Deus é a Mente infinita do homem. Os pensamentos que dEle procedem têm as qualidades dessa Mente. São pensamentos puros, saudáveis e harmoniosos. São, outrossim, os únicos pensamentos que podem ser identificados como pertencentes ao homem.
À medida que conseguimos compreender o único Deus, a Mente única, podemos reconhecer a nossa identidade espiritual e rejeitar como falsos quaisquer pensamentos que não sejam saudáveis, harmoniosos ou puros. Efetivamente, podemos dar-nos conta de que os pensamentos materiais não se originam em nós, porque somos, em realidade, filhos, ou idéias, da Mente. Pensamentos não deíficos são imposições de uma assim chamada mente — uma mente irreal e falsa — alheia à nossa.
Tais imposições mentais nos parecem reais apenas quando não compreendemos que, em realidade, existe uma única Mente. Elas parecem ter o poder de oprimir-nos hipnoticamente através dos cinco sentidos físicos, e isto porque não compreendemos claramente que todo o poder e todas as faculdades pertencem àquela Mente única. A própria personalidade material não passa de uma ilusão, embora pareça tão real, e precisamos vê-la como produto do magnetismo animal — termo usado na Ciência Cristã para designar o erro da crença material e falsa.
Em realidade, vemos, ouvimos, saboreamos, cheiramos e sentimos espiritualmente. Nossos sentidos verdadeiros são outorgados por Deus, são perfeitos e indestrutíveis. Os objetos que percebemos através desses sentidos são espirituais, não materiais. Até certo ponto, porém, o nosso sentido humano de existência parece incluir o que os sentidos físicos reconhecem, bem como aquilo que pode ser percebido espiritualmente. A influência do magnetismo animal parece nos sugerir que somos limitados, estamos sujeitos a infortúnios, desarmonias e doenças. Diz-nos que não nos podemos governar, mas que devemos ceder a essas forças opressoras.
O erro de se crer que possa existir outra mente além de Deus, o bem, é sempre corrigido pela idéia verdadeira da Mente. Na Ciência Cristã, denominamos essa idéia verdadeira o Cristo. Porque a Verdade sempre sobrepuja o erro, a história da humanidade registra a libertação gradativa do indivíduo fazendo com que ele se aproxime cada vez mais do autogoverno. O advento de Cristo Jesus caracteriza o conseguimento progressivo de uma natureza humana livre, e a sua crucificação caracteriza a resistência do magnetismo animal a essa consecução. A ressurreição e a ascensão de Jesus demonstraram a verdade — o poder da Mente divina e a falta de poder do magnetismo animal. Nada podia interferir com a ação da idéia-Cristo, uma vez que ela trouxe à consciência humana a verdade de que o homem é capaz de ser governado por Deus.
A ação sanadora desta idéia espiritual que apresenta o homem como a imagem da Mente, prolongou-se através da história moderna e prossegue nos dias atuais. Foi essa ação sanadora que em 1866 permitiu que a Sr.a Eddy descobrisse a Ciência do Cristo, ou seja, a Ciência Cristã. E não foi por mero acaso que essa descoberta teve lugar num país, cuja plataforma de governo está baseada na idéia de liberdade, e que isso acontecesse após a guerra civil que veio culminar na abolição da escravatura. O Presidente Abraham Lincoln referiu-se ao propósito desta nação de preservar “o governo do povo, pelo povo, para o povo”.
A Mente, ao estabelecer seu incontestável plano com relação à sua idéia, o homem, determinou que o homem deve refletir a perfeição da Mente. A idéia-Cristo revela à consciência humana, que luta para compreender a realidade, o plano da Mente em termos da liberdade de pensar de que os indivíduos estão dotados, e também da liberdade de se governarem. Assim como o sol quente derrete o gelo, assim também a verdadeira idéia da Mente derrete a resistência que tenta impedir que os homens se libertem das crenças aflitivas.
Considerando-se a humanidade, esse derretimento acontece mais rapidamente quando o pensamento se torna receptivo à idéia do homem espiritual perfeito. A descoberta da Ciência Cristã chegou num momento em que a receptividade era grande e onde o clima mental estava pronto para recebê-la e nutrila, paralelamente à oposição que aguardava o seu surgimento.
No livro do Apocalipse, S. João descreve sua visão das circunstâncias em que esta descoberta tão importante dever-se-ia processar. Ele conta que uma mulher deu à luz um filhovarão extremamente importante. “Então a serpente arrojou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio. ... A terra, porém, socorreu a mulher.” Apoc. 12:15, 16; O que aconteceu quando a Sr.a Eddy descobriu a Ciência Cristã simboliza claramente a visão de S. João. E aquilo que acontece hoje em dia quando enfrentamos certos problemas humanos e buscamos a solução para eles através da Ciência Cristã, está também simbolizado nessa revelação divina.
Ao examinarmos o modo pelo qual a idéia espiritual triunfa sobre a oposição que lhe é imposta, podemos perceber como a cura que necessitamos efetuar em nossos dias, é perfeitamente viável. Quando nos vemos diante de um caso de escravização aos sentidos e em que o magnetismo animal se opõe ao rompimento dessa escravidão, podemos ver também o poder sempre presente da idéia-Cristo e que a cena humana se prontifica imediatamente a acolher o direito de liberdade e a defendê-lo. A cura pela qual estamos trabalhando agora não contraria o propósito da Mente divina de expressar-se como a Mente, o Tudo, aqui e agora. É chegada agora a nossa oportunidade de alcançar uma cura, porque tudo foi preparado para a sua consumação. Nós estamos preparados, a humanidade está preparada, e Cristo, a Verdade, está sempre pronto.
A Sr.a Eddy fala de sua descoberta nos seguintes termos: “Os aleijados, os surdos, os mudos, os cegos, os doentes, os sensuais e os pecadores, a todos eu quis salvar da escravidão de suas próprias crenças e dos sistemas educacionais dos faraós, que hoje, como outrora, retêm os filhos de Israel em servidão. Vi diante de mim o terrível conflito, o Mar Vermelho e o deserto; mas continuei a avançar, com fé em Deus, confiante de que a Verdade, a forte libertadora, me guiaria para a terra da Ciência Cristã, onde as cadeias caem e os direitos do homem são plenamente conhecidos e reconhecidos.”
E, um pouco mais adiante, ela diz: “Ao discernir os direitos do homem, não podemos deixar de prever o fim de toda opressão.” Ciência e Saúde, pp. 226–227.