Como indivíduos, o que temos, de fato, para dar? Essa pergunta desafiadora e perscrutadora leva-nos muito além dos conceitos materialistas de riquezas materiais, muito acima de carteiras de dinheiro e contas bancárias flutuantes. Sonda a profundidade de nossa consciência espiritualizada.
As Escrituras dizem-nos: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito é lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação, ou sombra de mudança.” Tiago 1:17; Essa fonte divina é o Espírito infinito. Jorra livremente, dando de contínuo as suas idéias divinas. A compreensão disso aumenta e intensifica os nossos conceitos do verdadeiro dar.
As riquezas espirituais insondáveis de Deus jamais podem ser medidas, pesadas, contadas, limitadas ou exauridas. O perpétuo dar de nosso terno Pai inclui imparcialmente a todos os Seus filhos. Algumas pessoas usam essas dádivas; outras abusam delas; ainda outras ignoram-lhes a existência. Dar é uma bênção bilateral. Quem dá é abençoado pelo desejo desprendido de repartir e por excluir do pensamento a limitação. Quem recebe é abençoado pela prova do cuidado amoroso e pela provisão do Amor. O muito ou pouco que aceitamos ou damos torna-se demonstração individual.
Que lições salutares acerca de dar podemos aprender com o registro bíblico sobre Pedro e João, esses ardorosos discípulos de Jesus! Ao aproximarem-se do templo, foram detidos, à porta chamada “Formosa”, por um homem coxo, que ali era levado diariamente para pedir esmolas (V. Atos 3:1–8).
Se Pedro e João tivessem condescendido com o apelo do inválido, poderiam ter encorajado ou prolongado seu estado malsão. A materialidade nunca dá solução ao problema, pelo contrário, está mais inclinada a aumentá-lo ou complicá-lo.
Pedro atendeu à necessidade real do mendigo — a necessidade de cada um de nós — não de minguada esmola, nem de simpatia humana, mas sim de melhor compreensão acerca da identidade verdadeira do homem, acerca de sua verdadeira semelhança com Deus e de sua retidão, acerca do homem feito à própria imagem de Deus.
“Não possuo nem prata nem ouro,” respondeu Pedro ao apelo do homem, “mas o que tenho, isso te dou.” O que Pedro tinha! A capacidade de curar pelo Cristo e o ouro da bondade e da compaixão humanas. A prata e o ouro são incapazes de afrouxar as constrangedoras cadeias do que é físico e material. A certeza que Pedro tinha do poder e do domínio refletidos de Deus e que o homem possui, elevou mentalmente o homem imobilizado e o preparou para esta ordem imperativa: “Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” O homem coxo reagiu imediatamente, “passou a andar, ... saltando e louvando a Deus” ao entrar no templo, livre — renascido do Espírito. Também ele tornara-se um doador, dando a Deus louvor e gratidão.
Cristo Jesus ensinou que dar nunca empobrece. Demonstrou continuamente que, quanto mais generosamente damos, mais alegria colhemos. O exemplo de Jesus ensina como elevar-nos, e a outros, acima de conceitos mortais, acima do que é físico, ao vermos a nós e a outros tal como Deus nos conhece — espirituais e perfeitos. Não há outro caminho, porque em realidade o homem é o reflexo completo e perfeito de Deus. Em conseqüência, nada pode impedir-nos de saltar de nova alegria. Nada pode reprimir-nos de conferir louvor e gratidão à Divindade por dar-nos a habilidade, a capacidade e o desejo de conhecê-La melhor. Conhecer a Deus é amá-Lo. Amá-Lo é fazer a Sua vontade. Esta união intacta e inquebrantável de Pai e filho dá harmonia, orientação e segurança.
O toque curativo do Amor estava presente quando fiquei viúva, embora por algum tempo eu estivesse desapercebida de sua presença gentil, desapercebida do ininterrupto e terno cuidado de Deus e da provisão ampla de todo o bem. Com o espírito angustiado, às vezes, eu achava que nada tinha para dar a não ser tristeza e comiseração própria. A Ciência Cristã, minha amiga mais íntima e querida durante anos, trouxe-me à memória a promessa bíblica de que o efeito do Cristo é dar “uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria em vez de pranto, veste de louvor em vez de espírito angustiado” Isaías 61:3;.
Essa mensagem de estímulo alertou-me para a minha oportunidade e obrigação de dar o amor do Amor. Um sorriso aprovador dá silencioso aplauso. Um caloroso aperto de mãos dá boas-vindas. Uma palavra de encorajamento dá esperança. Uma verdade que se compartilha satisfaz a uma necessidade. Um coração compreensivo dá consolo. Dar testemunho nas reuniões de quartas-feiras é dar louvor a Deus e promete a nossos irmãos que tudo podemos alcançar. Estes gestos simples e eficientes ajudam-nos na arte de dar, na qual manejar “bem a palavra da verdade” 2 Tim. 2:15; enriquece a todos os participantes. Que todos dêem, então, a gratidão devida a nosso Pai-Mãe Deus, por Sua onipotente sabedoria, orientação, salvaguarda, justiça, misericórdia e Seu contínuo amor.
A Sr.a Eddy dá ao mundo um dom inigualável que desce “do Pai das luzes” — a chave das Escrituras — a qual descerra sessenta e seis volumes de história, filosofia, parábolas, profecias, epístolas, biografias, dramas, direito, poesia e outros. Esses livros formam o Antigo e o Novo Testamento dos quais Ciência e Saúde é a chave. “Como adeptos da Verdade,” afirma a Sr.a Eddy, “tomamos a Palavra inspirada da Bíblia como nosso guia suficiente para a Vida eterna.” Ciência e Saúde, p. 497;
O enriquecimento que colhemos ao estudar e aplicar sinceramente as verdades da Ciência Cristã alerta-nos para as necessidades de nosso próximo. No livro-texto, a Sr.a Eddy dá-nos este lembrete: “Os ricos em espírito ajudam os pobres numa grande fraternidade, em que todos têm o mesmo Princípio, ou Pai; e abençoado é aquele homem que vê a necessidade de seu irmão e a satisfaz, buscando o seu próprio bem no bem que proporciona a outrem.” ibid., p. 518.
A necessidade de todos é abrir a consciência para que o glorioso Cristo, a Verdade, possa entrar, curar, abençoar e enriquecer a todos. Então os “ricos em espírito”, equipados com a inteligência da Mente e o amor do Amor, estão preparados e prontos para satisfazer à necessidade do próximo, orientando-o para Deus.