A caminhada que Janete acabara de dar junto com os dois irmãos até o cume do Monte Bela Vista (montanha no sudeste dos Estados Unidos da América), tinha sido extenuante mas valera a pena. A vista, acima das nuvens, era de tirar o fôlego.
Entretanto, enquanto voltava penosamente pela trilha em zigue-zague, Janete desejava parar e descansar. À sua frente, via Aldo e Stênio como fracos vultos, em meio às nuvens espessas que subiam do desfiladeiro abaixo deles.
“Vamos, Janete, ande”, pedia Aldo. “Você descansará quando chegar ao acampamento.”
Stênio estava num trecho da trilha que, depois de uma curva fechada, ficava bem abaixo do ponto em que Janete se encontrava. Talvez deslizando de onde estava ela poderia chegar diretamente ao outro ponto da trilha, sem precisar fazer a curva; assim alcançaria o irmão, pensou Janete. Naturalmente estaria saindo da trilha, algo que os irmãos lhe haviam avisado para não fazer. Mas se a trilha permanecia visível, que mal poderia haver? Rapidamente, agachou-se sobre os calcanhares e deixou-se escorregar, numa chuva de pedregulho, alcançando o ponto da trilha abaixo, depois da curva. Stênio, porém, estava à frente, fora da vista.
Janete sorriu. Deslizaria até o trecho seguinte da trilha e, depois, até o outro. Ficaria à frente de Aldo e de Stênio, e chegaria ao acampamento antes deles. Todavia, escorregando de um ponto a outro, os deslizamentos de pedras acabaram por encobrir de vista a trilha, e Janete encontrou-se seguindo um caminhozinho pouco visível que levava a uma moita de arbustos.
Provavelmente deslizara demais de um lado só, pensou. A última curva deveria estar bem acima de onde ela se achava e poderia ser alcançada facilmente subindo um pouco para o lado. Mas, depois de muito esforço para galgar a subida íngreme, ainda não via nenhuma trilha. Ao invés, havia outra moita de arbustos.
O medo, à semelhança das nuvens que cercavam a montanha, tomou conta dela. “Estou perdida!” pensou, e deixou-se cair sentada numa pedra. “Para que lado irei?”
Janete aprendera na Escola Dominical da Ciência Cristã que, ao defrontar-se com algum problema, deveria confiar nas verdades contidas na Bíblia, e no livro Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy. Os livros não estavam com ela naquele momento, pensou, mas as verdades sim.
Uma verdade de que se lembrou foi a de que Deus está sempre presente. Deus estava ali, com ela, naquele exato momento. Então, se Deus estava ali, poderia ela estar perdida? Fora Deus que a fizera sair da trilha? Não, o que a desviara fora o desejo de chegar à frente dos irmãos e a desobediência ao conselho deles de “permanecer na trilha”.
Janete compreendeu ser culpa da vontade própria, o que procurava se impor. Mas a Verdade divina, ela sabia, corrige a voluntariosidade. Lembrou-se destas palavras de Ciência e Saúde: “Quando esperamos pacientemente em Deus e procuramos a Verdade com retidão, Ele nos guia ao longo do caminho.” Ciência e Saúde, p. 254. O que ela estava procurando? A verdade de que sua verdadeira identidade era a de “imagem e semelhança espiritual de Deus; a representação completa da Mente” Ibid., p. 591., nas palavras da Sra. Eddy. Por acaso Deus, a Mente, cometia enganos? Claro que não. Logo, ela também não podia cometê-los!
Janete olhou para as nuvens que estavam começando a clarear e a dispersar-se. O medo deixou-a, e ela sentiu a proximidade de Deus na quietude ao seu redor. Deus estava no controle da situação. Deus lhe mostraria o caminho.
Um feixe de raios solares atravessou as nuvens e fez com que Janete visse a trilha acima e à esquerda dela. “Obrigada, meu Deus”, murmurou. Escalou a montanha até a trilha e dirigiu-se para o acampamento.
Janete aprendeu muito com a experiência. O egotismo fora repreendido e a confiança na direção divina saíra fortalecida. O conselho de “permanecer na trilha” teve para ela significado novo e mais profundo.