Uma das coisas convidativas a respeito da Ciência CristãChristian Science (kris’tiann sai’ennss) é que ela nos dá nova perspectiva e novas vistas de tudo o que nos cerca, tornando deste modo real a descrição que S. Paulo faz do que acontece quanto aceitamos o Cristo: “Eis que [as cousas antigas] se fizeram novas.” 2 Cor. 5:17. Isto aplica-se por certo aos nossos pensamentos com relação à Igreja de Cristo, Cientista, quer sejamos membros membros dela quer não.
As atitudes populares, hoje em dia, estão condimentados com boa dose de cepticismo e desilusão acerca do funcionamento das organizações e com o sentimento de que são um peso. Muitas pessoas aceitaram este ponto de vista: “Não preciso da organização, quero simplesmente cuidar da minha vida.” No entanto, quando alguém considera a nossa igreja sob uma perspectiva espiritual, tal atitude parece, francamente, um tanto superficial, porque esta igreja é tão decisivamente diferente — em origem, em sua natureza e em sua ação — de qualquer outra instituição humana.
Origem: Nossa igreja foi fundada por Mary Baker Eddy como parte permanente e indispensável da missão de sua vida, qual seja, a de dar ao mundo o Consolador, a Ciência divina. Não se trata apenas de outra instituição projetada humanamente. Quando mais se aprende do espírito e da prática da Ciência Cristã, tanto mais se vê que a Sra. Eddy a fundou mediante oração, demonstração e orientação divina — tudo isto proveniente de revelação.
Natureza: A finalidade da igreja é promover o crescimento espiritual de cada pessoa que ela sensibiliza, e sua habilidade de demonstrá-lo. Que outra instituição humana tem finalidade de tal importância para você e para mim?
Ação: No âmago do cristianismo — e da Ciência Cristã — encontrase esta declaração de Cristo Jesus: “Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.” João 3:3. Esse novo nascimento significa, nas palavras de S. Paulo, despir-se do “velho homem” e revestir-se do “novo homem” — algo que o próprio Paulo fez em grau digno de destaque, mediante a graça divina, a ação transformadora do Cristo, e sua própria disposição de a ela corresponder.
Esse novo nascimento vem, de igual modo, a cada um de nós, na medida em que abandonamos os traços mortais destrutivos e permitimos que haja em nós a Mente que havia em Cristo Jesus Ver Filip. 2:5.; que superemos as falhas de caráter desagradáveis, substituindo-as pelo amor e pela graça de Deus; que desarraiguemos, destruindo-os, os elementos pecaminosos da natureza humana e provemos que nossa identidade real é a do homem puro e impecável criado por Deus. Numa palavra, o novo nascimento significa redenção, reforma, regeneração — transformação de nosso atual sentido das coisas, o qual, deixando de ser o de uma personalidade mortal pecadora, passa a ser o de uma individualidade espiritual do homem à imagem de Deus.
Aonde é que entra a igreja? A igreja torna evidentes as exigências que Deus nos impõe, de dar os passos necessários para esse novo nascimento. Oferece preciosas oportunidades de enfrentar e vencer traços mortais negativos em nós mesmos e em outros. Apresenta testes inestimáveis ao nosso crescimento, testes que nos irão enaltecer e fortalecer a estatura espiritual quando a eles correspondemos. Nutre-nos o desenvolvimento espiritual.
Uma ilustração profundamente comovedora de tudo isto aparece no Evangelho, ao ser relatada a Última Ceia. Naquela ocasião — depois de o Mestre haver ensinado durante três anos, estando à sua espera o grande ordálio de seu julgamento e sua execução — os discípulos entraram em disputa para saber qual deles era o maior. Uma autoridade em Bíblia infere da resposta de Jesus que nenhum dos discípulos estava disposto a diminuir-se com servir a refeição aos outros. J. R. Dummelow, ed., A Commentary on the Holy Bible (New York: Macmillan Publishing Co., 1936), p. 797. Que cena de desilusão!
Ora, mediante seu grande amor e sua paciência, o Mestre transformou a situação toda numa das lições de espiritualidade mais gloriosas e celebradas de todo o seu ministério. Em palavras que nos deram um exemplo que melhor nos será esforçarmo-nos por seguir, Jesus lhes disse: “No meio de vós, eu sou como quem serve.” Lucas 22:27.
Então, depois de servida a ceia, fez o que não havia sido feito antes da refeição e que era costume fazer-se. Tomou uma bacia e uma toalha e lavou os pés aos discípulos — tarefa geralmente reservada a um escravo. Ver João 13:1–15. Acaso sua ação não teria por fim animá-los a expressarem amor uns pelos outros?
Não nos oferece cada experiência a oportunidade, e o contexto, para neutralizar o mal com a Verdade e o Amor como o Mestre fez? Talvez encontremos em outros — e em nós mesmos! — ambição e egoísmo; podemos derrotar esses elementos da mente mortal ao confiarmos no amor transcendente que o Cristo traz à humanidade. Talvez nos vejamos frente a frente com uma pequenez de visão exasperante: que bela oportunidade de crescer (e de sabiamente ajudar outros) mediante a oração calma e confiante que traz luz e move montanhas! O mesmo acontece com o boato, a crítica, o antagonismo, o orgulho; que melhor teste de nossa própria demonstração progressiva de um amor altruístico e sábio! Todo desafio numa organização pode ser transformado numa ocasião de crescimento em paciência, humildade e mansidão, graça e domínio espiritual, quando se compreende a Verdade e se a pratica lealmente em sua Ciência.
Nossa grande Líder, a Sra. Eddy, diz-nos: “O homem é a expressão do ser de Deus.” Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 470. Todo Cientista Cristão deseja expressar mais plenamente seu verdadeiro status e sua identidade de homem. A fim de sermos “expressão”, temos de expressar! A fim de expressar, precisamos partilhar, em humildade, o que temos para partilhar: nossa inspiração, nossas orações, nosso amor, fazendo o mesmo com todas as qualidades dadas por Deus e que pertencem ao homem. Talvez não seja tão fácil realizarmo-lo a sós. A participação na igreja é nossa oportunidade de pô-lo em prática e de apressar nossa emancipação dos percalços do eu mortal.
