O espectro da pobreza é uma constante no horizonte social atual. Ao mesmo tempo, vemos evidências de extrema riqueza, e a “sociedade afluente” tornou-se proverbial. Estão sendo propostos e debatidos programas para combater a extrema pobreza que afeta quase todas as nações e raças. Será que existe uma forma segura de efetuar uma distribuição mais equitativa da riqueza e de assegurar a todos os meios indispensáveis à subsistência? A Ciência Cristã afirma que sim, mas também ensina que a pobreza nunca será eliminada mediante leis e outros meios humanos, apenas.
Enquanto que a legislação humana é indubitavelmente necessária nesta etapa de desenvolvimento mundial, e devem ser explorados todos os meios corretos de aliviar a carga de nossos concidadãos, a Ciência Cristã oferece uma solução espiritual prática e permanente para este problema que através dos séculos vem trazendo tanto sofrimento à humanidade. Na Ciência Cristã, a pobreza é intrinsecamente um problema individual, e para que seja solucionada definitivamente, deve ser solucionada individualmente.
A Ciência Cristã começa por resolver o problema no pensamento, encarando-o como algo primariamente mental. Nossa experiência é a projeção de nosso pensamento e das crenças que aceitamos. Algumas pessoas aceitam a pobreza como algo normal em sua existência, mas isso não passa de um padrão falsamente imposto que pode ser rompido. A Sr.a Eddy usa a palavra “pobreza” apenas uma vez em sua obra principal, Ciência e Saúde, mas nessa passagem encontra-se a solução do problema. Referindo-se às narrativas do Novo Testamento, a Sr.a Eddy escreve: “Jesus as ilumina, mostrando a pobreza da existência mortal, mas recompensando ricamente a miséria e as dores humanas com o ganho espiritual.” Ciência e Saúde, p. 501;
Não experimentamos carência ou limitação por falta de habilidade ou de fundos, mas por nos identificarmos como mortais, por nos identificarmos com “a pobreza da existência mortal”. Por estar empobrecida, a existência mortal nada tem para dar. Todo bem, tudo o que constitui a realidade, tudo o que verdadeiramente desejamos, se encontra no Espírito e no sentido espiritual do ser.
Será que esta afirmação soa a alguns de nós demasiadamente idealista para ser prática? Exploremos a questão, pois verdadeiramente esse ensinamento é a coisa mais prática deste mundo. Cristo Jesus já provou sua praticabilidade. Que o homem real, a verdadeira individualidade de todos, é espiritual e completo, é o fundamento sobre o qual se alicerçam não só os seus ensinamentos, mas também suas obras gloriosas. As pessoas chamam erradamente estas demonstrações de milagres. Será que as duas ocasiões em que Jesus alimentou vários milhares de pessoas, embora aparentemente houvesse alimento apenas para bem poucas, não foram exemplos de como recompensar o desejo humano com o ganho espiritual?
A Ciência Cristã começa com o primeiro capítulo do Gênesis a desvendar o que o homem verdadeiramente é. Ali lemos: “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou.” Gênesis 1:27; Deus é Espírito, conforme Jesus mesmo ensinou (V. João 4:24), e o homem à sua imagem é espiritual. Isso significa que o homem é uma consciência individual, não um organismo material.
O homem espiritual, feito à exata imagem do Espírito, Deus, possui por reflexo tudo o que pertence ao Espírito; possui toda substância, inteligência, alegria, integridade, tudo o que compõe a infinidade do bem, ou a auto-expressão de Deus. As qualidades espirituais são verdadeiramente substanciais e são tudo o que o homem realmente precisa. Constituem o único suprimento do homem espiritual, e estão sempre à mão, ilimitadamente disponíveis.
Ora, poderíamos dizer: “Tudo isso soa muito bonito, mas de que me adianta saber que tenho todas estas qualidades espirituais, se não tenho emprego, não tenho dinheiro para comprar alimento e roupa para mim e minha família, não tenho um lugar decente para morar?” Bem, o que é preciso para conseguir um emprego e fazer o trabalho necessário para mantê-lo? Acaso não serão necessárias qualidades derivadas do Espírito? Estará o empregador à procura de pessoas que desempenham suas atividades como autômatos, ou estará ele à procura de confiança, honestidade, presteza, disposição, exatidão? Não serão essas qualidades derivadas de Deus, ativas na consciência humana e expressas na existência humana, o que o empregador realmente quer e pelas quais está disposto a pagar?
“Mas”, poderíamos dizer, “onde eu moro não há empregos, nenhuma oportunidade de trabalho.” Boas rendas e mesmo fortunas foram feitas por inumeráveis indivíduos que, usando apenas uma idéia engenhosa ou um talento, desenvolveram-na em algo útil e vendável. De onde veio a inteligência que lhes possibilitou inicialmente conceber a idéia e depois dar os passos necessários para desenvolvê-la? Inteligência e habilidade são qualidades do homem espiritual que todos possuem. Há recursos ilimitados à disposição de todos, se os procuramos na fonte correta e os usamos sabiamente. A Sr.a Eddy escreve: “Deus vos dá Suas idéias espirituais e estas, por sua vez, vos dão suprimentos diários.” Mis., p. 307;
Ninguém é o dono das idéias, ninguém comprou todo o suprimento disponível de intuição e ninguém acumulou toda inteligência e a habilidade que há. As qualidades e idéias espirituais estão sempre presentes em quantidade ilimitada para serem usadas por todos.
Encaremos o quadro de outro ângulo. O que torna a existência mortal tão pobre para as pessoas em qualquer nível econômico? De que, afinal, consiste a existência mortal? Não será composta de tendências opostas ao Espírito? Ela tem começo e fim; inclui medo, preguiça, desonestidade, impureza, logro, tudo o que não é espiritual, tudo o que é dessemelhante de Deus, e por isso não possui bem algum para dar. Se alguém tivesse todo o medo que oprime a humanidade, será que teria realmente algo? Claro que não. E não é isso verdadeiro para todas as qualidades que formam o sentido mortal de existência?
Mas, o que dizer a respeito das coisas boas da existência humana — serão elas também irreais? Tanto quanto sua origem for espiritual, aludem ao real. Mas o bem que Deus provê, é inteiramente espiritual. Em Gênesis lemos: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom.” Gênesis 1:31; Em última análise, tudo o que parece ser imperfeito deve ser traduzido ao espiritual para que se encontre sua verdadeira substância.
Aquele que pensa de si mesmo em termos de pobreza ou carência, deve começar a identificar-se corretamente como filho de Deus, o produto do Espírito. Pode então exigir para si a infinidade do bem que pertence à existência espiritual e pode começar a desfrutar da verdadeira afluência.
Poderemos usar este saber espiritual para ajudar nossos concidadãos em qualquer lugar, até mesmo aqueles nos denominados países subdesenvolvidos, onde a pobreza, a superpopulação e a fome parecem estar predominando? Certamente podemos. Podemos saber que o Cristo, a idéia espiritual de Deus, está presente e representada em cada consciência humana individual para romper a ilusão mesmérica de pobreza e despertar o pensamento para o bem espiritual ilimitado. Quando compreendermos que todo governo verdadeiro provém do Princípio divino, os líderes de nossas instituições políticas humanas refletirão mais honestidade, altruísmo, humanitarismo, e uma devoção firme à solução do problema da pobreza no mais elevado nível humano atualmente possível. E serão encontradas maneiras mais equitativas e humanas para a distribuição do bem disponível agora.
A Sr.a Eddy escreve: “Inteiramente separado desse sonho mortal, da ilusão e do engano dos sentidos, a Ciência Cristã vem revelar que o homem é a imagem de Deus, Sua idéia, coexistente com Ele — Deus dando tudo e o homem tendo tudo o que Deus dá.” Miscellany, p. 5. Aceitemos, então, com gratidão o bem que Deus dá, pois esta é a verdadeira riqueza.
