Quando pela primeira vez ouvi um amigo falar sobre seu casamento, parecia-me que ele tinha encontrado a resposta para obter felicidade e satisfação eternas. Provavelmente, não era isso que ele queria dizer, mas seus comentários puseram-me em guarda pelo fato de eu estar solteira e desejar permanecer assim ainda por algum tempo. Todavia, os comentários instigaram-me a examinar meus próprios pensamentos sobre o casamento. Por que estaria eu reagindo desse modo? De qualquer maneira, o que significava o casamento para mim?
De acordo com a definição de um dicionário, casamento — num sentido amplo — é “qualquer união íntima ou estreita”. Usualmente pensamos no casamento como uma união entre duas pessoas, mas há outro sentido que comporta ser examinado. Na maioria das vezes, pensa-se que o casamento traz segurança, objetivo e confiança às pessoas que o contraem.
Porém, ao considerar isso, desagradou-me o fato de que, por ser eu solteira, esperava-se que eu fosse insegura, indecisa, incerta e que, assim que me casasse, toda essa situação se inverteria. Era o mesmo que dizer que eu era uma pessoa apenas pela metade. Se assim fosse, eu teria que passar meu tempo orando para que algum dia encontrasse minha outra metade. Isso seria tolice. Deus me fez, e Ele me fez integral e completa.
É isso o que a Ciência Cristâ ensina, e isso ajudou que eu encarasse com nitidez o casamento. A Ciência Cristã explica que o relacionamento mais importante de cada um de nós, é com Deus e não com marido ou mulher. Todos nós somos idéias completas de Deus. Não necessitamos depender uns dos outros para ter felicidade, suficiência ou força, do mesmo modo que uma gota água não precisa de outra gota para ser úmida. Apoiamonos somente em Deus. Paulo diz: “Não que por nós mesmos sejamos capazes de pensar alguma cousa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus.” 2 Cor. 3:5;
Como idéias de Deus, naturalmente temos tudo o que Deus tem. Ele é a fonte de toda alegria, todo mérito, toda confiança, todo afeto. Esses provêm unicamente de Deus, não de nenhum ser humano, masculino ou feminino. Uma vez que Deus é a única fonte de toda identidade, também nós não podemos acrescentar nada a ninguém.
Idéias não modificam-se umas às outras ou entram em conflito mútuo. Cada uma tem tudo o que necessita. O homem, a idéia perfeita de Deus, inclui todas as qualidades necessárias para sentir-se satisfeito e completo. Saber essa verdade e vivê-la, liberta-nos da inquietação, da importância própria, e da solidão. Como escreve a Sr.a Eddy em sua Message to The Mother Church for 1902: “A felicidade consiste em sermos bons e praticarmos o bem; somente o que é dado por Deus, e o que damos a nós mesmos e aos outros graças à Sua concessão, é o que confere felicidade: o estar consciente do seu mérito satisfaz o coração faminto, e nada mais o pode satisfazer.” ’02., p. 17;
Se tentamos humanamente satisfazer a nossas necessidades casando-nos com alguém por ser essa pessoa mais eficiente ou por estar mais segura de seu caminho do que nós, então já começamos fracassando. Há alguma coisa forçada e desesperada em tudo isso. Eficiência, segurança, afeto, têm que provir da superabundância e não da escassez.
Houve uma época, não muito tempo atrás, em que a idéia de ser uma jovem esposa atraía-me consideravelmente e a possibilidade de concretizar tal anseio não estava totalmente fora de questão. Apesar disso, durante esse período, senti a necessidade de examinar os motivos que me levavam a querer casar. Descobri que eu estava encarando o papel de uma jovem esposa como o de um ornamento. Algo que despertaria a admiração dos outros — pelo menos, era o que eu pensava. Que pensamentos egoístas teriam sido esses para iniciar um casamento! Então, ao considerar o que estava me atraindo ao casamento, comecei a fazer uma lista mental de todos esses pontos.
Confiança foi uma das primeiras qualidades em que pensei. Eu estava pressupondo que, quando casados, então estamos seguros de que alguém nos ama e se interessa por nós.
Quando compreendi que o que eu realmente estava procurando era sentir confiança, lancei-me imediatamente em busca de meu valor individual. Era como se eu estivesse à procura de um tesouro, buscando encontrar as qualidades que eu sabia que Deus me dera. Elas sempre tinham estado ali, mas nunca antes cogitara eu de expressá-las. Na medida em que prossegui no esforço consciente de saber que a confiança e a segurança já me pertenciam, a preocupação de me lançar a um casamento precipitado, desapareceu.
Mas não creiam que eu seja contra o casamento — de modo algum. Antes, imagino que um dia casarei, mas não terei de me casar para ser companheira. Posso começar a ser agora mesmo companheira constante da bondade, da honestidade e da sinceridade. Não é lógico que, se são essas as qualidades que teremos como companheiras, então nenhuma delas poderá faltar em nossa experiência? O que desejamos ser — confiantes, seguros, dignos — já o somos, aos olhos de Deus. E Deus conhece-nos como realmente somos. Podemos saber esse fato em relação a todas as pessoas com que entramos em contato. E, de nossa parte, podemos ser vistos somente como realmente somos — completos, confiantes e seguros.
Sou a favor do casamento — se isto significa casar-se com um noivo. Eis como a Sr.a Eddy define o termo bíblico “noivo”: “Compreensão espiritual; a consciência pura de que Deus, o Princípio divino, cria o homem como Sua própria idéia espiritual, e de que Deus é o único poder criador.” Ciência e Saúde, p. 582. Que coisa maravilhosa é poder unir-me à “consciência pura. .. que Deus. .. cria”. Por que não tornar-se companheiro dessa idéia, agora já?
