Skip to main content Skip to search Skip to header Skip to footer

O amor pelo irmão a quem vemos

Da edição de junho de 1976 dO Arauto da Ciência Cristã


Como se pode vencer o ressentimento ou o ódio nutrido há muito tempo contra alguém?

Certa mulher encontrou uma resposta que lhe serviu para tornar clara a perscrutadora pergunta da Bíblia: “Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.” 1 João 4:20;

Repentinamente, alguém bastante mais jovem foi posto como autoridade acima dela, no escritório. A experiência dele, no trabalho altamente especializado que ambos faziam, era muito inferior à dela. De fato, ela havia ajudado a treinar o rapaz. Como achasse que ele ainda estava longe de estar preparado para o trabalho, ressentiu-se da autoridade dele, que em seu modo de ver parecia súbita e imerecida. Agora, não só precisava receber ordens dele, como também, às vezes, tinha de suportar o que parecia ser rispidez imperdoável, causada em parte pela forte tensão sob a qual trabalhavam.

Toda vez que a tratava com rispidez, ele sempre se desculpava, contristado. Condescendente com a falta de preparo dele frente às responsabilidades, ela aceitava as desculpas. Pensava com grande condescendência: “Bem, ele tem uma série de problemas e acho que, realmente, não foi isso o que quis dizer. Naturalmente, devo perdoar-lhe.” Mas as situações a exacerbavam. E, à medida que o ressentimento dela crescia, ela reagia mais abruptamente.

Ambos eram estudantes de Ciência Cristã. Certa ocasião, os dois conversaram sobre o desejo mútuo de curar aquela situação desagradável. Uma declaração da Sr.a Eddy salientou-se-lhe: “Quem deseja ser mortal, ou quem é que não quereria alcançar o verdadeiro ideal da Vida e recuperar sua própria individualidade? Hei de amar, se alguém odiar. Porei o peso da balança do lado do bem, meu verdadeiro ser. Só isso me dá a energia divina para vencer todo erro.” Miscellaneous Writings, p. 104;

Entretanto, por mais que ela tentasse, nos momentos de tensão parecia-lhe ser incapaz de manter o equilíbrio desejado. Os desagradáveis conflitos continuavam.

Finalmente, depois de uma altercação que a perturbou de maneira especial, a mulher reservou uma noite para meditar serenamente. Orou por uma iluminação espiritual que a tirasse daquela desarmonia capaz de ameaçar toda a sua carreira. Entretanto, com o último incidente ainda fervilhando no pensamento, seu raciocínio não atingiu, de imediato, o nível desejado.

Deparou-se a pensar: “Eu o venho desculpando, afirmando que suas palavras indelicadas não refletem o que ele pensa. Bem, talvez não reflitam mesmo. Senão, porque continuaria com tais explosões? Algumas personalidades parecem em atrito umas com as outras e nunca chegam a um acordo. Parece que não há muito que se possa fazer a esse respeito. Terei apenas que aceitar o fato de que esse homem não gosta de mim e fazer o melhor que posso para enfrentar as coisas como são.”

Mas por fim, quase em desespero, aprofundou-se mais, almejando descobrir por que meios poderia enfrentar o problema.

E então, de modo claro e impressionante, vieram-lhe ao pensamento, que de repente se tornara receptivo, estas palavras: “Não faz a mínima diferença se ele gosta de você ou não. A única coisa que lhe diz respeito é: Você tem amor a ele?”

A pergunta atingiu-lhe de cheio o coração, dissipando o falso sentido material do eu que a havia mantido enredada nessa situação.

Imediatamente, todo o ressentimento que se acumulara contra o jovem, dissolveu-se. A mulher pôde sentir que a áspera e fria irrealidade da crítica destrutiva e da indelicadeza começavam a desaparecer. Em lugar delas, sentiu envolvê-la uma onda de compaixão, de amor e de alegria, como jamais conhecera. Esse amor, a expressar o Amor divino, o Espírito, o onipresente e todo poderoso, se estendeu em ternura até aquele a quem ela havia tão cruelmente julgado mal e criticado. Tinha certeza de que agora realmente o amava, de que lhe conhecia de fato a identidade real como filho de Deus, espiritual e sem defeitos. Estava certa de que nada poderia abalar aquele amor penosamente conseguido.

A mudança completa de sua atitude foi instantânea e trouxe cura a toda a situação.

Logo essa cura foi posta à prova. Não muitos dias depois, o homem veio vociferando, daquele modo que ela de costume considerava truculento, exigindo ação a respeito de um pormenor sobre o qual ela viu não estar ele bem informado. Ao invés de responder asperamente, como antes, olhou para ele com amor no coração e falou-lhe como o faria a um amigo com quem tivesse um entendimento perfeito. Disse, brincando: “Se você parar de fazer barulho, terei prazer em explicar-lhe tudo.”

Ele se acalmou, a escutou, e foi-se embora satisfeito. Mais tarde, quando teve um momento de folga, voltou à mesa dela e disse-lhe com um sorriso amarelo: “Escute, não foi formidável — você me dizer para «parar de fazer barulho»?!”

Nunca mais a menor desarmonia anuviou o trabalho em conjunto. Tornaram-se verdadeiros amigos, admiradores um do outro, ajudando-se mutuamente.

Dois aspectos dessa cura trouxeram bênçãos a muitas experiências posteriores. Primeiro: A cura elevou o pensamento da mulher a um reconhecimento mais elevado daquilo que o amor é — uma qualidade de Deus, a qual o homem espiritual e verdadeiro sempre reflete — e de como esta opera nos assuntos da humanidade. Mostrou que mesmo nas situações em que parece que uma pessoa sozinha pouco pode fazer, o pensamento correto dessa pessoa pode mudar o peso da balança para o lado do bem.

Segundo: A cura mostrou claramente que os problemas não têm, de fato, raízes em circunstâncias que pensamos estarem além de nosso controle. Pelo contrário, os problemas criam raízes e crescem nas nossas reações mentais quanto a essas circunstâncias e naquilo que fazemos com relação a elas.

A questão de chefia entre a mulher e o moço, após a cura, não era diferente da situação anterior. O que mudou foi o pensamento dela a respeito da situação. A base modificada do pensamento era tudo o que se fazia necessário para revelar a ação contínua da harmonia e do amor fraternal conferidos por Deus, bem ali onde a discórdia parecia dominar.

À pergunta: “Que posso fazer para ajudar a trazer ao mundo a paz e o amor?” podemos responder: “O que sempre posso fazer é pôr meu próprio pensamento em ordem.” Ninguém mais pode fazer isso por nós. A rejeição das sugestões de que nada há que possamos fazer, junto com o reconhecimento da obrigação de curar, em nosso próprio pensamento, tudo o que deve ser curado, abre de par em par a porta para a harmonia e a cura.

O tipo de amor que cura desse modo, pode avaliar a gama das idiossincrasias apresentadas pela humanidade, sem experimentar qualquer sentimento de consternação. Não faz discriminação de cor, raça, nacionalidade, sexo ou idade. Procura alcançar o que a Sr.a Eddy escreveu sobre Cristo Jesus: “Jesus via na Ciência o homem perfeito, que lhe aprecia ali mesmo onde o homem mortal e pecador aparece aos mortais. Nesse homem perfeito o Salvador via a própria semelhança de Deus, e esse modo correto de ver o homem curava os doentes.” Ciência e Saúde, pp. 476–477.

Esse tipo de amor não ama somente porque é bonito fazer o bem, ou porque pensamos que é fácil amar aqueles que julgamos atrativos. Ele ama, porque é da natureza do homem amar e ser amado, porque o seu próprio ser provém de Deus, que é Amor e porque não há vida separada do Amor.

O homem real — a nossa própria individualidade real — não pode ser privado dessa reciprocidade no amor, assim como Deus não pode deixar de existir.

Para conhecer mais conteúdo como este, convidamos você a se inscrever para receber as notificações semanais do Arauto. Você receberá artigos, gravações em áudio e anúncios diretamente via WhatsApp ou e-mail.

Inscreva-se

Mais nesta edição / junho de 1976

A missão dO Arauto da Ciência Cristã 

“...anunciar a atividade e disponibilidade universal da Verdade...”

                                                                                        Mary Baker Eddy

Conheça melhor o Arauto e sua missão.