos que, embora Deus seja infinito, o mal ocupa um lugar nessa infinidade, pois o mal não pode ocupar lugar, porquanto todo o espaço está preenchido por Deus.”
Por que deveríamos “sepultar o conceito de infinidade” e nos satisfazermos com uma crença em limitação ou carência? Não há necessidade de que assim seja. Não custa mais tempo ou esfôrço conceber o suprimento como abundante, do que o conceber como limitado e insuficiente. A mudança em nosso pensamento a respeito dêsse assunto pode ser feita instantâneamente. Pode elevar-nos de vez, para fora de um conceito de dúvida ou de desânimo para um claro ar de esperança, fé e compreensão. E essa mudança de pensamento pode se refletir em nossa experiência diária, quanto seguirmos o caminho que conduz da carência para a abundância.
Por meio de esclarecimento mais amplo, a humanidade está avançando de uma economia de carência para uma economia de abundância. Em vários países, a produção agrícola mudou de escassez para excesso e as indústrias às vêzes estão atormentadas com o que é descrito como superprodução. Mas na economia divina não há nem escassez nem excesso, mas sòmente o equilíbrio perfeito entre a oferta e a procura.
Muitos milhares de pessoas sinceras, por todo o mundo, verificaram que a Ciência Cristã resolve seus problemas financeiros. Seus testemunhos a êsse respeito podem ser ouvidos nas reuniões de quartas- -feiras à noite nas Igrejas da Ciência Cristã em tôda a parte e podem ser lidos entre os testemunhos de cura publicados nos periódicos da Ciência Cristã.
Êsses são realmente relatos de êxito no mais amplo sentido do têrmo, pois invariàvelmente indicam que aquêles que tiveram tais experiências não sòmente resolveram um problema financeiro de suprimento mas também enriqueceram-se por meio de uma crescente compreensão da verdade espiritual, a qual podem usar na solução de problemas de saúde, de relações humanas, ou de qualquer outra dificuldade que possa parecer desafiá-los.
Através de uma mais ampla compreensão do suprimento infinito de Deus para com Seus filhos, estamos capacitados a dar mais livremente para aquêles que parecem estar em necessidade. Não sòmente podemos dar dinheiro ou coisas, mas, o que é mais importante, podemos dar nossa compreensão que proporcionou o suprimento para as nossas necessidades.
Isso foi o que os Apóstolos Pedro e João fizeram diante de uma das portas do templo em Jerusalém, como está relatado no terceiro capítulo dos Atos. Um esmoleiro que tinha sido coxo de nascença implorou-lhes uma esmola. Pedro lhe disse: “Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” E o homem foi imediatamente curado.
Assim Pedro mostrou o quanto suas riquezas eram maiores do que o ouro, e deu-as na forma que trouxe maiores bênçãos para o coxo: a restauração de sua saúde e de sua fôrça. O mendigo inválido foi transformado em uma pessoa alegre e ativa, capaz de ocupar seu lugar certo nos afazeres humanos e mesmo de ajudar a outros. Dádivas espirituais não cessam com a primeira doação, propagam-se em beneficência contínua.
Os indivíduos, as comunidades e os govêrnos podem melhor haver- -se com o problema da pobreza, ao seguirem o exemplo de Pedro. Primeiro, por compreender, como êle o fêz, que as fontes do Amor divino são amplas para suprir cada necessidade humana; segundo, por perceber que se pode fazer face às necessidades, não forçosamente por meio de despesas vultuosas, mas por meio de generosa provisão das necessidades imediatas, que capacitarão o recebedor a ajudar-se a si mesmo; e terceiro, por reconhecer que todo o bem procede de Deus.