Se nos parecer termos feito uma porção de coisas erradas, se tivermos uma origem educacional ou económica deficiente, se acreditarmos na herança de maus traços de caráter e se nos sentirmos cerceado por eles, poderemos ter a impressão de não haver esperança de conseguir satisfação e êxito na vida. Mas uma conclusão como essa é absolutamente desnecessária. Por utilizar as verdades que a Ciência Cristã explica com clareza, podemos começar por nos descartarmos das deficiências que, conforme percebemos, estão a nos manter num estado de desespero. “A Ciência revela a possibilidade de se conseguir todo o bem”, diz-nos a Sr.a Eddy, incutindo-nos imensa coragem, “e põe os mortais a trabalhar para descobrir o que Deus já fez; mas a falta de confiança em nossa habilidade de conseguir o bem desejado e produzir resultados melhores e mais elevados, muitas vezes impede que experimentemos nossas asas, e desde o início torna certo o fracasso.”1
Nenhum de nós deve ter a impressão de que nos falta a habilidade de alcançar a bondade. O fato espiritual científico é que o homem é a expressão pura de Deus, o bem, e não é um mortal cerceado e condenado que se sente sem esperanças em relação à vida. A verdade é que o homem, a idéia do Amor divino, nunca foi cegado pelo que fez de errado, quer seja como perpetrador do mal ou sua vítima, — e nunca está numa situação desesperadora. A idéia de Deus é sempre imaculada, concordante e sadia. Ainda que montanhas de dificuldades nos estejam envolvendo, ainda que oceanos de desânimo pareçam estar a nos afogar, é possível começar, pela Ciência, a provar agora nossa inocência imortal.
Lucas conta-nos que uma mulher considerada altamente imoral se aproximou de Jesus quando este estava jantando com um fariseu. Ela lavou-lhe os pés com lágrimas, enxugou-os com seu cabelo, e untou-os com óleo de altíssimo preço. Seu grande amor e respeito por Jesus, que o fariseu orgulhoso não havia demonstrado, eram indicações do arrependimento dela. Jesus lhe assegurou: “Perdoados são os teus pecados.”2 O profundo amor de Cristo Jesus, que vem à tona neste incidente, mostra sua certeza quanto à inocência do homem imortal, e indica que Jesus, de fato, reconhecia que todos os homens podem realizar o bem, embora tenham uma história mortal infeliz.
A Ciência Cristã pode pôr-nos a trabalhar para descobrir o que Deus já fez. E que é que Deus já fez? Deus fez o homem como Sua expressão imaculada. Deus fez o homem livre de contendas, privações, doenças. O homem é a representação impecável de Deus. O homem é abençoado com o bem infinito de Deus.
Deus é Espírito, e Sua idéia é incapaz de deixar-se enredar pela materialidade. Na totalidade do Espírito a materialidade é um conceito impossível e inexistente. Entregarmo-nos sem resistência e sem objeção ao pensamento de que somos mortais propensos ao pecado, apanhados irremissível e perpetuamente em alguma circunstância material decepcionante e degradante, não nos conduzirá para a liberdade e a bondade. Tais identificações erradas impedem-nos até mesmo de começarmos a experimentar nossas asas. A Sr.a Eddy nos diz: “Os mortais têm de mudar de ideais a fim de poder melhorar seus modelos. Um corpo doente é o resultado de pensamentos doentios. A doença, a moléstia e a morte provêm do medo. O sensualismo produz más condições físicas e morais.”3
Assim sendo, está claro o que devemos fazer. Temos de substituir nossos valores e nossos modelos. Mas sem tomar em consideração quão opressivas sejam nossas condições, podemos começar essa substituição justamente agora. Como? A página que segue o requisito que acabamos de citar dá a resposta: “Mantém o pensamento firme nas coisas duradouras, boas e verdadeiras e farás com que elas se concretizem na tua vida, na proporção em que ocuparem teus pensamentos.”
Na medida em que seguirmos essa regra, a possibilidade de conseguir o bem se concretiza na consecução do bem. Tão logo nosso pensamento se espiritualize, nossa vida, exteriorizando nosso pensamento, modifica-se para melhor.
Não há indivíduo, em parte alguma, que não seja capaz de mudar o curso de seu pensamento neste momento. Isso acontece porque o Cristo, o desabrochar da pureza e da inocência da Alma, está com cada um de nós, sempre, em toda parte. O Cristo mostra-nos a maneira de melhorar, a partir do momento em que nos mostramos dispostos a acolher no pensamento a sua orientação.
A Bíblia nos diz: “Chegai-vos a Deus e ele se chegará a vós outros.”4 Podemos começar, conchegando-nos a Deus, agora mesmo, espiritualizando agora nosso pensamento, e começaremos a ver provas de Seu amor por nós. Qualquer bem que possamos encontrar no nosso pensamento é o elemento real e substancial do nosso pensamento. Devemos focalizar esse bem, magnificá-lo e glorificá-lo; o bem vem de Deus, e Ele nos ajudará a nos aproximarmos dEle. Tudo quanto seja indigno ou mau no nosso pensamento é o elemento menos substancial desse pensamento. Do ponto de vista científico ele não tem nenhuma substância ou verdade, e podemos começar por descartá-lo. O mal não pode perpetuar-se, e não há autoridade ou causa que lhe sirva de base para perpetuar-se. A discórdia provém de uma crença enganada de que o homem está separado de Deus. Mas tudo quanto é bom no nosso pensamento, ainda que pareça apenas um ténue vislumbre, é indício da presença de Deus, e Deus nunca está presente apenas em parte, mas sim, sempre, na sua totalidade.
Uma análise como essa do nosso pensamento e as mudanças que se seguirem na nossa vida nos colocarão a caminho de conseguirmos todo o bem.