Se a população atual do mundo dobrar até o fim deste século — e isso é possível — que é que podemos fazer para garantir que cada indivíduo seja adequadamente alimentado?
A fome não é estranha aos povos do planeta Terra. Desde o começo da historia ela tem custado caro em vidas humanas. Mesmo agora calcula-se que existem um bilhão de pessoas pobres, famintas, não só nos países emergentes do terceiro mundo como também em muitas nações consideradas opulentas. Será que o problema atual de carência é insolúvel — coisa que se multiplica anualmente à medida que a população aumenta? Ou podemos trabalhar na esperança de encontrar uma solução?
Os cristãos que verdadeiramente confiam em Deus e que experimentaram em sua própria vida os benefícios que a fé no Princípio divino todo-amoroso proporciona — Princípio esse que é o criador do universo espiritual inclusive o homem, esperam poder testemunhar o triunfo da sabedoria nesta hora difícil como também em todas as outras.
Muitas pessoas que compreendem algo da lei com que Deus cuida carinhosamente do homem, acostumaram-se a ver atendidas as suas próprias necessidades humanas legítimas. Constantemente foram atendidas suas orações para conseguirem emprego, saúde, suprimento, força, companheirismo e outras amenidades normais da existência humana. Ousam esperar que, da mesma maneira, também seja atendida a oração em que se pede alimentação para as multidões famintas de hoje e de amanhã. Uma vez que através da Providência divina Cristo Jesus pôde alimentar cinco mil pessoas quando apenas dispunha de uns poucos pães e peixes, raciocinam que, certamente, não está além do poder do mesmíssimo Deus onipotente acudir, agora, às necessidades de cada elemento da multidão atual.
Os estudantes da Bíblia também podem notar que o Antigo Testamento conta que Deus alimentou no deserto toda a multidão de israelitas, homens, mulheres e crianças, quando as provisões de alimento que haviam trazido do Egito se esgotaram durante a jornada para a Terra Prometida. Deus sustentou o povo durante quarenta anos de andanças, embora o povo aumentasse em número. Além disso, se aqueles estudantes da Bíblia estão familiarizados com o livro-texto da Ciência CristãChristian Science (kris’tiann sai’ennss), talvez estejam atentos para a advertência que Mary Baker Eddy faz quando escreve: “Existe hoje em dia o perigo de se repetir a ofensa dos judeus, limitando o Santo de Israel e perguntando: ‘Pode, acaso, Deus preparar-nos mesa no deserto?’ Que é que Deus não pode fazer?” Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 135.
Conquanto a Bíblia insista em que se tenha confiança na capacidade de Deus para prover seu povo de tudo quanto este necessita, a Bíblia, por outro lado, também recomenda sabedoria ao se tomarem medidas humanas. Fala-nos do sonho de Faraó, no qual sete vacas magras devoraram sete vacas gordas, e sete hastes mirradas de espigas crestadas devoraram sete espigas grandes e cheias.
Pela graça de Deus, José interpretou o sonho como uma profecia, anunciando sete anos de fome após sete anos de boas colheitas. Deste modo prevenido e equipado por Deus com sabedoria, e investido por Faraó da autoridade para administrar a política do país relativa ao plantio de alimentos e à sua conservação, José foi capaz de salvar não só os egípcios da morte por inanição mas também muitos dos seus vizinhos, durante os anos de fome que se seguiram.
A mesma sabedoria e as leis de Deus que capacitaram o povo em tempos idos a vencer a fome estão, hoje em dia, disponíveis para satisfazer às necessidades do nosso mundo, qualquer que seja a magnitude delas. Quer haja necessidade de nutrição para um pé de lírios, um corvo, uma criancinha em estado de inanição, ou para uma nação inteira, pode-se confiar que o Princípio divino, quando compreendido, há de supri-la. A lei de Deus, tal como foi expressa por um cristão nos primórdios do cristianismo, diz: “O meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades.” Filip. 4:19.
Os ensinamentos do Mestre asseguram-nos novamente que o amor de Deus envolve cada uma de Suas criações espirituais. Sua lei garante que cada um de nós pode ser adequadamente suprido de tudo quanto seja necessário para o crescimento e o progresso normais. Esse fato divino, se o compreendermos e tivermos confiança nele, pode mudar rapidamente para melhor um quadro humano de inanição. A Sra. Eddy, Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, explica essa ação curativa do Cristo, a Verdade, quando escreve: “Deus vos dá Suas idéias espirituais, e, por sua vez, elas vos dão suprimento diário. Nunca peçais para o amanhã; é suficiente que o Amor divino seja um socorro sempre presente; e, se esperardes, nunca duvidando, tereis tudo o de que necessitais a todo momento.” Miscellaneous Writings, p. 307.
Quanto mais a humanidade aceitar o fato crístico de que Deus está diária e eternamente dando Suas idéias espirituais aos Seus descendentes espirituais, tanto mais o problema da fome no mundo será resolvido através da inteligência que Deus outorga. Isso talvez se manifeste humanamente, por exemplo, no advento de métodos melhorados de cultivo, armazenamento, distribuição e preservação. A agricultura talvez se estenda de maneira a incluir novas plantas com valores nutritivos mais elevados do que as espécies agora utilizadas convencionalmente como alimento. A utilização econômica dos produtos do mar se desenvolverá e os limites da agricultura em terra se ampliarão. Os governos descobrirão melhores métodos de administrar a distribuição de suprimentos, eliminando deste modo a corrupção e o desperdício, e os indivíduos se tornarão mais liberais nos seus hábitos de escolher alimentos — estarão menos limitados pela tradição e pelo conservantismo.
Se os cristãos oram com gratidão a Deus assim como Jesus orava, confiando em que o Pai de todos é, de fato, o provedor abundante como a Bíblia o declara, a perspectiva é brilhante. Podemos aguardar com confiança o cumprimento da profecia da Sra. Eddy: “O Cristo, a Verdade, dá aos mortais alimento e roupa temporários, até que o material, transformado pelo ideal, desapareça e o homem seja vestido e alimentado espiritualmente.” Ciência e Saúde, p. 442.