Por anos, sofri periodicamente de profunda depressão e de mania de suicídio. Conquanto nunca tenha de fato tentado matar-me, a atração mórbida de cometer suicídio era, às vezes, tão forte que mal posso imaginar dor física que pudesse ser pior. Para quem sofre assim, há imensa alegria em relatar a cura de tal condição alcançada pela Ciência Cristã.
Certa vez, antes de dar-se a cura, sentia-me muito deprimido. Telefonei ao meu professor de Ciência Cristã, pedindo-lhe que me ajudasse pela oração e obtive um pouco de paz. Mas ficaram a martelar-me na cabeça suas palavras, de que a depressão nunca seria de fato vencida a menos que eu aprendesse mais acerca de Deus e de meu relacionamento espiritual com Deus. Àquela altura, essa resposta pareceu-me um tanto cruel. Creio que, inconscientemente, pensava: “Salve-me desse círculo de depressão e angústia e então aprenderei mais sobre Deus.” Mas meu professor sabia do que eu precisava. Quando, afinal, vi que ele estava com a razão e reconheci o cuidado genuinamente cristão que o levara a dizer aquilo, fiquei preparado para o progresso.
O simples fim do tormento mental teria sido “celestial”, alívio há muito esperado. Mas não teria me dado o verdadeiro sentido de céu — a bem-aventurança ancorada no firme entendimento da realidade do ser espiritual. Tal conhecimento solidamente assentado é o sentido espiritual. A Sra. Eddy escreve em Ciência e Saúde (p. 209): “O sentido espiritual é uma capacidade consciente e constante de compreender Deus.”
A depressão crônica da qual sofria, resultava em parte de atitudes profundamente enraizadas que clamavam por reforma — era minha ignorância de Deus manifestada em falsos traços de caráter. A depressão parecia mascarar os problemas reais e eram essas causas mais profundas as que tinham de ser tratadas, não apenas os dolorosos sintomas.
A solução para mim começou com oração diária em prol de mim mesmo. Também comecei não só a pesquisar, na Bíblia e nas obras da Sra. Eddy, a fim de obter vistas mais claras da natureza de Deus, mas também a esforçar-me para, em oração, trabalhar com cada novo vislumbre até que este se fixasse em meu pensamento. Passei, a cada dia, a revisar, de forma nova e inspirada, meu crescente tesouro de compreensão. Comecei a ver que a natureza de Deus era realmente a fonte da minha natureza; que, como filho amado de Deus, eu refletia tudo o que Deus é. E compreendi que ser o reflexo de Deus não significava que Deus projetasse Seu ser divino em um “eu” humano. Em realidade, eu era inteiramente espiritual e sempre o fora, porque Deus é Espírito. Como reflexo de Deus, eu não era uma pálida imitação do original. Antes, cada qualidade de Deus — vida, integridade, amor, sabedoria e assim por diante — expressava-se integralmente em mim. Passei a orar: “Pai, porque Tu és Vida, a Vida é a própria substância do meu ser e a única coisa de que sou de fato feito.” Fiz o mesmo com os demais seis sinônimos de Deus que Ciência e Saúde apresenta na página 465: Espírito, Princípio, Alma, Amor, Mente, Verdade.
Oração diária por mim mesmo, longe de ser egoísta, ajudou-me a descobrir minha natureza real, espiritual. E, ao invés de separar-me da família e de amigos, essa redescoberta do meu elo espiritual com a única fonte divina aproximou-me dos que me cercavam. Também começou a arrancar-me de um sentido limitado acerca de mim mesmo, que tanto me angustiava.
Parte de meus problemas vinha da preocupação com minhas necessidades, meus desejos, meus pontos de vista, minha maneira de fazer as coisas. Em outras palavras: egocentrismo. Enfrentando-o de forma direta, vi o quanto isso estava na raiz de tantas das minhas dificuldades. Eventualmente, pelo meu estudo da Ciência, pude, com alegria, deixar disso.
Ligado à depressão havia também o sensualismo. A Sra. Eddy indica a conexão entre paixões e autogoverno nestes dois trechos de Ciência e Saúde: “Oscilando como um pêndulo entre o pecado e a esperança de perdão — devido ao egoísmo e à sensualidade causarem constantes retrocessos — nosso progresso moral será lento” (p. 22); e: “O egoísmo e o sensualismo são cultivados na mente mortal pelos pensamentos que sempre se volvem ao próprio eu, pelas conversas sobre o corpo, e pela expectativa de encontrar prazer ou dor perpétuos provenientes do corpo; e esse cultivo se faz à custa do crescimento espiritual” (p. 260). Na proporção em que essas duas crenças agudas iam sendo gradualmente silenciadas e eliminadas pelo Amor divino, fui encontrando liberdade real.
Acho que só quem já experimentou a escravidão de desejos compulsivos e de disposições que variam loucamente saberá quão doce é vê-los desaparecer no nada. É uma preciosa bênção compreender um pouco acerca do controle da Mente sobre o corpo.
É interessante que, durante aqueles meses, meu apetite por alimentos também modificou-se, sem que eu sequer orasse de modo específico a respeito. Quilos excessivos simplesmente sumiram e, desde então, como muito menos e aprecio muito mais o que como.
Será que podemos ser gratos o suficiente à generosidade de Deus, disponível a todos? Quando nos volvemos a nosso divino Pai-Mãe, com confiança simples e total, sentimo-nos bem-vindos no calor e segurança de Seu amor. Por tal volta espiritual ao lar, ao menos iniciada, só podemos verter lágrimas de alegria e dizer, de coração: “Obrigado, Pai.”
Ítaca, Nova Iorque, E.U.A.
