Bem no começo do livro Ciência e Saúde encontra-se esta afirmação da Sra. Eddy: “É chegada a hora dos pensadores.” Ciência e Saúde, p. vii. Os que servimos como organistas em Igrejas de Cristo, Cientistas, deveríamos manter em mente essas palavras quando nos preparamos e tocamos, quando fazemos a seleção das músicas a serem executadas e quando oramos pelo trabalho na igreja.
Uma das definições do verbo “pensar” encontrada no dicionário é: “exercitar os poderes de decisão, concepção ou dedução”. Outra definição é: “determinar, resolver, decidir, etc. através do raciocínio”. Como músicos, nosso progresso fundamenta-se na compreensão que temos de Deus e de Sua lei onipresente. O homem espiritual (nossa verdadeira identidade) é inseparável da Alma, a fonte de toda harmonia e beleza. Se nos sentimos gelados por uma rotina aborrecida, se percebemos que estamos desempenhando nossas tarefas como se fôssemos autômatos, precisamos escutar com mais atenção a Mente divina. Pelo fato de que a inspiração jamais deixa de fluir da Mente, podemos desempenhar nossas atividades na igreja com satisfação e entusiasmo. A Sra. Eddy escreve: “Um conhecimento da Ciência do ser desenvolve as faculdades e possibilidades latentes do homem. Estende a atmosfera do pensamento, dando aos mortais acesso a regiões mais amplas e mais elevadas. Eleva o pensador a seu ambiente nativo de discernimento e perspicácia.” Ibid., p. 128.
Preparação e desempenho
Algumas sugestões para a preparação:
• Quando você estiver se empenhando em executar os inevitáveis exercícios de técnica, mantenha a atenção voltada para o objetivo de cada exercício em particular. Vá um pouco além (ou muito mais além) do que você acha que é capaz de ir.
• Repasse composições difíceis, fragmentando-as em pequenos trechos. Estude essas peças com dedicação, além de preparar-se regularmente para os cultos da igreja.
• Pense em termos de idéias musicais, não de notas, e lembre-se da ordem que Toscanini repetia constantemente à sua orquestra: “Cantem!”
• Tente familarizar-se com a pesquisa recente sobre a maneira como a música era efetivamente executada nos séculos dezessete e dezoito, em especial na França e na Alemanha.
• Observe as metas valiosas que esta frase, extraída de uma análise publicada num jornal, sugere: “... qualquer pessoa se deleitaria com o toque meticuloso do executante e seu apurado critério para selecionar o timbre; em sua forma de levar um vigoroso impulso rítmico até a sua conclusão final; em seu instinto infalível do que vem a ser estilo.” The Christian Science Monitor, 16 de janeiro de 1961.
Quando estamos tocando num culto na igreja, é da máxima importância lembrarmos que a música deve expressar qualidades espirituais. Em certa ocasião, quando foi dada ao organista a relação dos hinos a serem cantados numa reunião de testemunhos de quartas-feiras, este percebeu claramente que a leitura se relacionaria com “crianças”. Analisando cuidadosamente a letra dos hinos, o organista observou a presença de substantivos tais como paz, calma, esperança, conforto, coragem; percebeu também adjetivos como meigo, gentil, receptivo. Muitos desses conceitos pareciam inerentes à música escolhida para o prelúdio; o organista empenhou-se especialmente em ressaltá-los.
A música pode também expressar vigor, vitalidade, grandiosidade e alguns conceitos menos óbvios, tais como estabilidade e hospitalidade. Tenha em mente que “boas-novas de conforto e alegria” são proclamadas numa conhecida canção de Natal. Conforto e alegria são duas das qualidades mais importantes que se podem apresentar na música executada na igreja. “O donaire e a graça são independentes da matéria”, escreve a Sra. Eddy. “O ser possui suas qualidades antes que estas sejam percebidas humanamente. A beleza é uma coisa da vida, que habita para sempre na Mente eterna, refletindo os encantos de Sua bondade em expressão, forma, contorno e cor.” Ciência e Saúde, p. 247.
Seleção musical
A escolha da música para um culto dominical deve basear-se no estudo da lição-sermão. No Livrete trimestral da Ciência Cristã. O padrão de excelência requerido pela Sra. Eddy no artigo 19 do Manual de A Igreja Mãe deve ser observado. Para uma lição cujo tema seja “Eucaristia”, talvez seja útil lembrar que, para prelúdios, os arranjos corais de Bach, Buxtehude e Brahms são músicas de profunda devoção. Peças para órgão de autoria de Franck e Mendelssohn também são notáveis por evocarem sinceros sentimentos religiosos. Composições representativas de várias épocas e estilos são apropriadas para os cultos religiosos. Repertório de títulos de peças para órgão e solos apropriados para os serviços religiosos pode ser obtido da Sociedade Editora da Ciência Cristã. Se percebemos que algumas das peças que escolhemos carecem de originalidade ou já foram demasiadamente tocadas, devemos ter a coragem de substituí-las. De modo algum nos tornemos enfadonhos ou previzíveis. Sejamos antes ousados do que medíocres.
Preparo metafísico
A pedra fundamental das atividades na igreja é a oração. Se elevarmos o pensamento à Mente divina, nossas orações serão renovadas em sua inspiração e incluirão as ministrações do esclarecimento e da cura pertinentes à igreja. Cada um de nós pode deter-se em seus trechos favoritos da Bíblia e dos escritos da Sra. Eddy que tenham para ele um significado especial. Palavras particularmente oportunas de Cristo Jesus encontram-se no Evangelho de João (capítulo 15, versículos 1 — 17). Esse sermão precioso, dado por aquele que nos indicou o caminho a seguir, ilumina a união entre Cristo e o cristão. Os temas relevantes incluem oração atendida, trabalho frutífero, obediência, purificação, sacrifício, plenitude de alegria, amor cristão e a glorificação de Deus.
Como parte daquele que é conhecido como o sermão da despedida, Jesus mostra o que se requer de seus discípulos (e de nós) e as promessas que, em troca, nos pertencem. Diz: “Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” João 15:5. É nosso direito reivindicar como sendo nossa a própria alegria do Mestre. Mas que desafio representa sermos dignos de ser escolhidos e ordenados pelo Cristo, merecendo a bênção do Mestre: “Tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer.” V. 15.
