Cristo Jesus demonstrou repetidamente o poder regenerador e curativo de Deus. Nas encostas das colinas, nas ruas, ele ministrava ao indivíduo e às multidões. Quantidade nunca lhe foi obstáculo. Mas, em certa ocasião, Jesus exigiu que a interferência humana e o ceticismo fossem silenciados e removidos do cenário.
No Evangelho de Marcos consta que a única filha de Jairo havia adoecido seriamente. Ver Marcos 5:35–45. Jairo, um dos chefes da sinagoga, pediu pessoalmente ao Mestre que viesse e curasse sua filha. Jesus o acompanhava quando chegou um mensageiro dizendo que a menina havia falecido. Ao chegarem a casa, os membros da família e as pranteadoras profissionais já se achavam lamentando profundamente.
No entanto, Jesus nunca era daqueles que aceitavam a aparência exterior como um veredicto final. Sustentava a verdade espiritual da vida eterna, a vida mantida para sempre no amplexo de Deus, o Amor divino. Jesus enfrentou o quadro de morte e tristeza com a afirmativa inspirada da Verdade: “A criança não está morta, mas dorme.”
Os espectadores, porém, não foram capazes de compreender o grande fato do ser e a continuidade ininterrupta da existência espiritual em que se embasavam as palavras de Jesus. Abertamente manifestaram seu desprezo, rindo-se e ridicularizando o que, para o apreço limitado deles a respeito da vida imortal, parecia uma declaração absurda.
Claramente, como Jesus discerniu, essas pessoas ainda não estavam prontas para aceitar o Cristo. Dando-se conta disto, ele fez sair a todos, como Marcos registra. A seguir voltou-se para a menina e a restaurou à plena consciência. A filha de Jairo estava viva.
Hoje em dia, quando enfrentamos situações difíceis ou problemas físicos que exigem cura, uma pergunta fundamental que talvez nos tenhamos de fazer é a seguinte: Existem visitantes indesejáveis em nossa própria consciência? Estamos abrigando, por exemplo, raiva, frustração, medo, ressentimento, dúvida e assim por diante? Se for esse o caso, devemos fazer “sair a todos”, como Jesus fez com os que pranteavam na casa de Jairo, pois tais estados mentais entravam o estabelecimento da pureza de pensamento e de propósito tão fundamentais à cura pela Ciência Cristã. Devemos certificar-nos de que nenhum elemento de nosso pensamento está rindo zombeteiramente do Cristo e de seu efeito redentor.
O arrependimento e a regeneração são essenciais à cura. Por certo que o nosso pensamento evidenciará com maior clareza o controle do Princípio divino na medida em que pesamos cada pensamento e cada desejo na balança da Verdade. Precisamos da exatidão espiritual em nosso pensamento a respeito de nosso próprio estado, a respeito de nosso próximo, sejam eles homens ou mulheres, a respeito de Deus e de Sua criação. Precisamos de uma mudança radical, até mesmo de uma transformação completa da consciência humana. Essa é a medida do verdadeiro arrependimento.
Será que o que percebemos está continuamente baseado no espiritual — o bom, de valor duradouro, puro, progressivo, correto? Se não, o arrependimento e o vislumbre que a oração honesta traz podem revelar o fato espiritual contrário essencial para corrigir o conceito errado, como por exemplo, quando um problema tal como a inveja é curado pelo reconhecimento sincero do valor espiritual individual e da inteireza inata do homem. Ao invés de ver outra pessoa como a causa de nosso problema ou limitação, ou como possuindo algo valioso que nós não temos, passamos a reconhecer que o homem já inclui todas as coisas necessárias — por reflexo. O homem, a emanação da Alma, reflete a beleza plena e a graça de Deus. O homem é o produto do Espírito, expressando abundância de bem, substância ilimitada. A manifestação da Vida nunca está privada das alegrias do viver espiritual. E quando habitamos com verdades tais como estas, elas passam a significar muito mais do que meras palavras. Habitar com a verdade, vivê-la, transforma e redime o caráter humano e a existência humana, elevando motivos e propósitos.
Na medida em que nos libertamos de percepções distorcidas, tais como a inveja, mediante a compreensão da verdadeira identidade do homem, verificamos que todo sentido de limitação ou carência, frustração ou desespero, se desfaz. A Ciência, porém, requer mais do que meras afirmações de verdades a respeito do ser do homem; precisamos reconhecer honestamente também o pecado onde quer que este apareça. Então o destruiremos, pois se o pecado permanece sem ser reconhecido e resolvido, há o perigo de ficarmos insensíveis aos seus efeitos destrutivos em nossa vida. A Sra. Eddy exprime-se diretamente: “Examinai-vos e vede o que e quanto pretende de vós o pecado; e até que ponto admitis como válida essa pretensão e a satisfazeis. O conhecimento do mal que dá lugar ao arrependimento é o estado da mentalidade mortal que mais esperança oferece. Mesmo um pequeno engano deve ser visto como engano, a fim de ser corrigido; quanto mais devemos reconhecer nossos pecados e nos arrependermos deles, antes que possam ser reduzidos a sua nulidade original!” Miscellaneous Writings, p. 109.
De fato, não nos podemos identificar legitimamente como imagem e semelhança de Deus exceto no contexto cristão de atracar-se com o pecado ainda não curado e pugnar por vencê-lo. Só então estaremos estabelecendo um fundamento sólido para afirmarmos, e disso nos conscientizarmos, que Deus, o bem, é Tudo e que o mal não tem lugar, poder ou substância. Assim passamos a reconhecer com mais clareza como eliminar coerente e devotadamente o pecado na medida em que ele nos confronta — mediante a humildade e o arrependimento, mediante a compreensão científica e a aceitação da influência redentora sempre presente do Cristo. Mas é o tipo de arrependimento radical, capaz de mudar a vida, o que precisamos exercitar. Como a Sra. Eddy também observa: “Quando inteiramente governado pela Mente única e perfeita, o homem não tem pensamentos pecaminosos e não terá desejo de pecar.” Ibid., p. 198.
Geralmente é exigida perseverança. Não só precisamos corrigir nosso pensamento, precisamos verificar se nossas ações estão à altura de nossos ideais. Podemos sempre fazer mais para seguir no rumo indicado por Jesus. Na medida em que o seguimos, a luz do Cristo irrompe e passamos a discernir cada vez mais o homem na radiação de seu ser verdadeiro, a imagem da Alma. Isto cura.