Quão reconfortante é a convicção de que a oração sincera a Deus é ouvida! Concluí que tal convicção relaciona-se com a direção na qual cremos estar indo.
Temos de determinar se o homem é um mortal, separado de Deus e tentando encontrar o caminho de volta para Deus, ou se o homem é, sem interrupção, o filho espiritual de Deus. Estas duas são visões opostas.
Optar pelo fato espiritual — e, em nossa identidade real, somos todos a expressão de Deus —é mais do que tomar uma só vez uma única decisão na vida. É comprometer-se a uma dedicação constante. É útil distinguir entre os dois pontos de vista. Por exemplo:
Voltando para Deus. Se crermos ser mortais com pequenas mentes próprias, separados de Deus e tentando descobrir o caminho de volta para Deus, só podemos esperar ter menos medo, ser menos pecadores e conseguir melhor saúde. Esperamos que esse empenho, de nossa parte, faça com que Deus olhe com benevolência para nossos esforços e nos envie saúde, companheirismo, campos de trabalho mais satisfatórios e/ou fundos necessários.
Sem dúvida não devemos menosprezar a oração de petição. Na proporção em que é sincera, aumentará nossa receptividade ao bem. Mas tal oração é frágil nisto, em que, desejando escapar das tristezas e incertezas da mortalidade, nos prende, ao mesmo tempo, à crença de sermos mortais em súplica.
Procedendo de Deus. Na realidade, somos filhos de Deus, filhos do único Pai universal. Cada um, como semelhança de Deus, já é senhor de todo o bem e, portanto, adquirir o bem lhe é algo desnecessário e impossível no reino de Deus. A oração que tem esta base, reconhece Deus e O louva por ser o homem inseparável de Deus e pelo amor e cuidado infalíveis de Deus. Como somos de fato filhos do Amor, manifestamos pensamentos divinos, abundância incessante e saúde permanente.
Quando descobri esse segundo enfoque, eu era aluna recente de uma Escola Dominical da Ciência Cristã. Não demorou e senti o efeito reconfortante e curativo dessa oração. Mas que autoridade havia para tal enfoque?
Na Bíblia há apoio sólido para a unidade básica de Deus e o homem. “Não temos nós todos o mesmo Pai? Não nos criou o mesmo Deus?” Malaq. 2:10. pergunta o livro de Malaquias. E o Novo Testamento deixa clara a filiação individual do homem, declarando: “Amados, agora somos filhos de Deus. ...” 1 João 3:2.
O conceito bíblico de que Deus e o homem são inseparáveis encontra-se também em todos os inspirados escritos da Sra. Eddy. Num deles, ela explica esta afirmação provocante de João: “os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne” João 1:13. e diz: “Essa passagem refere-se à existência original e espiritual do homem, o qual não foi criado nem do pó nem do desejo carnal.” Referindo-se ao contexto da declaração de João, a Sra. Eddy termina o parágrafo assim: “O texto bíblico é uma declaração metafísica da existência como Princípio e idéia, na qual o homem e seu Criador são inseparáveis e eternos.” Miscellaneous Writings, p. 182.
Após terminar a Escola Dominical, ao orar a partir desse mesmo ponto de vista mais elevado e ater-me constantemente a ele, visões jamais sonhadas da existência espiritual começaram a se me descortinar. Como idéias ativas e individuais de Deus, somos Seus representantes espirituais. Nosso conhecimento é reflexo do Seu conhecimento. Seu ser indestrutível é a fonte de nosso ser. A Sra. Eddy escreve: “O homem não é Deus, mas tal como um raio de luz que procede do sol, o homem, a emanação de Deus, reflete Deus.” Ciência e Saúde, p. 250.
Inevitavelmente, com essa percepção ampliada do universo da Mente e de seus habitantes, vem o reconhecimento de que a criação inteira provém de Deus. Que alegria saber que cada ser vivente, em sua natureza real, espiritual, é uma idéia da Mente! Cada pássaro, flor, árvore, peixe e criatura representa a Mente criadora — não como matéria, mas como produto da Mente, portanto completamente mental, espiritual e bom. Cada um desempenha seu papel especial na criação. Esse estado perfeito não precisa ser melhorado, não há separação de Deus, nem falta do bem proporcionado por essa Mente de todo sábia.
Que visão maravilhosa! Por isso fiquei surpresa ao descobrir que a mente humana muitas vezes cede só gradualmente e, às vezes, com relutância, à oração baseada na unidade do homem com Deus. A consciência humana treme ante a inevitável conclusão da nulidade da matéria como corolário da totalidade do Espírito. Essa consciência fica admirada do resultado, a doença e o pecado curados, mas começa a perceber também que nem sua autodependência nem o raciocínio humano por si só ancorarão o pensamento no conhecimento celestial.
O bondoso Cristo está à mão, protegendo, guiando, curando e encorajando a mente humana a abandonar seus temores e conceitos errôneos. Esse processo parece ser uma jornada do sentido material para o espiritual, mas na verdade é o Cristo a levantar o véu da mortalidade e revelar o que sempre existiu na Mente, na qual a união do homem com Deus está para sempre estabelecida. Com amor moderador, o Cristo nos prepara para reconhecermos nosso status como filhos de Deus. Com tal reconhecimento vêm inevitavelmente espiritualização do pensamento, regeneração e cura.
O estudo da Bíblia deixa claro que Jesus sempre demonstrava o poder do Cristo em apartar o pensamento humano deste sentido falso de achar-se separado de Deus. Nas curas e nos ensinamentos de Cristo Jesus está o epítome de seu reconhecimento da união, realizada pelo Amor, do homem com seu Pai.
Não há mito mais sombrio, gerado pela crença de que o homem esteja separado de Deus, que o da genealogia mortal. Da dependência dela, do orgulho dela ou do medo a ela emergem todo tipo de teorias — falsas todas elas — que buscariam determinar nossa vida, saúde e felicidade.
A tudo isso, a verdade da totalidade de Deus desfere um potente “Não!” Como o homem é Seu filho, a sua herança é totalmente boa e completamente espiritual. Só Deus determina a herança do homem, e esta inclui inteligência pura e ilimitada, identidade perene, substância inviolável e incorruptível. A Mente nunca deixa de governar o seu filho. Compreender que o homem coexiste com Deus, provê defesa poderosa contra as dificuldades provenientes de crer em origem e herança mortais.
A compreensão de nossa herança do bem desenvolve-se por meio de oração e estudo paciente. Às vezes, também vem em momentos de vislumbres repentinos.
À medida que fortalecemos nossa disposição e habilidade de orar desde a base da união do homem com Deus, em meio ao estudo sistemático da Bíblia e das obras da Sra. Eddy, idéias incontáveis que confortam e satisfazem desabrocham. Não há substituição para o estudo profundo desses livros se quisermos obter a compreensão da criação como a emanação espiritual de Deus. Amamos mais a Deus à medida que mantemos frente ao pensamento nossa inseparabilidade dEle. Desta maneira, provamos diariamente que não há necessidade de voltarmos para Deus. Na verdade, nenhum de Seus filhos jamais O deixou.
 
    
