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Nada pessoal

Da edição de abril de 1977 dO Arauto da Ciência Cristã


Em toda a terra e céu que a Deus pertencem, nada há de pessoal em ninguém. Dele é tudo — tudo o que realmente existe. A beleza é dEle; assim o são a inocência, a criatividade, a alegria, o amor. Todo o bem que existe, é derivado de Deus e pertence a Deus. Não é propriedade de uma pessoa, mas é refletido por todas as pessoas.

O cristianismo científico eleva-nos de um sentido pessoal de vida e adoração ao reconhecimento do ser espiritual individual. A Vida é Deus, e verdadeira adoração é curar — uma jornada assombrosamente linda, transbordante de paz, liberdade e luminosidade.

A Sr.a Eddy afirma francamente: “Esta grande verdade da natureza impessoal e da individualidade de Deus e do homem à Sua imagem e semelhança, individualizada, mas não personalizada, é o fundamento da Ciência Cristã.” E acrescenta: “No decorrer dos séculos, jamais uma religião ou filosofia se perdeu, exceto por submergir na personalidade o seu Princípio divino. Possam todos os Cientistas Cristãos ponderar esse fato, e dar apenas na direção certa ampla liberdade aos seus talentos e afetuosos corações.” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 117;

O sentido pessoal é a crenca na inexistência de Deus, na inexistência do bem. É o conceito físico que entretemos em nosso íntimo, com suas várias deficiências, fora do controle do bem. O sentido pessoal aceita a coleção de hábitos, tendências e fraquezas que as crenças equivocadas moldaram durante milênios, e a mochila de lembranças negativas que esse sentido traz junto. Que o mal tenha origem real e específica, que o bem seja limitado e que Deus esteja distante ou não exista, é uma ficção.

Muitas das dificuldades do mundo podem ser atribuídas ao sentido pessoal; é ele um impostor que traz consigo tristezas. Um sentido pessoal das coisas vem prometendo prazer e distribuindo dor desde o Jardim do Éden; exulta de orgulho, mas termina envergonhado; cobiça o poder, mas é a sementeira do medo; em vão procura consolo na simpatia, enquanto incessantemente causa divisão, criando seus próprios inimigos, sua própria diferença, a cada volta; pensa ser um tipo de vida, e contudo morre.

Ora, não existe possibilidade de algo estar distante de Deus, para que o sentido pessoal sinta-se distanciado; nem limites a Deus, para que procure remediá-los. Há apenas Deus — sempre presente com você e comigo, sem cuja presença nós não somos nada. “Se alguém julga ser alguma cousa, não sendo nada, a si mesmo se engana.” Gálatas 6:3 (Conforme a Bíblia inglesa); O engano é o sentido pessoal.

Nosso talento, nossa habilidade, nossa singularidade, nosso dote espiritual de bondade e amor não são pessoalmente nossos; são a auto-expressão da própria individualidade infinita de Deus. E a compreensão disso não enfraquece a nossa identidade, nem torna indistinto o nosso senso de realidade. O reconhecimento de nossa individualidade espiritual eleva a nossa existência atual. Tornamo-nos cônscios de que nós mesmos somos exemplos eternos e específicos da bondade de Deus, e de que estamos satisfeitos com nossa identidade espiritual distinta.

Jamais podemos estar tão conscientemente certos de nosso nascimento e morte como seres mortais quanto o estamos de nossa individualidade atual. Na verdade, a nossa individualidade é agora o que sempre haverá de ser; jamais nasceu, nunca está doente ou infeliz, e jamais morrerá, porque é a própria emanação de Deus. O nascimento e a morte serão considerados ilusões, à medida que andarmos pela vereda espiritual que conduz para fora do sentido pessoal de nós mesmos e de outros.

Quando nos defrontamos com dificuldades que parecem provir de faltas alheias — tais como ciúmes, ódio ou desonestidade — dificilmente elas desaparecerão até que as tenhamos despojado de personalidade. Precisamos ver que o ciúme, o ódio e a desonestidade não são pessoas, nem mesmo vêm de pessoas, nem jamais poderiam sê-lo ou delas vir. A dificuldade origina-se no sentido pessoal que contempla seu próprio conceito falso de hostilidade externada. O ciumento, o rancoroso, ou o criminoso é uma contradição fantasiosa da presença de Deus. Deve ser entendido como nada — sem presença — em vez de como alguém a quem devemos mudar ou de quem devemos nos livrar.

De igual modo, o mal que parece manifestar-se em você e em mim — o apetite descontrolado, a doença, os traços de caráter egoísticos — não têm absolutamente nada a ver com o que você e eu verdadeiramente somos. É preciso cessarmos de ter complacência com um sentido finito, falso e pessoal acerca de nós mesmos e, em lugar dele, contemplar e firmar nossa identidade real em Deus, pois ela já se acha livre. Deus não transforma doença em saúde. Ele nos revela o ser real, em quem não há doença. E assim vivemos esse fato.

É um pouco mais difícil tornar impessoal o bem — ver que as qualidades que amamos não provêm de pessoas, mas de Deus, e saber que podemos expressar a inteligência, a sabedoria e a beleza de Deus, mas que delas não somos os detentores pessoais. Tendo Deus e não a pessoa como o foco de nosso amor e única fonte do mérito, não podemos ficar desolados pelas mudanças que inevitavelmente ocorrem no cenário humano. Compreendemos que o bem é imortal, como tem de ser a bondade, e damos resposta eficaz às necessidades, em vez de nos sentirmos acabrunhados por um sentido de responsabilidade pessoal.

Pode ser que tal impessoalização pareça teórica em vista do excesso de provas que o mundo tem de personalismo. Mas se o bem impessoal, o reino de Deus, está dentro em nós, como Cristo Jesus disse que está, é preciso que apareça individualmente em nós. E pelos séculos a fora, ficou comprovado que a aparência exterior contrária não tem poder, e isso foi demonstrado por aqueles que estavam dispostos a volver-se ao Espírito e ao interior espiritual deles mesmos. A Bíblia e a história da Ciência Cristã acham-se juncadas de provas do poder do Espírito e do sentido espiritual sobre os sentidos pessoais.

Fazer com que em todos nós se revele como verdade a Sua imagem do Cristo, é atividade contínua de Deus. Ninguém pode resistir para sempre a essa revelação. Ao invés de nos apegarmos ao sepultamento em vida que o sentido pessoal efetua, constatamos que nada precisamos temer se deixarmos cair por terra esse sentido finito do ser e permitirmos que ele seja enterrado no esquecimento. Mais e mais, então, a nossa verdadeira identidade cristã, desprendida e invencível, brilha através de cada experiência diária.

Tal como S. Paulo, também nós podemos deixar que o eu pessoal “morra dia a dia” 1 Cor. 15:31.. Podemos abandonar pontos de vista pessoais, alvos egoísticos, esperanças limitadas e ceder à paz do amor de Deus. É por meio do abandonar autêntico de um sentido pessoal do eu que conscientemente contemplamos o Todo-Poderoso e O alcançamos. Ao invés de nos preocuparmos com a bondade e a vida como posses pessoais, celebramos nossa existência como a posse de Deus que ela é — o desdobramento individual, consciente, da Sua alegria sem fim.

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