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O Amor comunica

Da edição de fevereiro de 1982 dO Arauto da Ciência Cristã


Comunicar? Comunicamo-nos a todo momento, consciente ou inconscientemente, vocal ou silenciosamente. E comunicação envolve muito mais do que meras palavras.

Que é que envolve? Atitude. A maior percentagem do que passamos adiante é transmitida, não tanto por meio de palavras, mas pelo teor subjacente de nosso pensamento e o modo como o comunicamos. Quão importante é então que alinhemos continuamente o nosso pensamento com o que Deus, o Amor divino, está sabendo, e consintamos que esse conhecimento seja também o nosso! E o que é que o Amor conhece? O você e o eu reais, a realidade de cada idéia individual na Mente.

Quando apreciamos de fato a verdadeira identidade de cada pessoa como a representação do que o Amor conhece, estamos verdadeiramente amando essa pessoa. Esse amor se faz sentir e permite que nossos pensamentos sejam transmitidos com maior eficácia. Ainda quando são expressados pontos de vista divergentes, a eqüidade e o respeito mútuo hão de prevalecer quando há amor abundante.

Para conhecer e amar o verdadeiro homem e assim enaltecer nossa capacidade efetiva de comunicar precisamos conhecer Deus. Quando entendida espiritualmente, a definição de Deus encontrada em Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy dá-nos percepção mais plena da Sua natureza: “O grande Eu Sou: Aquele que tudo sabe, que tudo vê, que é todo-atuante, todo-sábio, a tudo ama, e que é eterno; Princípio; Mente; Alma; Espírito; Vida; Verdade; Amor; toda a substância, inteligência.” Ciência e Saúde, p. 587.

Raciocinando a partir dessa definição científica, percebemos que a inteligência e o afeto que necessitamos expressar são realmente espirituais, são qualidades de Deus. Procedem da Mente que é Amor, não de uma personalidade ou cérebro humanos. Como homem, a própria evidência do ser de Deus, cada pessoa reflete o espectro total dos atributos divinos: sabedoria, inteligência, integridade, amor e muitíssimos mais. Quando discernimos espiritualmente o que é Deus e o Seu relacionamento com o homem, tocamos o coração da verdadeira comunicação. A Sra. Eddy explica-o numa só frase: “A intercomunicação se faz sempre de Deus para Sua idéia, o homem.” Ibid., p. 284.

Essa comunicação é simples. Flui da única consciência divina e é expressa individualmente. E não existem interrupções nessa comunicação.

Que fazer se temos de nos dirigir a alguém que não parece disposto a ouvir? Antes de dizer uma palavra, podemos lembrar do que Deus conhece a respeito dele. Podemos calar as opiniões humanas e escutar humildemente o que o Amor nos diz da realidade espiritual a respeito desse filho Seu. Não existem expressões obstinadas de Deus, nem mentes mortais voluntariosas no Seu universo. O que assim pode parecer é um ponto de vista distorcido, não a realidade. Escutando o Amor, descobrimos o que de outro modo estaria além de nossa visão: o governo total que o Amor exerce sobre a criação de Deus.

Quer estejamos nos dirigindo a uma criancinha de colo ou a uma pessoa idosa, a alguém do jardim de infância ou a alguém com um título de doutor, podemos provar que a mesma lei de harmonia é soberana. Compreender a presença total do Amor rompe as barreiras. Podemos conversar tão confortavelmente com um estranho como com um amigo e não sentir mais pressão quando falamos com uma grande audiência do que quando nos dirigimos a um pequeno grupo ou a uma única pessoa.

Aprendi-o em primeira mão quando na faculdade tive de fazer o estágio. Pensamentos de inaptidão, medo dos alunos e dos meus supervisores, me fizeram querer abandonar de uma vez por todas a idéia de me tornar educadora. Mas como isto era impossível, uma vez que eu desejava me formar, voltei-me de todo o coração a Deus em oração.

As palavras de um poema da Sra. Eddy expressam a essência de minha prece:

Mostra, Pastor, como andar
Sobre a escarpa além,
Teu rebanho pastorear
E cuidá-lo bem.
Tua voz escutarei
Para não errar;
Pela senda rude irei,
Sempre a cantar.Hinário da Ciência Cristã, n° 304.

Minha “escarpa” parecia deveras íngreme! Mas a resposta veio: amar. Eu sabia ser capaz de amar, mas não conseguia ver como o amar me ajudaria a ser boa professora. Logo descobri.

Enquanto observava os alunos com a professora regular deles, dei-me conta de que o conhecimento sólido do assunto em pauta era apenas o começo. O passo seguinte, o que realmente importava, era comunicar esse conhecimento. Esse processo evoluiu naturalmente numa atmosfera cálida e de respeito mútuo, que sublinhou o propósito ímpar do amor na comunicação, no ensino, e em todas as esferas da vida.

Logo dei-me conta de que amar cada aluno significava apreciar genuinamente sua expressão única de Deus. Estar consciente do homem como a manifestação do Amor habilitou-me a encontrar o jeito certo de chegar até cada um deles, apesar de atitudes diferentes com respeito à educação. Até mesmo quando problemas de disciplina ameaçaram perturbar a aula, lembrei-me de que Deus conhece cada um de Seus filhos como entes espirituais que expressam atividade ordeira, capacidade ilimitada e receptividade plena ao bem. Espiritualmente falando, não era uma questão de uma pequena mente mortal em luta para transmitir informações a outras mentes mortais, mas do Amor divino a se comunicar com sua idéia.

Durante um período de estudo, um menino, rindo-se, anunciou que ia rodar em ciências sociais por ser incapaz de fazer o que lhe pediram. Nunca fora considerado bom aluno e pretendia abandonar a escola assim que possível.

Sem falar muito, fui até a sua carteira e pedi-lhe para ver o que ele tinha de fazer. Trabalhamos juntos passo a passo até que o projeto todo estava terminado. Ele e os amigos ficaram maravilhados com o resultado. Eu não havia feito o trabalho por ele nem lhe dado um sermão, mas havia simplesmente me conscientizado de que o homem é a própria evidência do conhecimento inteligente de Deus. Foi de ajuda o reconhecimento silencioso e amável do eu espiritual do homem. O aluno por fim veio a completar com êxito o curso.

O Amor divino era o professor, que dirigia aos alunos e a mim. Essa conscientização me libertou da pressão e da falsa responsabilidade. A harmonia era evidente aos outros, inclusive aos meus uma vez temidos supervisores, um dos quais disse que gostaria de ensinar minha técnica aos demais componentes de sua equipe! Mas minha “técnica” não era realmente uma técnica; era antes a manifestação de minha crescente compreensão da verdadeira comunicação.

Num mundo cheio de tecnologias avançadas e complexos sistemas de comunicação, ainda permanece a vívida necessidade de tal compreensão. Cristo Jesus, ao revelar-nos a fonte da comunicação, disse: “Eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai que me enviou, esse me tem prescrito o que dizer e o que anunciar.” João 12:49. Como resultado, suas palavras eram simples, embora inspiradas, diretas e confiantes. Dizia a coisa certa no momento certo porque suas palavras transmitiam a idéia espiritual que lhe permeava os pensamentos. Suas palavras curaram e espiritualizaram a humanidade, e é difícil lê-las sem sentir o profundo amor que as impelia.

Sejam quais forem as circunstâncias, podemos ficar calados e escutar o que o Amor nos diz. Quando nossas comunicações refletem o que ouvimos serão eficazes, quer expressas num sorriso, num leve toque, num tom de voz compassivo ou em ternas palavras. O Amor divino ilumina a consciência com a verdade e essa luz é transmitida até mesmo sem palavras.

Em resumo, é o Amor que comunica. É o Amor que cura.

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