Os grandes passos em favor da liberdade cristã dados por Paulo, ao remover barreiras nacionais e geográficas, por Martinho Lutero, ao reduzir as restrições eclesiásticas, por Mary Baker Eddy, ao revelar que a Vida eterna está aqui e agora, ressaltam a importância do mérito de cada indivíduo em sua relação direta com Deus.
Esse avançar da liberdade cristã continua na atividade de uma igreja da Ciência Cristã. Ali, o apoio à manifestação individual da perfeita e verdadeira filiação com Deus e o trabalho coletivo feito com amor e harmonia, sob as leis de Deus, são fundamentais a todas as funções. A atividade em uma filial da Igreja de Cristo, Cientista, adquire poder para abençoar a humanidade à medida que cada membro vive em consagração às leis divinas. A atividade na igreja não será melhor do que qualquer outra atividade, a menos que esteja fundamentada espiritualmente nos corações de todos os que nela servem.
Cada membro, portanto, tem a responsabilidade primária de buscar a orientação do Amor divino em tudo o que faz. Desse modo, mantém sua própria liberdade espiritual, sustenta-a na igreja e contribui para que os homens do mundo todo se libertem das limitações materiais.
Essa atividade espiritual de cada igreja, sociedade e grupo informal, firmemente estabelecida, encontra a expansão lógica de suas atividades nesta exigência do Manual de A Igreja Mãe de autoria da Sr.a Eddy: “Na Ciência Cristã, cada igreja filial será nitidamente democrática na sua forma de governo, e nenhuma pessoa e nenhuma outra igreja deverá interferir nos seus assuntos.” Manual, Art. 23 § 10;
O governo democrático reconhece a responsabilidade do indivído na condução das atividades e propicia um meio para levar avante essa responsabilidade em um esforço organizado. Seu uso nas igrejas filiais provém da base espiritual que abrange todas as atividades da igreja — a integridade de cada membro em seu verdadeiro ser como filho de Deus e o trabalho de todos em união fraternal, sob as leis de Deus.
A Sr.a Eddy faz esta declaração: “A Magna Carta da Ciência Cristã significa muito, multum in parvo, — tudo em um e um em tudo. Representa os direitos inalienáveis e universais dos homens. Seu governo, essencialmente democrático, é administrado pelo consentimento comum dos governados, no qual e pelo qual o homem, governado por seu criador, é autogovernado. A igreja é o porta-voz da Ciência Cristã, — sua lei e seu evangelho estão de acordo com Cristo Jesus; suas normas são saúde, santidade e imortalidade, — direitos e privilégios iguais, igualdade de direitos dos sexos, rodízio nos cargos.” Miscellany, pp. 246–247;
Orar para compreender o fundamento espiritual do procedimento democrático, pode trazer uma segurança especial àqueles que, fazendo parte do movimento de âmbito mundial da Ciência Cristã, ainda não têm muita experiência em atividades democráticas. Poderão ver que as qualidades espirituais que anseiam alimentar, tais como sabedoria, bondade e amor imparcial e desprendido, são fundamentais para a prática do governo democrático nas comunidades de suas igrejas.
A forma espiritual de se empreender uma atividade democrática resulta dos dois grandes mandamentos do Antigo Testamento citados por Jesus: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento” e “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” Mateus 22:37, 39. Essa maneira de empreender manifesta-se ao ponderarmos devotadamente qualquer proposta pertinente à igreja e ao estarmos prontos a deixar que o Amor governe, ao decidirmos se o assunto deve ser levado a debate pela congregação.
Ao saber com firmeza que há só uma Mente a governar assembléias e reuniões, e ao ver em cada companheiro um filho de Deus, todo membro continua a dar seu apoio espiritual. A maneira espiritual e democrática de se empreender um assunto, manifesta seu governo na sabedoria, na bondade e no respeito, na tolerância e na boa vontade que cada membro expressa, ao emitir seus pontos de vista sobre qualquer assunto no qual sente-se compelido a falar. É ela levada a efeito quando, em qualquer questão, a minoria aceita sem rancor os pontos de vista e as decisões contrárias, e quando a maioria pondera com atenção as opiniões emitidas pela minoria.
Independentemente das decisões tomadas, a união espiritual dos membros anima todos a prosseguir em fraternidade harmoniosa e cheia de alegria. É essa união e boa vontade na igreja, é esse refletir no pensamento dos membros o Amor sempre presente, o que atrai outros e traz crescimento à igreja. Não há nada que o substitua.
Tal compromisso espiritual abre o caminho para o conhecimento que possa se fazer necessário a soluções práticas. De fato, uma tal fonte de informações está bem próxima quando cada nova igreja ou sociedade prestes a obter aprovacão para a inscrição no Christian Science Journal ou no Arauto da Ciência Cristã re-examina com A Igreja Mãe os estatutos que elaborou. Nessa ocasião ou em qualquer outra podem-se solicitar informações sobre o que foi útil a outras igrejas e sociedades em circunstâncias semelhantes.
O direito que todo membro tem de participar das decisões tomadas de acordo com os estatutos da igreja e o sistema democrático, traz como conseqüência a responsabilidade de servir dando seu apoio aos assuntos decididos pelos membros. Esse apoio poderá ser dado em resposta a uma solicitação direta de nos desincumbirmos de alguma tarefa ou função, ou a uma necessidade de continuar a ponderar devotamente sobre tal assunto. No trabalho de igreja, o pensar espiritual e consagrado de cada membro é a função mais importante que há. Edificada sobre essa base, a democracia no governo da igreja concretiza-se em harmonia.