As pessoas, especialmente os jovens, não gostam de ficar em casa todas as noites, após a aula ou o trabalho. Querem poder sair livremente — para visitar amigos, ir ao cinema, dar um passeio. E esse é um direito que têm. Todos deveríamos poder seguir em segurança o nosso caminho, sem medo de sermos feridos — e de fato podemos, se aprendemos a arte da autodefesa espiritual e verdadeiramente a praticamos.
A autodefesa espiritual não requer força física, mas precisa de vigor moral. Não se assemelha às hoje populares artes do judô, caratê ou “kung fu”, embora devesse ser aprendida e praticada com a mesma dedicação e seriedade — e até mais! Está baseada na compreensão e prática da lei divina do bem universal — a lei revelada pela Ciência Cristã — na qual a criação de Deus é reconhecida como refletindo as qualidades inerentes ao amor e sendo governada em perfeita harmonia pelo Princípio infinito.
É tão pouco provável que, sem trabalho dedicado, alguém se torne perito na prática da lei divina, como que mereça as altas distinções das artes marciais em razão de uma só lição fácil. Precisamos querer revestir-nos “de toda a armadura de Deus”, como o apóstolo Paulo, ao referir-se ao equipamento de defesa do cristão, disse: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo.” Efésios 6:11; E em outra parte denominou-o “as armas da luz” Romanos 13:12;.
Paulo estava falando por metáforas. A armadura a que se referia é espiritual. Consiste de verdade, de justiça e paz, do escudo da fé e da espada do Espírito. “Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo,” ele disse, “e nada disponhais para a carne, no tocante às suas concupiscências.” v. 14; Nossa defesa segura está em confiarmos em Deus, o bem, em expressarmos constantemente Suas qualidades e em obedecermos a Seu governo. Se prestamos atenção à direção divina e a obedecemos, ficamos fora do caminho do mal ou estamos capacitados a vencer o mal.
Sob a orientação de Deus, Cristo Jesus movimentava-se livremente e incólume, a despeito de hostilidade e ameaças. Seu pensamento estava de tal forma alerta espiritualmente que ele podia detectar de imediato as pretensões ameaçadoras do mal e, tendo-as descoberto, rejeitá-las e destruí-las por meio de sua convicção de que só Deus, o bem, tem poder. “Aí vem o príncipe do mundo; e ele nada tem em mim,” João 14:30; explicou ele a seus discípulos. Provou que, mesmo quando o mal parecia haver triunfado na crucificação, não fora capaz de destruir sua vida e paz. Quando mantemos na consciência apenas as idéias puras e espirituais da Alma, Deus, nossa segurança está garantida.
Referindo-se a Jesus, a Sr.a Eddy diz em Ciência e Saúde: “Ele dava grande importância à ação da mente humana, ação essa invisível aos sentidos.” E continua: “Os pensamentos e propósitos maus não têm maior alcance, nem fazem maior dano, do que nossa crença permite. Os maus pensamentos, a cobiça e os propósitos maliciosos não podem ir, como o pólen errante, de uma para outra mente humana e ali achar alojamento sem despertar suspeitas, se a virtude e a verdade formam forte defesa.” Ciência e Saúde, pp. 234–235;
É possível a cada um de nós formar hoje “forte defesa” em nossa consciência. A Bíblia e Ciência e Saúde dizem-nos quais são os pensamentos verdadeiros e virtuosos — quais as qualidades e conceitos mentais que há virtude em manter. “Deves ter presente a verdade do ser — que o homem é a imagem e semelhança de Deus, em quem toda a existência é isenta de dor e é permanente”, escreve a Sr.a Eddy. E continua: “Lembra-te de que a perfeição do homem é real e irrepreensível, ao passo que a imperfeição é censurável, irreal, e não é produzida pelo Amor divino.” ibid., p. 414;
Manter nossas defesas contra as crenças irreais e censuráveis do mal, requer atividade mental contínua. Destruímos essas crenças ao reconhecermos sua irrealidade e a presença vigente da perfeição. As sugestões de maldade, sensualidade, frustração, medo e perigo não devem ser ignoradas, mas postas a descoberto e sumariamente repreendidas e destruídas, baseando-nos na sua nulidade e na totalidade de Deus, o Amor. Não deveríamos permitir que as “ciladas do diabo” se escondessem em cantos escuros de nosso próprio pensamento, nem nos dispormos “para a carne, no tocante às suas concupiscências”. Quando estamos revestidos “das armas da luz” de Cristo — a compreensão da onipotência e onipresença do Amor — sabemos que não existe nenhum poder que nos possa violar, raptar, roubar ou de outro modo ferir ou atormentar.
Métodos humanos de autodefesa podem ferir outros. Mas, a forte defesa que a virtude e a verdade concedem, abençoa a todos. A consciência da presença total e do todo poder do Amor, a fé em que a harmonia divina governa o universo e o homem, a convicção de que o Espírito confere a habilidade de destruir a aparente evidência do mal, fazem muito para dar cumprimento ao propósito curativo desta oração que a Sr.a Eddy legou aos Cientistas Cristãos: “«Venha o Teu reino»; estabeleça-se em mim o reino da Verdade, da Vida e do Amor divinos, eliminando de mim todo pecado; e que a Tua Palavra enriqueça as afeições de toda a humanidade, e a governe! ” Manual de A Igreja Mãe, § 4° do art. 8°.
Tal oração não só garante que não haverá vítima, mas também ajuda a despertar ao que está fazendo o papel de bandido. Não só ajuda a manter-nos a salvo mas também a eliminar sugestões de sensualidade, cobiça, malícia ou ódio que pareçam existir no pensamento de outros — ajuda a mostrar que não têm poder e nos leva a substituí-las pelo amor.