Do ponto de vista mundano, a resposta depende das circunstâncias. Algumas pessoas podem acreditar que um diamante sem defeito algum é o que existe de mais precioso para elas. Entretanto, que serventia teria um diamante para um homem faminto no deserto? Muitos diriam que uma fatia de pão, sim, contribuiria mais para mantê-lo com vida do que a pedra mais preciosa do mundo — ou o seu valor em dinheiro.
Apesar disso, nem todos consideram a alimentação para o sustento do corpo físico como a coisa mais importante da vida. Houve pessoas que morreram de inanição, não por lhes faltar alimento, mas em protesto contra certas condições desumanas, a injustiça e a tirania. Essas pessoas acreditavam sinceramente que lhes era bem mais importante ter liberdade, justica, integridade e convicção religiosa individual do que a vida propriamente dita. A seu modo, demonstraram que existem certos valores (não palpáveis fisicamente) pelos quais vale a pena sacrificar a própria vida.
Cristo Jesus perguntou: “Que aproveita ao homem, ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” Marcos 8:36;
O Mestre ensinou que Deus, o Espírito, é o criador e que a substância de todo o ser real é espiritual. A matéria não é vida nem substância. “O espírito é o que vivifica”, disse ele, “a carne para nada aproveita.” E continuou: “As palavras que eu vos tenho dito, são espírito e são vida.” João 6:63; O Mestre provou isso em sua própria experiência.
Durante o seu tempo de provação no deserto, Jesus não havia comido, mas diante da tentação de usar o seu poder sobre a matéria a fim de transformar pedras em pães, referiuse ele às Escrituras: “Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.” Mateus 4:4; Logo após essa experiência, Jesus ensinou a natureza daquela Palavra de Deus que se torna espírito e vida para aqueles que a põem em prática. A mensagem acha-se resumida no discurso mais divulgado no mundo — o Sermão do Monte como hoje em dia ele é mais conhecido. Se as narrativas nele contidas, conforme as apresentam os Evangelhos (V. Mateus, Caps. 5 a 7, e o Cap. 6° de Lucas) são ou não relatos fiéis daquilo que Jesus teria dito em uma única ocasião especial, ou se constituem apenas coleções de seus ensinamentos através dos anos, não passa de discussão acadêmica. Esse sermão é uma análise inestimável de tudo aquilo que se possa pretender ter ou fazer. É a exemplificação do caráter cristão que, ao ser vivido, haverá de trazer à experiência individual os matizes cintilantes da Alma e permitirá ao homem estar consciente de possuir todo o bem a que alude a expressão bíblica “o reino dos céus”.
Cada trecho desse sermão, até mesmo cada versículo, ressalta um aspecto particular da Verdade. Arde com o fulgor do Amor divino. Considerados em conjunto, esses versículos irradiam tanta beleza espiritual que, quando focalizados na vida humana, iluminam o caráter e a existência da pessoa que personifica essa mensagem. Referindo-se ao discurso todo, a Sr.a Eddy escreve: “A parábola do «filho pródigo» é com acerto chamada «a pérola das parábolas», e a mais significativa preleção de nosso Mestre bem pode ser chamada «o diamante dos sermões».” Retrospecção e Introspecção, p. 91;
Entre os assuntos contidos nesse sermão, podemos citar algumas das atitudes de pensamento e ação que nos permitirão ser particularmente abençoados: receptividade espiritual; reconhecimento de sua própria necessidade de conhecer a verdade; mansidão (não fraqueza, mas a humildade que nos leva a demonstrar a disposição de abandonar conceitos preconcebidos em favor de uma compreensão mais elevada do ser); desejo ardente por aquilo que é correto; amor desinteressado, ou compaixão; pureza de coração, o que não significa render apenas culto exterior a Deus como o Pai de todos, mas ser testemunha de que o Seu universo espiritual, perfeito, está presente em todo lugar como a única realidade do ser; mansidão e boa vontade que, onde quer que estejam sendo expressadas, promovem a paz; e a paciência em horas difíceis — o dedicar-se a idéias corretas — o que nos sustenta quando por amor a Cristo, a Verdade, passamos por certas experiências como a fria indiferença ou o escárnio, ou ainda a perseguição declarada.
Além dessas Bem-aventuranças, que mostram à humanidade as qualidades básicas que devem ser expressadas a fim de se poder desfrutar ao máximo das bênçãos espirituais da Alma, o sermão recomenda amar aos outros, fazer o bem a todos, sem esperar retribuição pessoal. Aconselha a não temer o futuro ou com ele preocupar-se. Revê e enobrece o significado dos Dez Mandamentos a fim de mostrar que não basta refrear-se de matar ou de cometer adultério. Os pensamentos e os motivos de uma pessoa deveriam ser estritamente puros, benéficos, abnegados e subordinados à lei do amor universal. Bom seria estar sempre desejando o bem aos outros e contribuindo para o seu bem-estar.
O Sermão do Monte nos ensina a orar de maneira a que resulte cura para nós mesmos e para os outros. Exorta-nos ainda a sermos honestos ao servir a Deus, o bem, a ter confiança em Seus cuidados, a ter fé no fato de que Ele supre as necessidades de todos os Seus filhos, e a agir perante a sociedade assim como gostaríamos de ser tratados. Se fazemos essas coisas, nos assevera o Sermão, baseando nossas vidas não sobre valores materiais, mas sobre os espirituais, então, nos sentiremos seguros, como se alicerçados sobre uma rocha. Seremos fortes, confiantes, prósperos, felizes. Amaremos e seremos amados.
De fato, esse ensinamento é o próprio pão da vida, a essência do caminho cristão, que leva à demonstração da Vida eterna. Ele resume as coisas de real valor para a humanidade, coisas que nos garantem neste momento uma experiência de real valor. A Sr.a Eddy escreve: “Em minha opinião, o Sermão do Monte, se lido todos os domingos sem comentário e obedecido durante a semana, bastaria para a prática cristã.” Message to The Mother Church for 1901, p. 11.
Muitos estudantes da Ciência Cristã adotaram esse estudo semanal.