“De acordo com sua compreensão”
[Este artigo sobre a Escola Dominical aparece ao mesmo tempo, em inglês, no Christian Science Journal.]
Ao procurarmos uma orientação sadia para poder melhor lecionar Ciência Cristã a uma classe da Escola Dominical, volvemo-nos naturalmente ao Manual de A Igreja Mãe de autoria da Sr.a Eddy. Nesta obra, nossa Líder requer (§ 2° do Art. 20): “As Escrituras serão ensinadas às crianças da Escola Dominical, e estas serão instruídas de acordo com sua compreensão ou aptidão para apreender os significados mais simples do Princípio divino que lhes é ensinado.”
Ela não só estipula essa norma, mas a repete mais adiante, no mesmo artigo (§ 3°), quando especifica: “As lições subseqüentes, que consistem de perguntas e respostas adaptadas a uma classe juvenil, podem ser organizadas com base nas Lições indicadas no Livrete Trimestral da Ciência Cristã, e que são lidas nos serviços religiosos da Igreja.”
Somos instruídos a lecionar não só “de acordo com sua compreensão”, mas também de modo tal que, até ao empregarmos o método de perguntas e respostas, estas sejam “adaptadas a uma classe juvenil”.
A prosperidade da Escola Dominical — os bons resultados obtidos pelos alunos — está intimamente ligada à nossa obediência a tais diretrizes. Estas nos forçam a formular certas perguntas: Estarei eu realmente me comunicando com meus alunos? As ilustrações que estou empregando, estariam elas adaptadas de maneira direta às experiências deles? Será que estou a par do que acontece com a nossa mocidade de hoje?
Vejamos o que se pode fazer nesse sentido.
Diz-nos a Sr.a Eddy em seu livro Ciência e Saúde: “A intercomunicação se faz sempre de Deus para Sua idéia, o homem” (p. 284). As idéias divinas nos vêm de Deus. As idéias divinas que vêm aos nossos alunos, procedem de Deus. À medida que nós, professores, nos compenetrarmos verdadeiramente deste fato libertador, não mais temeremos que diferenças pessoais, diferenças de idade ou quaisquer outras crenças errôneas possam interromper a “intercomunicação” entre Deus e Suas idéias. Nenhuma sugestão de deficiência em nossa habilidade de ensinar ou de inadequado preparo por parte de nossos alunos, pode ter a possibilidade de embaraçar essa “intercomunicação”. Quão reconfortante, é saber que, na realidade espiritual, tanto o professor como o aluno, refletem a compreensão infinita.
É atividade normal do professor consciencioso seguir essa trilha, ou qualquer outra, que se apresente ao pensamento quando ele trabalha para uma classe da Escola Dominical. Essa oração, que protege e sustenta, serve de salvaguarda aos nossos adolescentes e é uma expressão vital de nosso amor para com eles.
Alicerçando nossos ensinamentos numa base metafísica firme, podemos encontrar-nos a refletir conscientemente a expressividade da Mente, e estaremos nos comunicando com nossos alunos de várias maneiras e sempre de acordo com a habilidade deles de apreender a mensagem da Mente. Vejamos alguns exemplos.
O vocabulário
Uma criança de cinco anos pode não compreender certas palavras bem compridas usadas na Ciência Cristã. Talvez nem mesmo as palavras mais curtas! Certa professora relata: “Lembrando-se de quão limitado devia ser o vocabulário de uma criança de cinco anos, fiz um teste no decorrer da aula. Ao falar em Jesus como carpinteiro, perguntei: O que é um carpinteiro? Sem hesitar uma das crianças disse: “Não é alguém que faz tapetes mágicos? (A palavra inglesa “carpenter”, que significa carpinteiro, fez a criança lembrar-se da palavra “carpet”, que quer dizer tapete, pois ambas têm o mesmo radical.) E, assim, pacientemente expus-lhes a função de um carpinteiro antes de prosseguir com a aula sobre Jesus.”
A relação entre as histórias bíblicas e os Mandamentos e as Bem-aventuranças. A solução de problemas.
Uma professora de uma classe de crianças de quatro anos de idade escreveu: “Enquanto estudo a Lição-Sermão durante a semana, escolho trechos de histórias que serão interessantes para os pequeninos e procuro esclarecer de que maneira essa história ilustra um dos Dez Mandamentos, uma das Bem-aventuranças, ou mesmo ambos. Constatei que estes pequeninos são capazes de aprender a curar-se e a curar aos outros. Assim, todos os domingos, debatemos a maneira de resolver certos problemas através da cura, usando algum ponto que um aluno havia mencionado ou apenas um exemplo que inventamos na hora.”
Estar atento ao que os alunos dizem
Às vezes, por intuição espiritual e outras vezes por se estar atento ao modo como os integrantes de nossa classe conversam entre si, ficamos sabendo o que poderá tocar-lhes o pensamento. Por meio deste último método, um professor ficou sabendo que seus alunos, adolescentes, estavam deveras interessados em motocicletas. Decidiu que tentaria relacionar esse tópico com a Ciência Cristã. Lembrandose da afirmação da Sr.a Eddy no livro-texto (Ciência e Saúde, p. 269) “A metafísica reduz as coisas a pensamentos e substitui os objetos dos sentidos pelas idéias da Alma”, ele começou sua aula naquele dia pedindo aos alunos que mencionassem dez partes de uma moto. Isso eles logo o fizeram e o professor aproveitou as respostas como base para seus ensinamentos
Juntos, a classe e ele, viram que o carburador, por exemplo, regulando o fluxo de ar e gasolina para o motor, assegura o bom funcionamento do motor; isso podia ser comparado ao Princípio divino, cujas leis regulam nossas vidas e resultam em produtividade e progresso; os freios, eles viram, permitem ao motociclista controlar a velocidade; com isso ficou ilustrado à classe o autogoverno espiritual e a autodisciplina necessários para reprimir ações imprudentes ou impulsivas. E, assim por diante.
Essa classe, cujos alunos estavam entediados, irriquietos e desatentos, tornou-se ativa, com muita vontade de aprender mais a respeito da aplicação da Verdade nos assuntos humanos.
Perguntas que causam espanto
Os alunos, na faixa etária dos dezessete aos vinte anos, são donos de uma habilidade de compreender aquilo que lhes é ensinado num grau bem mais avançado do que poderíamos imaginar. Suas perguntas podem nos causar espanto. “O que é pecado, de acordo com a Ciência Cristã?” “Por que a Sr.a Eddy nos dá sete sinônimos para Deus? Só a palavra Deus não seria suficiente?” “Como é que um Cientista Cristão pode ser um bom atleta, quando ele sabe que a matéria não tem poder?” “Que atitude devemos ter perante o aborto, o concubinato e o controle de natalidade?”
É nessas ocasiões que devemos ser sinceros e à prova de choque, para podermos valer-nos dos recursos profundos e completos que a Ciência Cristã oferece. Tais perguntas precisam ser feitas; elas, porém, só vêm à tona em nossas classes, quando o aluno sabe que não será mal interpretado ou condenado por ter apresentado sinceramente suas perguntas. O amor, a compreensão, a compaixão, a paciência e o respeito por parte do professor contribuirão para manter a receptividade do aluno aos bons ensinamentos.
Uma professora nos escreveu o seguinte: “É-me de grande ajuda, por inspirar humildade, lembrar-me de Jesus e das obras de sua vida. Se considerarmos a sua profunda compreensão a respeito da realidade, veremos que foi o amor, em seu sentido mais elevado, que o impeliu a traduzir sua visão em palavras que seus discípulos e a multidão a pudessem captar.”
Continuou ela: “Depois da ressurreição, este Mestre querido permaneceu ainda quarenta dias encontrando-se várias vezes com seus discípulos, conversando com eles e explicando-lhes aquelas verdades espirituais que eles ainda não tinham conseguido compreender. Que paciência infinita precisou ter, para fazer isso! Vejo que ao procurar verter em minha própria vida, o amor que ele expressava, descubro meios de me entrosar bem com os meus alunos da Escola Dominical. E esse entrosamento é tanto coletivo como individual.”
Feliz é o professor cuja classe tem plena liberdade de fazer perguntas! Pois será levado a estudar a Ciência de maneira cada vez mais profunda, para ter a certeza de encontrar orientação correta para seus jovens inquiridores. Inúmeros professores podem lembrarse, com gratidão, das muitas vezes em que uma resposta totalmente inesperada lhes adveio graças à inspiração.
Soluções, não apenas problemas
Uma professora substituta perguntou, certo dia, à classe, o que costumavam fazer quando o professor titular dava a aula. “Debatemos o tempo todo”, respondeu um menino num tom de voz meio contrafeita. Os assuntos abordados, ao que tudo indicava, eram legítimos e de grande interesse para a classe. A classe, porém, não era levada à solução dos problemas à luz da Ciência Cristã e se restringia a debatê-los apenas.
Esse fato serviu de lição para aquela professora substituta, quando ela mesma tornouse titular. Procurou, então, assegurar-se de que após a aula os alunos sentiam estar de possa da solução e não apenas do problema. Manteve em sua mente a admoestação da Sr.a Eddy à página 448 do livro-texto: “Procura deixar na mente de cada aluno uma viva impressão da Ciência divina, um alto conceito das qualificações morais e espirituais que se requerem para curar, bem sabendo que é impossível ao erro, ao mal e ao ódio conseguirem os grandes resultados que a Verdade e o Amor conseguem.”
Um professor de Escola Dominical, quando diligente, humilde e disposto, pode alcançar grandiosos resultados. A luz da Verdade, forte e clara, revelar-se-á igualmente ao professor e aos alunos; a ignorância e o mal desaparecerão em sua própria nulidade. E será cumprida a cláusula do Manual que requer que o ensinamento esteja adaptado à habilidade de aprendizagem dos alunos.
[Esta coluna é publicada trimestralmente no Arauto da Ciência Cristã.]
