Cristo Jesus indicou-nos como resolver a situação criada quando outros parecem nos ofender — quando seu comportamento em relação a nós parece ter sido deselegante ou danoso, ou ainda quando, de acordo com nosso critério, violaram as regras de conduta cristã e transgrediram as normas da sociedade. Mostrou-nos como orar e a perdoar tal como gostaríamos de ser perdoados. Ensinou-nos a ter paciência, abnegação e amor na expectativa da cura.
Mas o Mestre indicou-nos que, em certas ocasiões, e sob a orientação divina, toran-se necessário dar passos humanos para corrigir um erro. Em primeiro lugar, devemos ir diretamente àquele que nos ofendeu e discutir a falta com ele, face a face.
Esse procedimento parece ser simples, mas exige das pessoas integridade e afeição abnegadas e, não raras vezes, mais coragem do que elas estão preparadas para expressar no momento. Contudo, se estamos professando ser cristãos, não temos outra alternativa senão a de seguir esse curso, pois que Jesus disse: “Se teu irmão pecar [contra ti], vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão.”
A experiência mostra que essa aproximação fraternal é, muitas vezes, bem sucedida em ajudar a pessoa que ofendeu a perceber no que esteve errada e em fazê-la tratar de melhorar seu procedimento. Mas, se isso não bastar, o Mestre previu mais dois passos seguintes para sanar a situação. Disse ele também: “Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça... Se ele não os atender, dize-o à igreja.” Mateus 18:15–17;
Esses três passos constituem a regra de conduta para cada cristão no que diz respeito a como proceder com as pessoas que nos ofendem. A instrução do Mestre, entretanto, é negligenciada com muita freqüência e, ao invés de aclarar a questão de maneira tranqüila “entre ti e ele só”, o queixoso dirige-se em primeiro lugar “à igreja”. Pode acontecer, então que o pretenso ofensor venha a ser o último a saber da falta que lhe é atribuída. Mesmo se é inocente, não lhe foi dada a oportunidade de defender-se. Tal situação pode não só ocasionar amargura e ódio, mas também, levar a processos legais onerosos, uma vez que a lei de muitos países protege os cidadãos contra calúnias e difamações de caráter. As conseqüências para ambos, acusador e acusado, podem então ser bastante sérias.
Mas a Ciência Cristã mostra que o perigo em ignorar os preceitos cristãos, quando se está tentando resolver ofensas, pode ser tão desatroso para o queixoso quanto para o suposto culpado, mesmo em assuntos de pequena monta. A Sr.a Eddy escreve: “Vingar-se de um mal imaginário ou verdadeiro, é suicídio. A lei de nosso Deus e a regra de nossa igreja é de dizer a teu irmão a sua falta e desta maneira ajudá-lo.” Mis., p. 129;
Ora, nem sempre é fácil seguir à risca esse procedimento para corrigir os males. Aquele que acredita ter sido injuriado, tem muitas vezes obstáculos de pecado e de imaturidade espiritual no seu próprio pensamento, os quais precisam ser vencidos antes que possa criar a coragem de dar o primeiro passo para o perdão — de ir ao encontro do ofensor e confrontá-lo com a falta atribuída a ele. A Sr.a Eddy diz: “É preciso ter o espírito de nosso bendito Mestre para falar a um homem acerca de seus defeitos e arriscar-se, assim, a incorrer no desagrado humano por querer agir bem e beneficiar a espécie humana.” Ciência e Saúde, p. 571.
O espírito do Cristo inclui a expressão de um amor abnegado, sem vestígios de ódio ou de vingança. Nenhum pensamento de justificação própria deve ser admitido, caso contrário, poderemos ceder à tentação maliciosa de aumentar a ofensa que recebemos ou imaginamos ter recebido de outrem, ou poderemos colocar a outra pessoa sob uma luz desfavorável a fim de fazermos uma comparação que melhore a nossa própria imagem.
O espírito crístico tem apenas um alvo — o de ver o reino de Deus ao alcance de todos, e possibilitar a demonstração desse fato, a fim de beneficiar a família humana. É humilde quanto aos seus direitos à justiça, porém, intransigente quanto à disciplina do eu mortal — no que diz respeito aos seus motivos suspeitos e o orgulho próprio. Esse mesmo espírito crístico deplora, ao invés de tripudiar sobre aquilo que parece existir de mau nos outros e procura com benevolência restaurar a paz de uma ação justa na mentalidade da outra pessoa. Com tal fervor anseia por ver restaurada a harmonia do governo de Deus que até se dispõe a sofrer a vingança do pecado no momento de sua destruição, a fim de vencê-lo de vez.
A pessoa que possui a maturidade de expressar o Espírito divino, irá, naturalmente, cumprir com os requisitos cristãos na hora de tratar com aqueles que ela acredita a tenham ofendido. Não será tentada a deixar de lado o primeiro e o segundo passo e dirigir-se diretamente “à igreja”, para apresentar queixa. Nem tão pouco cederá à tentação de permanecer anônima quando for expor o erro. O sentido material pode sugerir que uma carta sem assinatura é impessoal e, portanto, mais aceitável do que uma repreensão pessoal, mas ela saberá que essa é uma arma desprezível usada por covardes, representando pensamentos maus, que, em geral, fazem mais dano ao indivíduo que a adota, do que àquele a quem a ação é dirigida.
No reino de Deus, o estado da Mente no qual o Princípio divino, o Amor, é quem governa, nenhuma pessoa ofende outra. Um produto, ou expressão, do Pai-Mãe de todos, o Espírito divino, seria incapaz de ferir ou de pecar contra um irmão. Os Cientistas Cristãos se dedicam a estabelecer na terra este reino ideal. O Cristo, a verdadeira idéia de Deus, precisa ser reconhecido na experiência humana, e as qualidades puras do Amor precisam ser exemplificadas pela humanidade no seu relacionamento mútuo, antes que o universo imortal e completamente espiritual possa ser demonstrado como a única realidade.
Convém, pois aos adeptos da Ciência Cristã, cumprirem rigorosamente o triplo requisito cristão de ajustar os males — que eles não somente façam amigos daqueles contra quem pensam ter algum ressentimento, mas também que estejam prontos a corresponder com humildade e amor quando, a seu turno, forem acusados de terem transgredido algo referente a seu próximo.