O Natal constitui, para muitas pessoas, uma recordação preciosa do momento em que, através da Ciência Cristã, elas tiveram o primeiro vislumbre do Cristo, a idéia espiritual de Deus, e nasceram de novo. Qualquer que tenha sido a época do ano em que isso ocorreu, foi um momento de iluminação e de grande alegria, quando a Verdade divina foi reconhecida como uma força prática e salvadora nas atividades humanas. Ao volverem o olhar para trás, reconhecem que esse momento foi o início de uma reviravolta vital em sua existência, quando então começaram a entender que a substância e a inteligência não estão na matéria mas no Espírito, e que Deus, o bem, é todo poder, toda presença, todo ser real.
Algumas dessas pessoas já eram sábias em seu desencanto com a matéria e em sua rebeldia contra a pretensão desta de ter poder sobre o universo e o homem de Deus, tanto para o bem como para o mal. No momento em que o Cristo lhes apareceu, elas foram receptivas. Como os Reis Magos e os pastores vigilantes, elas estavam à procura da sabedoria mais profunda e espiritual que ele trouxe. Algumas estavam cansadas do sofrimento físico, ansiosas por serem confortadas, e, através dessa expressão da graça de Deus, acharam satisfação. Outras, apesar de suas crenças tradicionais e de seus preconceitos, foram despertadas para a natureza divina do ser real, mesmo contra sua vontade e julgamento humano. A razão e a demonstração prevaleceram sobre a evidência do sentido físico, e com humildade e integridade essas pessoas admitiram, embora com relutância, a idéia espiritual.
Ora, à medida que todos esses indivíduos olham para trás, para o advento da Verdade divina em sua consciência, podem certamente reconhecer que, para eles, o advento foi oportuno, dirigido pela inteligência, e que foi a maior de todas as bênçãos que eles jamais conheceram. Tem-lhes dado paz, saúde, harmonia, energia e satisfação na certeza de que eles têm os meios para resolver não só os próprios problemas, mas os de toda a humanidade.
A Verdade divina, ou Cristo, vem para cada um de nós no momento mais apropriado para nosso crescimento e progresso espirituais. Jesus, o portador da Palavra de Deus, nasceu para o mundo no local e na época em que sua mensagem pôde melhor cumprir sua finalidade. Muitas das pessoas entre as quais viveu e às quais ensinou, foram receptivas. Elas estavam prontas para aceitar a iluminação que ele trazia e assim serem curadas. Umas poucas se dispuseram a abandonar os apegos humanos para segui-lo e pregar "o evangelho a toda criatura" Marcos 16:15;.
É bem verdade que, naquela época, havia muito menos desenvolvimento físico e técnico do que há agora. As pessoas viajavam vagarosamente, a pé ou a cavalo, ou montadas em burricos, e não em aviões a jato. Não havia nenhum sistema eletrônico de som para ajudar o orador a falar às multidões; não havia imprensa, nem cadeias de rádio para transmitir as intruções do professor. Hoje em dia debatese às vezes sobre se não teria sido melhor que um ministério tão importante quanto o do Mestre tivesse sido protelado até a época em que sua mensagem pudesse ser mais ampla e eficientemente difundida por meios mecânicos. Argumenta-se que, em tal caso, esse grande homem e seus discípulos poderiam ter falado diretamente à população do mundo todo, ao invés de se terem dirigido a um número reduzido de pessoas, valendo-se apenas da palavra falada, em um recanto obscuro do Império Romano.
Entretanto, a Bíblia apresenta Deus dizendo: "Os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos." Isaías 55:8; A hora de Deus para revelação é o momento de maior receptividade às idéias espirituais. Seu método de revelação é divino, não humano. Sua verdade aparece à consciência no momento em que pode ser entendida. Então, tendo sido compreendida, não mais pode ser perdida.
Nesta época, usamos os meios modernos de comunicação o melhor que podemos. Mas a revelação divina não tem estado, e não está agora, na dependência da palavra impressa ou de ondas sonoras. Se for o tempo certo, e esses úteis meios humanos estiverem faltando, a Verdade pode vir ao pensamento humano receptivo através da comunicação direta de idéias espirituais, de Deus para o Seu filho, o homem. Ora, se assim não fosse, como poderia Moisés, enquanto guardava ovelhas no deserto, ter discernido a natureza do ser real como sendo "Eu Sou o que Sou" Êxodo 3:14;, o único Deus, ou Ser divino? Ou como poderia ter Maria estado em comunhão tão íntima com a Verdade e o Amor, a ponto de conceber a idéia espiritual de Deus e dar à luz Jesus?
Em Ciência e Saúde, a Sr.a Eddy escreve: "Através de todas as gerações, tanto antes como depois da era cristã, o Cristo, como idéia espiritual — o reflexo de Deus — tem vindo com certa medida de poder e de graça a todos quantos estejam preparados para receber Cristo, a Verdade."Ciência e Saúde, p. 333.
Hoje em dia, há milhões de pessoas preparadas para este advento. Elas estão desencantadas com a matéria e seus métodos, cansadas de sofrer, e humildemente razoáveis, o suficiente para discernir e aceitar a idéia espiritual. Para esses milhões de indivíduos, esta época de Natal pode representar muito mais do que uma contemplação errante do nascimento de Cristo Jesus, e gratidão por seu exemplo. Pode ser para eles uma época de novo nascimento e de cura. Deus governa o advento do Cristo na consciência individual. Ele providencia para que o grande momento da revelação em sua experiência não demore.