Diante do acelerado ritmo de vida desta era, muita gente observa superficialmente o que acontece a diário, e, às vezes, mal toma conhecimento do que sucede com os outros seres humanos. No entanto, em todos os níveis, há pessoas que anseiam sinceramente por um melhor conceito de segurança e de propósito. Acaso perdemos as oportunidades, oportunidades de ajudar outros a encontrarem o caminho do reino de Deus aqui na terra? Não é necessário esperar que ocorram tragédias de índole pessoal, para só então procurar as realidades do ser espiritual, realidades capazes de salvar vidas.
Cristo Jesus, que se empenhava em amar a humanidade, não se satisfez com ser um exemplo silencioso. Com compaixão e constância, ajudou aqueles que eram receptivos. O Guia neutralizou a confusão do mundo material ao curar, ensinar e até mesmo ao alimentar as multidões. Por meio de sua obra de cura e da autoridade com que falava, o Mestre fez com que os homens se desprendessem da ilusão da maneira de pensar dos mortais. Liberados, assim, das algemas do pesar e do pecado, os homens enxergaram com maior clareza a senda que conduz a panoramas celestiais.
Como encontraremos maneiras semelhantes para chegar ao coração das pessoas receptivas de hoje? Como em qualquer outro assunto, a resposta nos vem da oração. Escreve a Sra. Eddy: “Se trabalhares e orares com motivos sinceros, teu Pai abrir-te-á o caminho.” Ciência e Saúde, p. 326.
Uma Cientista Cristã constatou que ser um exemplo vivo, apoiar-se em Deus para obter a cura, sem medo, constitui um meio eficiente de apresentar a Ciência Cristã a gente nova. A mulher pôde dar provas conclusivas, visíveis a todos, de que Deus nos dá domínio sobre a doença e a deformidade, e nos guarnece de saúde. Uma manhã, a mulher despertou e, sem motivo conhecido, tinha a testa inchada. Assustada com o que viu no espelho, afastou-se dessa imagem e rejeitou completamente a idéia de que aquele estado pudesse ter algo a ver com o homem feito por Deus. Lembrou-se de palavras da Sra. Eddy, acerca da matéria: “Não se conhece a si mesma — não pode sentir-se, ver-se, nem compreender-se a si mesma.”Ibid., p. 479. Embora os sentidos mortais neguem esse fato, a mulher sabia que, como reflexo de Deus, ela só podia expressar a pureza, a perfeição e a graça divinas. Portanto, estabeleceu firmemente sua unidade com o Pai-Mãe Deus, a fonte de toda força, beleza e inteligência.
Com humildade, decidiu ir trabalhar e expressar, como sempre, alegria e boa vontade. Tinha um cargo no departamento de pessoal de uma grande firma, e todos conheciam sua posição religiosa. Viu aproximarem-se dela, como em cortejo, colegas curiosos que expressavam preocupação e incredulidade. Por certo, a advertiram várias vezes, ela deveria recorrer à ajuda médica a fim de resolver esse impasse tão desagradável. Ela lhes assegurou que já não sentia dor, e explicou, da maneira mais simples possível, algo sobre o poder e a presença divinos nos quais estava se apoiando. Aí estava uma oportunidade de disseminar as sementes da cura-pelo-Cristo. Estava cônscia de que o mesmo Amor, que a tudo inclui e que lhe permitia expressar amor para com os colegas, a estava amparando, e assim ela se sentia livre de toda e qualquer tensão, ceticismo ou dúvida.
No segundo dia, o problema ficou mais alarmante, embora pouco se tocasse no assunto. Mas a mulher permaneceu firme em identifi-car-se positivamente com o reflexo sem mácula do Princípio único e perfeito, Deus. No terceiro dia, não havia sinal algum da doença, e todos aceitaram e reconheceram a cura.
Na manhã em que surgira o problema, a mulher havia se sentido divinamente impelida a ir trabalhar. Foi, pensando que talvez a cura se realizasse logo ao chegar. Em vez disso o desenrolar dos eventos permitiu que todos os funcionários com quem esteve em contato, fossem testemunhas dessa cura. Para a mulher, foi aquela uma oportunidade de amar o próximo, de falar em algumas das verdades vivas e atuantes que lhe iluminavam a própria experiência e traziam cura.
Num certo sentido, o valor do que transmitimos emana do conceito espiritual que abrigamos sobre nós mesmos e sobre os demais. Quando nossa maneira de encarar as coisas é pura e magnânima, temos imediatamente algo de valor para oferecer ao nosso próximo. Para isso, necessitamos estudar, em oração e com constância, a Bíblia e as obras da Sra. Eddy, um estudo que não deve jamais tornar-se mera rotina, se é nosso propósito descobrir, para nós e para outros, verdades poderosas e demonstráveis. Naturalmente, no entanto, temos também de cuidar que nossa vida cotidiana esteja em conformidade com os ensinamentos de Cristo Jesus e com a Ciência do cristianismo. À medida que assim procedemos, vem à tona, para ser eliminado, tudo aquilo que pretenderia limitar nossa capacidade de amar os outros e transmitir-lhes o que sabemos. Cabe lembrar uma das orações do salmista: “Quem há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são ocultas.” Salmos 19:12.
Por exemplo, talvez creiamos viver de acordo com a Regra Áurea — mas estaríamos dispostos a tornar públicos nossos pensamentos acerca dos outros? Acaso pensamos nos outros como gostaríamos que pensassem em nós? Ou será que abrigamos alguns dos pensamentos insensíveis, tão aceitos pelo mundo, tais como indiferença, competição, preconceito, ansiedade, acaso? Esses sentimentos tendem a sufocar nossos esforços para transmitir algo de bom. Os pensamentos nocivos provêm do medo, por exemplo, o medo de não poder dominar uma situação em especial, ou o medo de ser dominado por ela. Não é de admirar que a Bíblia diga: “O perfeito amor lança fora o medo.” 1 João 4:18 Esse “perfeito amor” é, na realidade, o Amor divino, Deus, a fonte sempre presente de toda sabedoria e poder. Ao compreender que nossa verdadeira natureza deriva do Amor, e ao demonstrar mais desse Amor, vencemos a indiferença mediante a amabilidade, a irritação com a suavidade, o preconceito com o respeito, a ansiedade com a ternura, o acaso com a obediência à lei.
Se não prestarmos atenção, as preocupações com nossa própria liberdade espiritual podem se tornar uma espécie de egocentrismo, contribuindo para erigir barreiras de mal-entendidos e dar impressões errôneas da Ciência Cristã. Quando expressamos amor de maneira cristã, tornamo-nos conscientes dos desafios apresentados pelo mundo material. Mais do que isso, nosso pensamento se orienta pela Verdade onipotente que aniquila o mal em todas as suas formas, e se predispõe a lhe obedecer. Tiago se refere à “sabedoria” ... “lá do alto,” ... “primeiramente pura; depois pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento” Tiago 3:17..
Há pouco tempo, numa grande loja apinhada de gente, uma senhora aproximou-se de mim, queixando-se de dor. “Levei um tombo”, disse-me. Respondi com estas palavras de conforto, lembradas da Bíblia: “O Deus eterno é a tua habitação, e por baixo de ti estende os braços eternos” e, também, “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações” Deuter. 33:27; Salmos 46:1.. Com surpresa e apreço, reconheceu as passagens bíblicas. Ficou visivelmente confortada; logo melhorou de aspecto, e seu olhar voltou ao normal. Agradeceu pelas palavras de alento, e continuou andando, com plena liberdade e alegria.
Oremos a Deus, a Mente, para que nos guie ao coração faminto para que possamos, com compaixão e sabedoria cristã, dizer a palavra adequada e assegurar a ação correta. Partilhemos com outros a nossa dádiva, com a melhor intenção e com amor.
