Verdadeiramente livres são os indivíduos cuja convicção de poderem se entregar confiantemente a Deus é tão forte, que sabem que coisa alguma os pode afrontar a ponto de separá-los de Deus. Essa liberdade tem por base uma compreensão firme da unidade inseparável entre o homem e Deus, o Princípio de toda realidade e bondade. Jamais foi enunciada uma diretriz mais fundamental para a obtenção dessa liberdade, do que o Primeiro Mandamento: “Nāo terás outros deuses diante de mim.” Êxodo 20:3.
O grande significado do Primeiro Mandamento deve penetrar a fundo em nosso pensamento. Nossa constante necessidade é a de medir nossa obediência a ele, perguntando-nos se estamos atribuindo poder a qualquer pessoa ou a qualquer coisa além de Deus. A Divindade é a fonte de toda a realidade. Tudo o que Ele sabe é real e Ele conhece somente o bem. Portanto, unicamente o bem é real. Nāo há, nem pode haver, outro poder além de Deus, porque Ele é Tudo, Ele é o Único, e não existe coisa alguma fora de Sua totalidade. Um domínio e uma independência cada vez maiores se fazem sentir à medida que aprendemos o significado vital de não nos deixarmos sujeitar a poder algum, exceto o poder de Deus. Ora, se concedermos poder ou realidade a qualquer outra coisa ou pessoa, estaremos, com efeito, admitindo outros deuses, e violando o Primeiro Mandamento.
No decorrer dos séculos, a humanidade fez enormes esforços para se libertar da escravidāo de toda espécie. E a liberdade foi valorosamente conquistada em muitos setores da experiência humana. Conquistaram-se liberdades tais como o direito de voto, o direito de propriedade, de julgamento justo, de imprensa livre e de adorar a Deus de acordo com a própria consciência — aquisições extremamente importantes, as quais, conquanto ainda não tenham caráter universal, proporcionaram bênçãos incalculáveis.
Não será, porém, que a liberdade final deveria incluir o estar livre do pecado, da enfermidade e da morte, como Cristo Jesus prometeu?
Mary Baker Eddy pesquisou as Escrituras durante muitos anos, num esforço para descobrir como Jesus realizava suas obras de cura, de modo que nós, seus seguidores de hoje em dia, pudéssemos obedecer às suas palavras: “Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de graça recebestes, de graça dai.” Mateus 10:8. A Sra. Eddy, Descobridora e Fundadora da Ciência CristãChristian Science (kris’tiann sai’ennss), pela oração e pela revelação discerniu que Deus é Amor, Verdade e Vida, como a Bíblia O define, e que Ele é também o único Princípio divino e demonstrável. Ela percebeu que as portentosas obras de cura realizadas por Jesus não se baseavam numa fé cega nem eram uma dispensação especial a num só homem. Elas destinavam-se a toda a humanidade, porque Deus é o Princípio divino.
Moisés, que numa era remota da história deu-nos o Primeiro Mandamento de Deus, deu provas, em sua própria experiência, do poder libertador de se compreender a unicidade e a suprema autoridade de Deus. Percebeu essa verdade com tal clareza que obteve domínio, em grau excepcional, sobre as restrições e os temores do pensamento mortal. No deserto solitário, Moisés talvez tenha despendido longas horas em oração. Por certo emergiu, de sua experiência no monte Horebe, fortalecido pela convicção de que Deus é o grande “Eu Sou”. Moisés havia começado a discernir sua missão de libertar da escravidão egípcia os filhos de Israel. A liberdade individual de Moisés foi emergindo à medida que ele aprendia mais a respeito do único Deus.
Moisés a princípio teve medo, pois não era eloqüente e, por isso, não se sentia capaz de falar com o Faraó a respeito da libertação dos israelitas, mas Deus lhe disse: “Vai, pois, agora, e eu serei com a tua boca, e te ensinarei o que hás de falar.” Êxodo 4:12. Moisés e o seu povo foram se libertando mais e mais de todo tipo de limitação, à medida que crescia a confiança radical de Moisés no único Deus. Mais tarde, no ermo, estava espiritualmente preparado para escutar e registrar a portentosa revelação da verdade nos Dez Mandamentos.
A respeito do Primeiro Mandamento, muitos séculos mais tarde, a Sra. Eddy escreveu: “O Primeiro Mandamento é meu texto favorito. Demonstra a Ciência Cristã. Inculca a tri-unidade de Deus, Espírito, Mente; significa que o homem não terá outro espírito ou outra mente senão Deus, o bem eterno, e que todos os homens terão uma única e a mesma Mente. O Princípio divino do Primeiro Mandamento é a base da Ciência do ser, pela qual o homem demonstra saúde, santidade e vida eterna.” Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 340.
Compreender o Primeiro Mandamento, e a ele obedecer, conduz à demonstração de saúde, santidade e vida eterna. Para ficarmos livres do cativeiro da mortalidade precisamos da Ciência do ser, que se baseia no Princípio divino do Primeiro Mandamento. O que é que a obediência ao Primeiro Mandamento exige de nós? Tal como Moisés, precisamos compreender Deus mais plenamente — Deus, o grande Eu Sou, a fonte da individualidade do homem. Nossa verdadeira individualidade, nosso ser real, tem sua origem apenas em Deus. A confiança cada vez maior em Deus capacita-nos a provar, até mesmo nos pequenos detalhes dos afazeres do dia-a-dia, que não existe outro Deus, nenhuma outra presença ou poder, mas somente Ele.
Libertamo-nos das crenças e limitações escravizadoras de todo tipo, à medida que aumenta nossa compreensão de Deus e de nossa unidade com Deus. Nossa crescente devoção a Deus resulta em que nos libertamos paulatinamente das insatisfeitas exigências da matéria. O reconhecimento do domínio dado por Deus como um direito divino nosso, resulta de nossa crescente convicção de só Deus é a fonte de toda substância real, de toda saúde e todo suprimento — de um bem permanente e imperecível.
A confiança radical no único Deus livra-nos do medo de virmos a ficar separados do bem. O bem está sempre à mão, porque Deus está sempre ao nosso alcance. Constatamos estar Ele tão perto de nós como o nosso próprio pensamento e descobrimos paz e liberdade imensuráveis à medida que aprendemos a nos volver radical e continuamente e de todo o coração a Ele, a única fonte do bem.
A Sra. Eddy resumiu sua convicção da grande importância do Primeiro Mandamento, nestas palavras: “O Primeiro Mandamento, ‘Não terás deuses diante de mim’, é uma lei que nunca será revogada, um estatuto divino para ontem e hoje e para sempre.” Message to The Mother Church for 1902, p.4.
À medida que cresce nosso discernimento do estatuto divino e aumenta nossa obediência a ele, encontramos liberdade individual e, portanto, ajudamos toda a humanidade. A Bíblia conta-nos que Moisés, perto do fim de sua carreira terrena, lembrava os filhos de Israel da importância suprema de obedecer aos ditames do Primeiro Mandamento. “Ouve, pois, ó Israel, e atenta em os cumprires, para que bem te suceda, e muito te multipliques na terra que mana leite e mel, como te disse o Senhor Deus de teus pais. Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.” Deuter. 6:3, 4.
    