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Como um conceito espiritual de família cura o preconceito racial

Da edição de janeiro de 1987 dO Arauto da Ciência Cristã


Durante toda a minha infância, vi muita evidência de preconceito racial. A cidade em que eu morava, foi durante muitos anos cenário de inúmeras confrontações entre vários grupos raciais. Houve ali quebra-quebras e constante violência entre grupos de jovens de raças diversas.

Como adolescente que freqüentava uma Escola Dominical da Ciência Cristã, constatei que a Bíblia e o livro Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy eram de grande ajuda para proteger meu pensamento contra a violência e a divisão resultante do preconceito racial. A Ciência Cristã ensina-nos a olhar para além do preconceito, da desconfiança, do medo e do ódio e ver a criação espiritual de Deus. Em Deus, o Amor divino, não existe nenhuma discórdia nem divisão ou ódio. Quer o preconceito pareça ser parte do pensamento de outras pessoas, quer esteja abrigado em nosso próprio peito, realmente não faz parte do homem afetuoso criado por Deus. Em nossa identidade verdadeira e imortal, somos o reflexo individual do Amor infinito. Deus é o Pai-Mãe de todos, e vivemos como integrantes de Sua família universal.

A unidade composta da humanidade inteira se expressa claramente nas seguintes palavras da Sra. Eddy: “Nesta base a fraternidade de todos os povos acha-se estabelecida, isto é, um só Deus, uma só Mente, e ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Essa é a base na qual e pela qual o Deus infinito, o bem, o Pai-Mãe Amor, é nosso e nós somos Seus na Ciência divina.” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 281.

A idéia espiritual de existir um só Pai-Mãe é útil à cura das divisões raciais. Mostra-nos que a família não está restrita aos laços biológicos, mas se define por ter no Espírito a sua origem comum. É espiritual e não carnal o elo que existe entre nós e cada uma das outras pessoas. “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” Romanos 8:16., confirma Paulo. Essa compreensão dá-nos a oportunidade de deixar de lado as classificações humanas de preto, branco, mulato ou amarelo e chegar à única verdadeira classificação do homem como o descendente espiritual do Amor. Assim, unimo-nos ao espírito da declaração de Paulo: “Não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” Gálatas 3:28.

Cristo Jesus incluía a todos em seu amor curativo. Não julgava de acordo com características humanas, mas segundo a disposição de conhecer Deus. Conquanto fosse de origem judia, ele não acreditava que os escolhidos fossem apenas os de seu próprio povo. Reconhecia os elementos crísticos em judeus e não-judeus. Ensinou essa lição, quando curou o servo do oficial romano. Tão forte era a fé do oficial romano que Jesus se maravilhou e afirmou que nem mesmo em Israel encontrara tão grande fé. Ao que acrescentou: “Digo-vos que muitos virão do Oriente e do Ocidente e tomarão lugares à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos céus.” Mateus 8:11.

O Cristo, revelando a identidade real do homem, mostra que todos refletimos a Alma, expressando inteligência, universalidade e justiça. A bondade é uma qualidade natural aos filhos de Deus e é plenamente expressada pelo homem individual. Muito embora os mortais possam parecer cheios de ódio, violência e preconceitos, esse quadro é o inverso da verdadeira identidade do homem. A Ciência Cristã ensina que o homem não é um mortal pecador, mas é a imagem espiritual e a semelhança de Deus. A imagem invertida, ou a contrafação mortal, existe apenas para os sentidos materiais, mortais e ilusórios. O homem perfeito, à semelhança de Deus, é substancial, existe na Mente e é discernido mediante o sentido espiritual. O homem real expressa em pensamento e ação a natureza divina da Vida, da Verdade e do Amor.

Reconhecer o homem espiritual que nós e os outros realmente somos, ajuda-nos a descobrir e destruir quaisquer opiniões apologéticas que mantenhamos com relação a outros grupos sociais ou raças. O desejo de conhecer e aceitar o único Pai-Mãe, Deus, que abrange todos os povos, livra-nos de julgar segundo a carne à maneira dos fariseus. Substitui em nossos corações a contrafação mortal pela imagem espiritual da Alma.

Se desejarmos levar a cura aos nossos encontros com outras pessoas, deveremos deixar de aceitar os rótulos de “preguiçoso”, “desonesto”, “violento”, ou “burro”, pois em realidade nenhum desses é atributo de Deus. Mesmo se um indivíduo tem seus pontos fracos, as falhas humanas pertencem apenas à mente mortal e não às idéias da Mente divina. Ao invés de condenar os outros de acordo com o que os sentidos mortais dizem, podemos vê-los tal como Jesus os via: como filhos de Deus. Por aceitar como reais, nos outros, apenas os atributos e as qualidades de Deus, geralmente nos libertamos de nossas fraquezas humanas e nos protegemos dos ataques da mente carnal.

Essa proteção foi comprovada dia após dia, quando eu transitava por um bairro considerado perigoso. Pelo fato de eu morar fora do campus e ter de tomar o ônibus para ir às aulas durante meus anos de estudo na universidade, eu tinha de trocar de ônibus num ponto localizado numa parte dilapidada da cidade, cuja reputação era de violência. Enquanto aguardava o ônibus, eu orava para saber que, aos olhos de Deus, eu não era melhor do que qualquer um dos residentes dessa parte da cidade. Eles eram os filhos escolhidos de Deus, tal como eu era. Tinham o mesmo Pai-Mãe, a Mente, que cuidava deles e de mim. A pigmentação da carne ou a classe social não nos podiam separar ou ser motivo de ódio ou violência. Eu via cada uma dessas pessoas como o reflexo completo e espiritual do Amor divino. Eu sabia que, por vê-los satisfeitos e amados por Deus, todos sairiam favorecidos. A individualidade deles, bem como a minha, como fato espiritual, era a expressão do único Ego, da única Alma, e esse Ego, sabia eu, expressa-se em paz, bondade e realização. Esse modo de pensar cheio de amor e isento de preconceitos, a respeito das pessoas do bairro, protegeu-me durante o ano todo em que as circunstâncias me obrigaram a passar por essa redondeza. Outros a quem eu conhecia contavam terem sido atingidos por armas de fogo ou roubados, enquanto tentavam atravessar essa parte da cidade.

A compreensão de haver apenas uma só Mente que é pai e mãe, que governa tudo, também traz liberdade e justiça aos que possam estar sofrendo o látego do preconceito. Podem conscientizar-se de que o Princípio é a origem e o Ego de todas as pessoas, e se expressa em eqüidade, igualdade e verdade. O ódio e a injustiça não passam de pretensões da mente carnal que alega haver outro poder além do Amor infinito. Quando constatamos estar sendo vítimas do preconceito e da injustiça, não devemos, em última análise, culpar as pessoas, e, sim, a crença numa mente separada de Deus. Dessa maneira, podemos deixar de reagir com violência, ódio e vingança. É o orgulho da mente mortal e o egotismo o que deseja reagir ao ódio com ódio. Lemos em Tiago: “Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará.” Tiago 4:10.

A filiação espiritual e privilegiada do homem não se encontra nem na inferioridade nem na superioridade de raça, sexo ou nacionalidade. Deus, diz-nos a Bíblia, “não faz acepção de pessoas” Atos 10:34., isto é, de identidade corpórea. Deus é o infinito Pai-Mãe, o Amor, que vê apenas a nossa identidade espiritual e ama a todos nós. Compreendendo isso e esforçando-nos para expressar o amor de Deus a todos, independente de classe ou raça, ajustamos o cenário humano e trazemos justiça e eqüidade à nossa vida.

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