Quantas vezes os tratamentos que, em espírito de oração, ministramos a nós mesmos e a outros obtêm resultados imediatos? Desses tratamentos, quantos produzem cura instantânea? Será que alguns resultados de nosso ministério de cura na Ciência Cristã parecem lentos e talvez possam ser atribuídos a “causas naturais”, em vez de serem o rompimento rápido e definitivo de todas as assim chamadas leis de causação material?
Não devemos hesitar em avaliar as curas que conseguimos. Talvez seja preciso fazermo-nos esta pergunta simples, porém básica : Compreendemos realmente o que realiza a cura? Se pudermos responder a essa pergunta em termos simples e diretos, talvez venhamos a ser realmente eficientes em nosso trabalho de cura.
Podemos começar por não levar em conta a noção ainda prevalecente de que a Ciência Cristã é um mero sistema de cura do tipo “mente-contra-matéria”. Em parte alguma do livro-texto, Ciência e Saúde, a Sr.a Eddy afirma que a mente humana cura. Escreve ela: “A mente humana não tem poder algum para matar ou curar e não exerce domínio algum sobre o homem de Deus.”1 A Bíblia afirma claramente que o poder de Deus é o poder sanador: “Eu sou o Senhor que te sara.”2
O pensamento humano desprovido de inspiração espiritual não há de curar a quem quer que seja ou o que quer que seja. A crença humana é a origem do problema e não a solução dele, e a crença em saúde material é tão errónea quanto a crença em má saúde material. Uma vez que toda matéria é ilusão e tem de dissolver-se no seu nada inicial, não há possibilidade de cura real em qualquer forma de confiança ou crença material.
Uma cura é muito mais do que sentir mero bem-estar na matéria. O regozijo com o bem-estar no corpo material é às vezes seguido de discórdia ou desconforto no corpo. A cura é uma experiência espiritual na qual as crenças da mente mortal são substituídas pela revelação do perfeito ser espiritual, revelação essa que provém da Mente divina.
A Sr.a Eddy escreve: “Devemos compreender que a causa da doença vinga na mente humana mortal, e que sua cura vem da mente divina imortal.”3
Deus, a Vida, a Verdade e o Amor divinos, efetua a cura, e precisamos abandonar qualquer tentativa de curar a nós mesmos e a outros por meio de mera formulação de pensamentos humanos. Embora muitas vezes tenhamos de lutar contra uma evidência sensorial de discórdia, o esforço que a mente humana faz para curar não é o tratamento no qual Deus, a Mente, fala a verdade à consciência humana e os doentes e os pecadores são curados.
Quando as crenças mortais dão lugar às idéias imortais da Mente divina, tudo o que pode aparecer na consciência refletida é o saber, o ver e o sentir harmoniosos da Mente divina. Cristo Jesus conhecia os pensamentos de Deus por sua receptividade humilde a esses pensamentos. Disse ele: “O Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai.”4
São as crenças discordantes e aflitivas da mente humana, o que precisa ser curado, — e a mente humana, embora possa tornar-se receptiva à verdade sanadora, não tem por si só o poder de curar-se. A verdadeira cura efetuase pela ação da Mente divina sobre a mente humana, mas não pela mente humana sobre si mesma. Isso pode parecer como algo que acontece no pensamento humano, mas a consciência humana que se torna a melhor transparência para o Espírito divino ou a Mente divina, é a que reflete o maior poder curativo.
A Sr.a Eddy escreve: “Se o Espírito ou o poder do Amor divino dá testemunho em favor da verdade, isso vem a ser o ultimato, o modo científico, e a cura é instantânea.”5 Talvez isso possa ser melhor ilustrado por uma experiência real em que se empregaram duas maneiras diferentes de dar tratamento na Ciência Cristã. Devemos notar, com relação ao tratamento mediante a oração científica, tal como é usado na Ciência Cristã, que o tratamento sanador pode consistir de muitas horas, ou até de dias, de oração persistente e conscienciosa por parte do praticista, ou o tratamento pode ser apenas uma só realização positiva da Verdade.
Certo adolescente pediu a um praticista que o ajudasse. Ele havia caído da bicicleta e julgava ter fraturado o tornozelo. O praticista o consolou, falando sobre a presença, o poder e o amor de Deus, e depois do telefonema continuou, em espírito de oração, o tratamento, mediante a negação do acidente e pelas afirmações de que o amor e o poder protetores de Deus eram completos. Esse tratamento trouxe bons resultados, pois o menino sentiu-se melhor e a dor na perna diminuiu.
Na manhã seguinte o adolescente telefonou novamente ao praticista, dizendo-lhe que ainda não podia andar. Dessa vez o praticista não deu um tratamento fundamentado apenas no raciocínio humano espiritualmente esclarecido. Em vez disso, ele se relacionou com a Mente única e divina, sabendo que essa Mente única era a sua. Viu-se como reflexo ou imagem e semelhança de Deus, e como sabedor apenas daquilo que a Mente divina estava sabendo. Por abandonar, em certo grau, um sentido pessoal do eu e por refletir o Ego divino, compreendeu que o grande Eu Sou do ser do rapaz conhecia somente perfeição, harmonia, ação sem esforço — o pensamento que se move dentro da liberdade da Mente perfeita, sem a menor consciência de dor ou de limitação material.
Falou com brevidade explicando a verdade positiva que inundava sua consciência, e a seguir desligou o telefone. Não continuou o tratamento. Nem podia, pois sentia que não sobrara nada de discordante para ser tratado.
Alguns minutos mais tarde a mãe do menino chamou, dizendo que este tinha sido curado instantaneamente e estava correndo por toda parte com grande alegria.
A diferença entre esses dois tratamentos é a diferença entre a insuficiência do raciocínio humano, mesmo quando inspirado espiritualmente, e o poder do saber divino. O raciocínio humano em relação a Deus e ao homem pode ser uma boa maneira de começar um tratamento; indubitavelmente ele produz resultados benéficos. Mas a consciência absoluta e científica do Espírito infinito — frequentemente conseguida só depois de muita oração em busca de espiritualização — é um passo gigantesco para longe do raciocínio.
Esse passo mais aprofundado produz resultados instantâneos, pois significa conhecer por experiência própria aquilo de que Deus está consciente a Seu próprio respeito. É ser o que o homem é, a verdadeira manifestação de Deus, não uma mente separada que pensa sobre Deus. Não há medo, fraqueza, cansaço, doença, pecado ou morte nesse modo de conhecer, porque Deus apenas tem conhecimento do amor, do poder, da força, da saúde, da pureza e da vida. Esse conhecimento está profundamente unido à consciência perfeita e liberta-nos dos conflitos que se travam na mente humana.
Paulo assegura-nos: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.”6 Quando compreendemos que é o Espírito que dá testemunho e que sabe — e vivemos de acordo com tal conhecimento — isso se torna visível em nossa experiência como o poder irresistível do bem contra o qual nenhuma forma de mal, de doença ou de morte pode resistir.
    