Espiritualizar o pensamento significa aprender a conhecer Deus. Conhecer Deus é compreendê-Lo e manter-se conscientemente unido a Ele. A espiritualização significa pôr nossos motivos, atitudes e ações em harmonia com a Verdade absoluta, ou o Espírito. Significa despertar para a nossa própria união com o Princípio infinito, o Amor, como reflexos de Deus.
A espiritualização do pensamento é a porta aberta para a imortalidade. Nosso Mestre disse: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” João 17:3;
Espiritualizar o pensamento significa despir-nos de traços negativos, de motivos pecaminosos, de tendências materialistas, de concepções finitas acerca do homem e de Deus — substituindo-os pela consciência pura e imortal do Espírito e da perfeição do homem. Significa a mais profunda cristianização do viver diário. Essa purificação é a nossa ressurreição em andamento. Em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, Mary Baker Eddy define “ressurreição” como: “A espiritualização do pensamento; uma idéia nova e mais elevada da imortalidade, ou existência espiritual; a capitulação da crença material ante a compreensão espiritual.” Ciência e Saúde, p. 593;
A questão é: Como podemos espiritualizar nossa consciência? Como podemos acelerar o processo da ressurreição diária?
Há alguns anos tive uma experiência esclarecedora. Eu queria compreender melhor o que acontece quando o poder divino transforma uma situação humana. A pesquisa em que me empenhei lançou nova luz sobre o que significa a espiritualização do pensamento e como podemos consegui-la. Ilustrou também o valor de um estudo meticuloso, feito com o auxílio de Concordâncias da Bíblia e dos escritos da Sr.a Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência CristaChristian Science — pronuncia-se: kris’tiann sai’ennss..
Eu sabia que a experiência humana é transformada quando a crença falsa cede à compreensão. Assim, comecei a procurar referências sobre a palavra “ceder” e seus derivados. Essas passagens esclareceram como o sentido material tem que ceder ao espiritual, como o medo cede à consciência do Amor puro e infinito, como a falsa evidência cede à Verdade, a vontade humana tem que ceder à divina, nossas concepções finitas têm que ceder ao realismo do universo infinito da Mente. Elas explicam o processo regenerativo na Ciência.
Uma palavra levou à outra. A pesquisa levou à palavra “trocar”. O livro Ciência e Saúde esclarece que a discórdia cede quando, segundo os ensinamentos da Ciência Cristã, o falso sentido das coisas é trocado pelo verdadeiro. Quando trabalhamos na Ciência Cristã, trocamos o amor à matéria pelo amor ao Espírito, os motivos errôneos pelos motivos corretos, o sentido físico pelo sentido espiritual. Trocamos um ponto de partida material pela base espiritual absoluta do pensamento e do raciocínio científicos. Trocamos o sentido errôneo de sermos mortais físicos separados de Deus pelo sentido verdadeiro do homem como uma idéia espiritual, pura e inocente, refletindo a Deus e em união com Ele. Isso nos dá um novo conceito acerca de nós mesmos.
Esse estudo levou à palavra “substituir”. Aí encontrei uma declaração da Sr.a Eddy que descreve a ação da Ciência Cristã na consciência humana e indica o método de demonstrá-la. Diz: “A realidade da Mente mostra de modo concludente como é que a matéria parece existir, mas não existe. A Ciência divina, que se eleva acima das teorias físicas, exclui a matéria, reduz as coisas a pensamentos, e substitui os objetos do sentido material por idéias espirituais.” ibid., p. 123;
À medida que eu pensava sobre isso, fui levado a pesquisar passagens contendo os termos “abandonar” e “dar lugar”. Os sentidos materiais, concluí, precisam abandonar seu falso testemunho porque a Verdade é irresistível e invencível. Os conceitos materiais finitos das coisas precisam dar lugar às idéias espirituais perfeitas. Podemos abandonar temores mortais, falsos amores, impulsos egoístas, a crença numa existência separada de Deus — podemos deixar esses conceitos materiais ceder lugar à Verdade e à influência sanadora, dentro em nós, do Cristo sempre presente.
Quando assim fazemos, nossos temores e falsas conclusões são invertidos. A seguir, procurei referências sobre a palavra “inverter” e seus derivados. Apagamos o erro, invertendo-o com a verdade. Invertemos as sugestões do mal afirmando o que é verdadeiro sobre Deus e o homem feito à Sua semelhança. Quando as crenças discordantes e as dores são invertidas desse modo, elas são reduzidas à nulidade e nós ficamos curados e somos regenerados.
Ceder, trocar, substituir, abandonar, dar lugar, inverter — por meio de todos esses recursos podemos esvaziar a consciência humana tirando-lhe todo erro, e enchê-la com a verdade. As afirmações da Sr.a Eddy que contêm esses termos, capacitam-nos a compreender claramente a profunda mudança de consciência, a mudança de base, que se efetua quando o mortal cede ao divino. Essa mudança de consciência é a espiritualização do pensamento. A luz irresistível da Verdade dissipa a escuridão e a ignorância. Então a matéria e o mal perdem sua enganosa aparência de realidade.
Ao sentido humano, esse processo de espiritualização aparece como uma melhora gradual na mentalidade humana, um crescimento gradual em graça. Mas algo muito mais fundamental está implícito. Observe novamente aquelas palavras: ceder, trocar, substituir, dar lugar. A espiritualização não é simplesmente a melhora de uma mentalidade humana. É a substituição da consciência chamada material pela consciência inspirada de Verdade e Amor, a consciência que tem sua fonte em Deus.
O autor do Apocalipse registra essa mudança de consciência nas palavras dAquele que está assentado no trono: “Eis que faço novas todas as cousas.” Quando ele escreve: “O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo” Apoc. 21:5; 11:15;, não poderíamos concluir que ele se refere à substituição da falsa consciência material pela consciência espiritual que provém de Deus?
A Sr.a Eddy contrasta essa consciência espiritual dada por Deus, com seu oposto aparente, em uma explicação esclarecedora, que vai da página 572 á página 576 de Ciência e Saúde. Diz ela: “O autor do Apocalipse ainda estava sobre nosso plano de existência, e no entanto já via o que o olho não pode ver — aquilo que é invisível ao pensamento não inspirado. Esse testemunho das Sagradas Escrituras sustenta o fato, na Ciência, de que os céus e a terra são espirituais para uma certa consciência humana, aquela consciência que Deus outorga, ao passo que para outra, isto é, a mente humana não iluminada, a visão é material.” Ciência e Saúde, p. 573;
Ressaltando o fato de que essa consciência inspirada, que Deus outorga, é uma possibilidade presente para nós, aqui e agora, ela continua mais adiante: “Esse reino de Deus «está dentro em vós» — está aqui, ao alcance da consciência do homem, e a idéia espiritual o revela. Na Ciência divina, o homem possui conscientemente esse conhecimento da harmonia, na medida de sua compreensão de Deus.” ibid., p. 576;
Que promessa gloriosa! Por meio da Ciência podemos realmente espiritualizar o pensamento, e aquelas palavras que pesquisei conduziram-me a um grande esclarecimento do método espiritualmente científico de conseguilo.
Um ponto primordial nesse trabalho inspirador é o de sempre começar a partir de um Deus perfeito e um homem espiritual perfeito criado à Sua semelhança — fazer disso a base de todo nosso pensamento, raciocínio e oração. Esse ponto de vista revolucionário transforma nosso conceito acerca de nós mesmos, nosso conceito a respeito de quem ou do que você e eu realmente somos.
Por exemplo, constataremos que uma personalidade material não é nossa identidade verdadeira. Que as características raciais ou de família não nos definem. Que o nascimento material e a hereditariedade não determinam nossa natureza e caráter. Que as leis da matéria não são a moldura de nosso ser. Que os anos não dão nossa medida. Que a vivência mortal de crescimento, maturidade e declínio nunca foi, nem é agora, o desdobramento de nossa vida. Que o organismo físico não é o nosso corpo. Que os processos físicos não constituem o homem. Que o homem é a idéia eterna do Pai-Mãe Mente. Que é perfeito, harmonioso e inteiramente espiritual à semelhança de seu Criador, como o reflexo puro de Deus.
Compreender tudo isso, reconhecê-lo como verdadeiro a nosso respeito e assim identificar-nos cientificamente como o homem de Deus, é conhecer a verdade que nos liberta da discórdia e da mortalidade.
A demonstração disso implica numa poderosa purificação da consciência humana. Precisamos aprender o que significa amar a Deus somente, amá-Lo de todo o coração, alma, mente e forças. Amamos mais a Deus à medida que chegamos a compreendê-Lo melhor e a apreender o bem infinito e superabundante que Ele inclui. Então pomos com naturalidade a Deus e as coisas de Deus em primeiro lugar nas nossas vidas. Afinal, Deus é a Mente única, a única substância, o único poder, a única consciência, o único bem, a única lei, a única Vida, o único Ser — e nós somos o reflexo desse Deus infinito. Por que razão não deveríamos amá-Lo acima de tudo? Quanto O estamos amando hoje? Realmente, é natural que O amemos porque Ele nos amou primeiro, como o revela o Novo Testamento.
Se amarmos e adorarmos somente a Deus, reconheceremos Sua graça superabundante como sendo o único e incomparável poder redentor. O Apóstolo Paulo diz que somos salvos pela Sua graça e não por nós mesmos, e assegura: “Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra.” 2 Cor. 9:8.
A Ciência elucida claramente os meios e métodos de espiritualizar o pensamento. A espiritualização do pensamento é nossa ressurreição contínua da mentira de haver vida na matéria, a porta aberta para a harmonia e a imortalidade. Ela é a meta científica de nosso viver. É o caminho do Cristo para a salvação.