... foi o que eu dizia ao despertar certa manhã. Pensei que isto provinha de um dos belos artigos que chegam à Sociedade Editora da Ciência Cristã procedentes de todas as partes do mundo. Quando ficou comprovado não ser este o caso, comecei a pensar no que esse título dizia.
As primeiras palavras que me ocorreram foram as da instrução que Cristo Jesus deu a Simão Pedro: “Apascenta as minhas ovelhas.” João 21:17. Então lembrei-me de outra palestra entre Jesus e Pedro, quando o apóstolo respondeu a pergunta de Jesus “Quem dizeis que eu sou?”, com estas palavras: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” Jesus o abençoou, deu-lhe o nome espiritual de Pedro, e disse: “Sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” Mateus 16:15, 16, 18. A mensagem parece não deixar dúvidas. Aqueles que seguem Jesus na edificação de sua igreja devem se incumbir de que essa igreja apascente as suas ovelhas.
Ser alimentado pelo Cristo é o que o mundo necessita. Nosso coração se estende a todas as pessoas que na terra sofrem de desnutrição. Um relatório da Comissão Presidencial Americana sobre a Fome no Mundo observa que a “subnutrição crônica” afeta entre 450 milhões a um bilhão de pessoas. “Elas não têm o que se considera as exigências mínimas da nutrição necessária a uma vida produtiva.” The Christian Science Monitor, 30 de abril de 1980.
Subjacente a esse grande sofrimento pessoal e à perda que o mundo sofre está o fato terrível da falta de nutrição espiritual. Cristo Jesus provou que saciar a fome espiritual e ter o alimento físico necessário não são duas coisas separadas, quando alimentou milhares de pessoas após haver dispendido horas ensinando-as. Ver Marcos 6:34–44. Na verdade, suas próprias lições devem ter levado seus seguidores a vislumbrarem que Deus, a quem ele chamava “Pai”, é a fonte sempre presente da nutrição. Espiritualmente alimentados por seus ensinamentos, esses seguidores receberam o suprimento que atende às necessidades humanas. Matéria em quantidade limitada não alimentou aquelas pessoas famintas. A gratidão pela provisão infindável de Deus e a compreensão crística da substância do Espírito foram o que alimentou o povo. E sobejaram cestos cheios de alimento!
Hoje a missão dos membros da igreja de Cristo é: aprender as lições espirituais do Mestre, ensiná-las aos outros, demonstrar esse poder sobre a terra e alimentar as multidões espiritualmente famintas. Deus está sempre Se revelando à humanidade mediante Seu Cristo, Sua mensagem acerca da verdadeira natureza do homem. De fato, a identidade espiritual real de cada um, sim, de cada pessoa que sofre devido à fome é, agora mesmo, crística. Jesus provou que o homem real, a imagem de Deus, coincide com o Cristo. Portanto, o homem já inclui o conhecimento pleno de Deus. Nesta verdade, ele não carece de coisa alguma, não tem fome.
Quem estiver desejoso de aliviar a fome física do mundo pode ajudar, conscientizando-se sistematicamente dos fatos do ser espiritual, reconhecendo que o homem é, na verdade, o filho de Deus e que cada indivíduo inclui, na infinidade de seu ser, tudo o de que necessita. Podemos conscientemente acolher o mundo num amplexo de compreensão científica da verdadeira fonte da nutrição.
“Na Ciência divina, o homem é sustentado por Deus, o Princípio divino do ser”, escreve nossa Líder, a Sra. Eddy, em Ciência e Saúde. E continua: “A terra, por ordem de Deus, produz o alimento para uso do homem. Sabendo disso, Jesus certa vez afirmou: ‘Não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber’ — e com isso não se arrogava a prerrogativa de seu criador, mas reconhecia que Deus, Pai e Mãe de todos, é capaz de alimentar e vestir o homem, assim como alimenta e veste os lírios.” Ciência e Saúde, p. 530.
Nós também não estamos nos arrogando a prerrogativa de nosso Pai-Mãe Deus quanto respondemos a nossa preocupação com os que têm fome e o fazemos mediante o reconhecimento consciente da capacidade que o Espírito tem de alimentá-los. Nosso trabalho é dar testemunho deste fato e continuar a insistir nas verdades reveladas da realidade divina até que essa maldição da fome seja afastada de todo habitante da terra.
Negligenciar tal obra é incorrer na mesma reprovação dada anteriormente aos “pastores de Israel”, que, segundo a palavra do Senhor declarada por Ezequiel, “se apascentam a si mesmos; e não apascentam as minhas ovelhas”. Quando a justiça divina retira o rebanho de sob a mão de pastores irresponsáveis, um castigo é imposto: “Não se apascentarão mais a si mesmos.” Ezequiel 34:2, 8, 10.
Falar meramente aos outros a respeito da bondade de Deus talvez possa ser considerado “fé sem obras”, a respeito da qual Tiago censura seus correligionários: “Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa, e necessitados do alimento cotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos, e fartai-vos, sem, contudo, lhes dardes o necessário para o corpo, qual é o proveito disso? Assim também a fé, se não tiver obras, por si só está morta.” Tiago 2:15–17.
O trabalho mais profundo de um membro da Igreja de Cristo, Cientista, no nutrir o mundo, é reconhecer inabalavelmente a natureza espiritual e verdadeira do homem — do homem que está livre de crenças limitadoras a respeito de Deus, a fonte de toda verdadeira nutrição. Na medida em que se faz esse trabalho em espírito de oração, é freqüente ter-se oportunidades de alimentar os que estão espiritualmente famintos, sim, até mesmo, de alimentar os que estão fisicamente famintos. Mas a gigantesca tarefa de superar a desnutrição no mundo nunca pode ser realizada apenas pelo esforço humano. O fato de que essa desnutrição aumenta muitas vezes na medida em que a população cresce indica ainda mais a grande necessidade de que Deus seja reconhecido como a fonte fundamental e o nutridor do crescimento.
Entre as maiores fomes que por demasiadas vezes são agravadas, ao invés de ser satisfeitas, pela religião tradicional, está aquela a que o Mestre se referiu nesta bem-aventurança: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.” Mateus 5:6. Uma teologia convencional que mantém ser o indivíduo basicamente um pecador nega sua semelhança natural ao Cristo e, portanto, sua abertura à nutrição constante de Deus. A fome de justiça tem sido mais coerentemente alimentada por um testemunho contínuo de que o verdadeiro ser espiritual do homem é o do próprio filho de Deus.
Isto tem implicações práticas no atendimento das necessidades do dia a dia e no encontrar soluções para os problemas cada vez maiores da desnutrição. Alguém que esteja livre das crenças teológicas condenatórias geralmente condena menos aos outros e está mais disposto a atender às necessidades de seus irmãos.
Não deveria ser necessário dizer que se alguém aceita essa liberdade espiritual que o livra das doutrinas da condenação não faz do pecado uma realidade por condescender com ele. “A crença de que haja vida na matéria peca a cada passo” Ciência e Saúde, p. 542., escreve a Sra. Eddy. Quem procura identidade no Espírito, buscando meios espirituais de ajudar o mundo, está alçando sua vida acima das pretensões da matéria produtoras de pecado.
Só o Cristo livra a humanidade tanto da fome física como da fome moral. Cristo é o Redentor, que impele os mortais a esquecer a crença em qualquer identidade material e em qualquer remédio material para os problemas da terra. A Igreja de Cristo, Cientista, tem por base nutrir o crescimento espiritual de seus membros. Eles, por sua vez, partilham seu crescimento espiritual ao orarem mais eficazmente pelo mundo.
A igreja pode e precisa ser a nutridora de tudo o que tem de ser nutrido na medida em que o mundo cresce para fora das limitações e contaminções resultantes das crenças materiais. Nosso trabalho nesta Igreja de Cristo, Cientista, é primariamente mental. Isto não o torna menos importante ou menos necessário. Antes pelo contrário.
Somos pastores leais na medida em que recusamos alimentar somente a nós com as maravilhosas verdades espirituais aprendidas diariamente e, ao invés, fazemos o esforço consciente de incluir toda a humanidade em tal trabalho feito em espírito de oração. Essas verdades crísticas haverão de nutrir espiritualmente um mundo faminto, atendendo por fim a todas as necessidades. Esse é o trabalho da igreja fundada por Jesus. E esse trabalho oferece-nos prova da substancialidade de seus ensinamentos tão tangível como a que os discípulos imediatos de Jesus tiveram quando distribuíram aqueles pães e peixes a milhares de pessoas famintas.
