“Água” é uma palavra importante na Bíblia e é freqüentemente usada em descrições do terno cuidado de Deus por Sua criação. Em Isaías lemos: “Os aflitos e necessitados buscam águas ... e a sua língua se seca de sede; mas eu o Senhor os ouvirei, eu o Deus de Israel não os desampararei. Abrirei rios nos altos desnudos, fontes no meio dos vales; tornarei o deserto em açudes de águas, e a terra seca em mananciais ... para que todos vejam e saibam, considerem e juntamente entendam que a mão do Senhor fez isso.” Isaías 41:17, 18, 20.
Estas palavras poderiam ser tomadas literalmente, mas o encontro de Cristo Jesus, na cidade de Sicar na Samaria, com uma mulher samaritana junto à fonte de Jacó, mostra-nos uma dimensão mais profunda. Tendo-lhe pedido algo de beber, Jesus prosseguiu dizendo que tinha “água viva” para oferecer. Referindo-se à água da fonte, disse: “Quem beber desta água tornará a ter sede.” E então prometeu: “Aquele, porém, que beber da água que eu lhe der, nunca mais terá sede, para sempre; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna.” João 4:13, 14.
O que queria Jesus dizer quando empregou a palavra “água” desse modo? Tem essa água o dom de curar o que metaforicamente poderia ser descrito como seca?
Acaso acreditamos haver falta de chuva ou alimento ou de conhecimento ou de amor? Então estamos aceitando a sugestão de seca. Talvez haja falta de trabalho, de lar, de saúde. Jesus disse que o reino dos céus estava à mão — presente, exatamente ali e então. Esse reino é a água viva. O Mestre curou doentes e pecadores e ajudou os que tinham outros tipos de necessidades. Desse modo trouxe-lhes o reino, a água viva.
A Sra. Eddy percebeu na totalidade de Deus a base das obras de cura de Jesus. Viu que Deus (definido por Jesus como Espírito) é o único criador, o amável Pai do homem. O universo de Deus — Seu reino — é completo e perfeito. Aí não há seca, nem fome, nem qualquer tipo de escassez.
Assim a seca — quer se apresente física ou mentalmente como um tipo de escassez — nunca é real. É uma crença errônea na consciência espúria que Paulo denominou “o pendor da carne”, crença de que o reino de Deus, Mente divina e única, não está à mão, não é perfeito, ou que não somos cidadãos desse reino.
Talvez pareçamos estar atravessando o ermo, inteiramente cercados pelo deserto. Nosso suprimento de água — de amor e amabilidade, de gentileza e bondade — talvez esteja no final e quase esgotada nossa capacidade de sermos amigos, gentis e pacientes. No entanto, não precisamos aceitar tais crenças errôneas baseadas no testemunho dos sentidos materiais e apoiadas pelo pensamento material temeroso. Podemos fazer uso de nossas faculdades dadas por Deus para reconhecer o inesgotável suprimento do Espírito. À medida que assim procedemos, o medo associado às falsas crenças começará a ceder. E começaremos a ter vislumbres — visões inspiradas — da verdadeira existência, a criação de Deus.
Esses vislumbres, por tênues que possam ser, removerão o erro que particularmente nos tem molestado. Cada vislumbre é como um gole de água viva do Cristo. Tal instrospecção, uma vez alcançada e gratamente reconhecida, pode permanecer conosco e fortalecer-nos. Assim veremos em nossa vida a confirmação da promessa de Jesus: “Aquele ... que beber da água que eu lhe der, nunca mais terá sede.” Teremos provas de nossa inseparável relação com o Pai.
A transformação de Paulo no seu caminho para Damasco, seu encontro repentino e irresistível com o Cristo, a Verdade, é um exemplo inesquecível dos vislumbres da Verdade, dos goles sanadores pelos quais deveríamos esperar e trabalhar. Não precisamos ficar buscando desesperada e ansiosamente essas fontes e esses recursos mais ricos, com receio de que a “água” se esgote. Não precisamos ter medo de perder as introspecções já alcançadas. Podemos ter certeza de que temos o de que necessitamos, não só para nós mas também para partilhar com outros.
A Sra. Eddy aconselha-nos a partilhar destemidamente com nosso próximo o que compreendemos. Escreve em Ciência e Saúde: “Milhões de mentalidades sem preconceitos — que com simplicidade procuram a Verdade, viandantes fatigados, sedentos no deserto — aguardam, atentos, o repouso e o refrigério. Dá-lhes um copo de água fresca em nome de Cristo, e nunca receies as conseqüências.” Ciência e Saúde, p. 570.
Nossos testemunhos, dados nas reuniões de quartas-feiras ou publicados nos periódicos da Ciência Cristã, são meios de partilhar vislumbres do poder do Cristo sempre disponível, da lei governante do reino dos céus. Também partilhamos a água sanadora do Cristo quando diariamente vivemos a verdade e o amor em que cremos.
Lembremo-nos, não precisamos criar a inspiração. Ela sempre está aí, em abundância. Mas temos que partilhá-la. Muitos meios nos surgirão à medida que oramos por encontrá-los. De acordo com nosso amor à humanidade, reconhecemos individualmente onde nossas capacidades específicas podem ser de melhor serventia. A Sra. Eddy nos assegura: “Tudo quanto inspira sabedoria, Verdade, ou Amor — seja cântico, sermão ou Ciência — abençoa a família humana com migalhas de conforto que caem da mesa de Cristo, alimentando os famintos e dando água viva aos sedentos.”Ibid., p. 234.
O gole espiritual que podemos oferecer ajudará a curar o sentido de seca em nosso próximo. Ajudá-lo-á, assim como a nós, a manter um suprimento espiritualmente abundante de “água viva”.