Cristo Jesus mostrou à humanidade que ele era sempre senhor de seu corpo, nunca seu escravo. Curou todo tipo de doenças, coxeadura, cegueira e outros defeitos físicos; superou a fome e a sede no deserto; e venceu a morte para si e para outros.
No entanto, os seres humanos ainda consideram o corpo um ídolo e dispendem uma enormidade de tempo pensando nele, alimentando-o, vestindo- o, forçando-o a trabalhar e pondo-o a descansar, exigindo dele prazer ou padecendo dor por causa dele. Para aqueles que se inclinam diante do corpo, este é um senhor cruel, que faz de seus súditos vítimas e os prende à limitação e à morte.
A Ciência CristãChristian Science (kris’tiann sai’ennss) veio a este século trazendo-nos à lembrança todas as coisas que Cristo Jesus ensinou, e guiando a humanidade à compreensão de verdades espirituais. Os escritos de Mary Baker Eddy, a inspirada Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, ensinam-nos que o corpo verdadeiro não é material ou corpóreo, mas espiritual e mental.
Jesus compreendia que o corpo é a corporificação de todas as idéias corretas, a identidade consciente a manifestar qualidades infinitas de Deus, tais como domínio, força, liberdade, harmonia, pureza e perfeição. Ele personificava o Cristo como a idéia espiritual da filiação que unia o homem a Deus, como a identidade espiritual que o habilitava a andar sobre as águas, curar os doentes e ressuscitar os mortos. Ele instava constantemente com seus discípulos para que lhe seguissem o exemplo, que fizessem as obras que ele fazia, ajudados por sua própria compreensão e o reflexo consciente do Cristo, a Verdade.
Por ocasião da Última Ceia, ele fez com que a atenção dos discípulos se volvesse da provação que se acercava para a verdade espiritual que ele estava por demonstrar. Tomando o pão da Páscoa, ternamente deu-o a eles para que o comessem.
A Sr.a Eddy escreve na sua maneira incomparável a respeito desse momento supremo, dizendo no livro-texto, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “Seus seguidores, tristes e silenciosos, pressentindo a hora em que seu Mestre seria traído, participaram do maná celeste que outrora havia alimentado no deserto os perseguidos seguidores da Verdade. Seu pão realmente descera do céu. Era a grande verdade do ser espiritual que curava os doentes e expulsava o erro. Seu Mestre lhes havia explicado isso tudo antes, e agora esse pão os alimentava e sustentava.” Ciência e Saúde, p. 33;
Comer pão sem fermento fazia parte da festa instituída por Moisés para comemorar o fim da escravidão que o Egito havia imposto aos filhos de Israel. Jesus elevou em seguida o pensamento de seus seguidores para um significado mais alto dessa cerimônia tradicional, e prescreveu-lhes que comessem o pão em lembrança dele, para que nunca se esquecessem de que sua vida, na demonstração da união do homem a Deus, havia trazido libertação maior à humanidade do que o livrarem-se da servidão aos egípcios trouxera aos filhos de Israel.
Jesus havia demonstrado o Cristo na plenitude da glória e do poder, trazendo aos homens libertação do pecado, da doença e da morte. O acontecimento culminante de sua carreira estava iminente e os poucos e derradeiros momentos de tranqüilidade que passou com os discípulos, foram de imensa importância. “Filhinhos, ainda por um pouco estou convosco.” João 13:33; Registrando os preciosos dizeres de nosso Mestre no decurso da Última Ceia, o evangelho segundo João, em meio a perguntas e respostas, mostra que os discípulos deram-se conta da importância vital de fazer uso desses momentos para eliminar dúvidas e receios, antes que o Mestre os deixasse.
Os três demais evangelistas, Mateus, Marcos e Lucas, não repetem os detalhes da conversação que teve lugar à mesa entre Jesus e os discípulos naquela ocasião memorável, mas relatam que Jesus anunciou aos presentes que um dentre eles o trairia; e relatam também a tristeza dos discípulos em vista dessa notícia desconcertante, expressada na pergunta que cada um deles fez: “Porventura sou eu, Senhor?” E os três evangelistas prosseguem relatando que Jesus tomou o pão e o vinho da festividade pascal e os deu aos discípulos, como se quizesse resumir todo o valor de sua vida e seus ensinamentos nas palavras: “Tomai, comei; isto é o meu corpo.” Ver, por exemplo, Mateus 26:21–26;
“Comer” é assimilar, fazer seu. Será que Jesus, o qual tão cedo os deixaria, não lhes estava recomendando que se lembrassem dele ao comer, assimilar, a verdade que ele havia vivido, ensinado e demonstrado para o bem deles, e assim torná-la pública como ele o fizera, na simplicidade e no poder irradiante do exemplo do Cristo? Antes disso, Jesus falara-lhes com freqüência no pão do céu. Quando da multiplicação dos pães e dos peixes, preveniu seus discípulos a que não trabalhassem pela comida que perece, e declarou de modo breve: “Eu sou o pão da vida” João 6:35;, e “Se alguém dele comer, viverá eternamente.” v. 51;
Se compararem o uso de frases semelhantes, os estudantes podem encontrar, em outros livros da Bíblia, trechos que lançam relevante luz sobre este assunto. O profeta Ezequiel relata a visão em que lhe foi mostrado “o rolo de um livro”, e a voz de Deus ordenava: “Filho do homem, ... come este rolo, vai e fala à casa de Israel.” Ver Ezequiel 2:9–3:1; Essa mesma figura de retórica encontra-se no Apocalipse: “A voz que ouvi, vinda do céu, estava de novo falando comigo e dizendo: Vai, e toma o livro que se acha aberto na mão do anio. ... Toma-o, e devora-o.” Apoc. 10:8, 9;
Referindo-se a esse trecho de Ciência e Saúde, a Sr.a Eddy convida-nos a estudar e ponderar os ensinamentos do “livrinho”, o livro-texto da Ciência Cristã, e a pô-los em prática no nosso viver. Escreve ela: “Mortais, obedecei à mensagem celestial. Tomai a Ciência divina. Lede esse livro do começo ao fim. Estudai-o, ponderai-o. Será de fato doce ao primeiro sabor, quando vos curar; mas não murmureis contra a Verdade, se achardes amarga sua digestão. Quando vos aproximardes mais e mais desse Princípio divino, quando comerdes o corpo divino desse Princípio — participando assim da natureza, ou elementos primários da Verdade e do Amor — não vos surpreendais nem fiqueis descontentes por terdes de participar da taça de cicuta e comer as ervas amargas: porquanto foi assim que na ceia pascal, os israelitas de outrora prefiguraram essa jornada perigosa que os tiraria da escravidão, e os conduziria para o El Dorado da fé e da esperança.” Ciência e Saúde, p. 559.
É na comunhão espiritual que achamos a unificação do homem com a Mente divina. Nessa comunhão, compreende-se que a identidade é a corporificação individual consciente do espírito do Cristo, a actividade que consiste em refletir amor, saúde, harmonia, paz e felicidade. Esse estado transcendental do ser irradia-se a partir do Princípio e está subjetivamente cônscio da infinidade do bem. Não inclui nenhum mal, nenhuma doença, nenhuma obstrução, nenhuma limitação, nenhum lapso de tempo que insinue um término fatal.
O sentido verdadeiro do corpo corrige o falso senso de identificação com a matéria e anula os temores e as crenças que se originam na mente mortal e estão ligados à hipótese de um corpo material, físico e perecível. Silencia as sugestões de idade e decrepitude e livra da insinuação mortal de que o pecado é um mal necessário e indispensável.
O corpo, como expressão da Verdade, não pode ser tocado pela doença, por acidente ou pela força atômica. O corpo está fora do alcance do mal, quer a sugestão mental agressiva tome a forma de medo, penúria, condições mundiais ou qualquer tipo de catástrofe.
Em comunhão sagrada com idéias divinas, em consagração devotada ao Cristo vivo, discernimos o sentido verdadeiro de corpo, e assim comemos o pão da Verdade espiritual e bebemos o vinho da inspiração celestial. Estas preciosas palavras de nosso Mestre: “Tomai, comei; isto é o meu corpo,” dão novo impulso a nossas vidas.
A comunhão não é uma cerimônia, mas uma prática cotidiana. O sacramento se manifesta no reflexo fiel da bondade e do amor divinos, no doce calor da gratidão, da saúde e da felicidade — o sinal de Emanuel, ou “Deus conosco”. O Cristo é levantado, e o homem visto como a corporificação, ou a expressão radiante, da glória de Deus e a imagem da Mente.