Imagine uma menina-moça de treze anos de idade durante as férias de verão. Está ela em tremenda dificuldade quanto à escola; o seu futuro é incerto. Foi desde pequena educada na Ciência Cristã, mas está em dúvida se esta não passa de um amontoado de asneiras.
Certo domingo, por algum impulso divino, acha-se presente a um culto numa igreja da Ciência Cristã. À medida que o serviço se desenrola em torno do tema central da lição bíblica, a mocinha sente que dentro de sua consciência começa a desabrochar muito calma e naturalmente uma compreensão do que Deus é. Sabe então que a Ciência Cristã é realmente verdadeira.
No caminho para casa, sente profunda convicção de que, quando crescer, será praticista da Ciência Cristã.
Oito anos mais tarde é.
Como foi que tal culto deu início a essa mudança de pensamento, tão radical e curativa?
Foi o Verbo do Espírito, e o espírito transformador da Palavra, o que abriu de todo um novo céu e uma nova terra, ao menos para um jovem membro daquela congregação.
A Sra. Eddy escreve em Não e Sim: “Deixai o Verbo ter livre curso e ser glorificado.” Não e Sim, p. 45; Os serviços realizados em nossas igrejas curam quando permitimos que tal aconteça.
Como é possível “deixar o Verbo ter livre curso”?
Uns amigos meus compraram uma casa com um grande terreno que fora deixado virar num matagal. Certo dia, andando placidamente pela propriedade, a dona da casa percebeu o ruído de água corrente. Logo o marido pôs-se a investigar esquadrinhando a vegetação rasteira, encontrando um regato de cuja existência não sabiam porque a macega o encobrira.
Removida a macega, logo o regato teve livre curso e foi glorificado num jardim com primaveras, íris azuis, lírios d'água, salso-chorão e muitas outras plantas e arbustos ornamentais — uma alegria para muitas pessoas no decorrer dos anos.
Daí nos perguntarmos: Como é possível “deixar o Verbo ter livre curso e ser glorificado” em cultos que curam?
É-nos possível ficar caladamente à escuta para ouvir o Verbo, Cristo, em nosso próprio coração, como essa mulher ouviu o som da água corrente antes de ter conhecimento de que ali havia um regato. Essa mulher estivera em silêncio. É-nos possível cultivar a atitude interior de escutar espiritualmente, em silêncio. É-nos possível fazê-lo a qualquer hora, por mais cheia de atividade que nossa vida esteja.
É a qualidade do nosso viver durante a semana o que determina a qualidade dos serviços realizados em nossas igrejas. O quanto o Verbo teve livre curso e foi glorificado entre um e outro serviço é o que, em grande parte, determina quanto ele terá livre curso nos cultos e será glorificado na cura.
Assim podemos perguntar-nos: Estou sendo diariamente curado — não só do ponto de vista físico ao ganhar maior controle sobre o meu corpo, embora seja isto importante, mas do ponto de vista mental, moral e espiritual? Estou removendo a macega do materialismo, dos hábitos escravizadores, das crenças errôneas e dos falsos temores entrincheirados? Estou removendo os baraços do egoísmo, da crítica, da preguiça, da insensibilidade, do desânimo, do emocionalismo?
Estou plantando um pouco do brilho da receptividade singela, da conscientização espiritual, do prazer pelo progresso que outros conseguem, e da felicidade pura de ser filho de meu Pai? Estão as minhas raízes se aprofundando nas possibilidades infinitas de demonstrar a Ciência Cristã tanto universal como individualmente? E estão desabrochando em mim as flores da comunicação conscientemente despojada do eu, de modo que todos são pessoas amigas e essenciais?
Está o magnetismo animal perdendo algo do seu ímpeto, e estou eu correspondendo com mais espontaneidade à atração do Espírito?
Se, até certo ponto, somos capazes de responder afirmativamente a estas perguntas, então estamos consentindo que o Verbo ative os cultos realizados em nossa igreja, porque o Verbo estará ativando o nosso viver.
É-nos possível ficar atentos ao Verbo, e acalentá-lo, ainda antes de irmos à igreja. Então chegaremos em paz, livres do eu e com muito mais do que uma coleta em dinheiro como contribuição nossa ao culto. Teremos nos livrado dos fardos particulares e será fácil orar pela congregação como um todo.
Quer se seja indicador quer organista, solista, Leitor ou membro da congregação, o preparo para os cultos é um processo contínuo no decorrer das semanas. Os serviços são apenas o ápice, em determinados momentos, do desenvolvimento espiritual contínuo.
A Sra. Eddy diz em Miscellaneous Writings: “Os amieiros pendem sobre os regatos para balouçar seus cabelos sobre o espelho d’água; que os mortais se inclinem perante o criador, e, olhando através da transparência do Amor, vejam o homem na própria imagem e semelhança de Deus, dispondo na beleza da santidade cada pensamento que desabrocha.” Miscellaneous Writings, p. 330;
Vimos aos nossos cultos exatamente para isto. Inclinamo-nos perante o criador, olhamos através da transparência do Amor e vemos o homem à imagem e semelhança de Deus.
Até o ponto em que tenhamos derrotado o sonho-de-Adão em nosso viver, não seremos na igreja sonhadores à moda de Adão, mas disporemos “na beleza da santidade cada pensamento que desabrocha”, seguindo o desdobramento da lição bíblica com gratidão discernível. Não cochilaremos nem passaremos à ilusória terra dos que sonham acordados.
O Verbo terá “livre curso e será glorificado”. Não será tumultuado pelo julgamento de como os Leitores realizam a leitura, ou por qual é a roupa que os indicadores estão usando, ou por quem é que está sentado com quem.
Não haveremos de fazer distinção entre o membro da igreja, o freqüentador regular e o curioso. “Assim já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus” Efésios 2:19;, declara S. Paulo. E o membro de igreja, o freqüentador regular e o curioso sentir-se-ão como tal. Captarão o potencial espiritual que lhes pertence como filhos e irmãos e aceitarão a cura de qualquer coisa que não seja “da família de Deus”.
Nas reuniões de testemunhos realizadas às quartas-feiras, em que o Leitor e a congregação refletirem o Amor divino, abrir-se-ão os canais do dar e do receber; a Palavra virá clara e forte e com terno significado. Haverá testemunhos de cura claros e concisos, de corpos que foram restaurados e de vidas que forma redimidas, quando nem o autodenegrir nem a inflação do eu impedirem que o testificador apresente sincera e altruisticamente testemunho de que a Palavra, ou o Verbo, de Deus cura.
A Sra. Eddy diz: “É triste que a expressão serviço divino tenha vindo, de maneira tão generalizada, a significar adoração pública, em vez de obras diárias.” Ciência e Saúde, p. 40.
O regato que meus amigos descobriram e o jardim que plantaram requeria atenção contínua depois de ter sido aberta a clareira inicial. Precisamos uma contínua vigília e atividade espiritual prática a fim de manter o fluxo sanador nos serviços realizados em nossa igreja. Talvez haja um momento em que reconhecemos primeiro tal obrigação. Mas nunca chegará o instante no tempo em que realizamos isto totalmente — quando tivermos feito tudo o que precisa ser feito para tornar os nossos cultos vitais, curativos e plenamente eficazes.
O progresso espiritual, a renovação, a revivificação é um dever contínuo e uma aventura. E que alegria é saber que o nosso progresso individual rumo à ressurreição contribui para a ressurreição coletiva de nossa igreja! O que talvez nos omitamos de fazer por nós mesmos, nós o faremos para a nossa igreja. As vitórias obtidas em particular são o nosso segredo, a contribuição altruística que damos aos nossos serviços. Quando consideramos o que de riquezas cada um de nós tem para dar neste sentido, nos encheremos de felicidade e propósito.
Nossas igrejas curam — não é possível evitá-lo — quando deixamos “o Verbo ter livre curso e ser glorificado” em secreto nas nossas ações diárias e portanto publicamente em nossos cultos.
