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“Perdoa-me, Pai”

Da edição de outubro de 1987 dO Arauto da Ciência Cristã


Quantas vezes ansiamos por sentir que Deus perdoa! No entanto, que alívio compreender que não existe pecado algum fora do alcance do poder sanador do Amor. Por mais tenebroso seja o deslize moral, o Cristo consegue destruí-lo. A promessa compassiva e sanadora de Deus se expressa em Isaías: “Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados são como a escarlate, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que são vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã.” Isaías 1:18.

O vasto amor e perdão de Deus foram compreendidos com clareza e demonstrados por Cristo Jesus. Foi o Amor divino que lhe deu autoridade para dizer: "Estão perdoados os teus pecados.” Lucas 5:20. Jesus deu provas do poder sanador do Amor divino no episódio da mulher que lhe lavou os pés na casa do fariseu, no episódio do homem que sofria de paralisia, e no caso do homem que jazia à beira do tanque de Betesda. Cada um desses indivíduos estava preparado, pelo menos até certo ponto, para abandonar os velhos hábitos e ser elevado a uma maneira mais espiritual de viver. Com percepção espiritual e amor, Jesus os curou dos pecados deles e das dificuldades físicas. Ao falar na origem de suas boas obras, Jesus explicou que tratava-se do Pai celestial a agir nele. Portanto, podemos concluir que seu perdão aos pecadores provinha de Deus, o Amor.

Em nossos esforços por ser absolvidos do pecado — de ódio, vingança, maldade, luxúria, inveja — é importante compreender que pecado e pecador não constituem uma realidade que Deus enxerga. Os dois, pecado e pecador, são sonhos mortais, dos quais as pessoas têm que despertar graças a conhecerem a totalidade do bem, isto é, de Deus. Essa maneira de encarar o pecado não nos permite, em absoluto, omitir os passos necessários de arrependimento, regeneração e expiação, mas fortalece-nos com o poder divino para dar esses passos.

Foi por meio da compreensão de Deus perfeito e homem perfeito que Jesus curou o pecado e as características físicas que o acompanham. Como o pecado não foi criado por Deus e não é natural ao nosso eu verdadeiro, Jesus o encarou como uma mentira. Reconhecia em nossa verdadeira identidade a pura semelhança de Deus, jamais decaída ou expulsa do reino do Princípio divino, mas, no ser impecável, protegida e segura nos braços inabaláveis e inexpugnáveis do Amor. A irrealidade científica de pecado e pecador é uma revolucionária revelação divina. Conduz o coração contrito a encontrar, passo a passo, o domínio sobre todo pecado. Mary Baker Eddy, que descobriu e fundou a Ciência CristãChristian Science (kris'tiann sai'ennss), diz: “A lei de Deus está em três palavras ‘Eu sou Tudo’; e esta lei perfeita está sempre presente para reprovar qualquer pretensão de outra lei. Deus se compadece de nossas mágoas com o amor de um Pai para com Seu filho, — não por tornar-se humano conhecendo o pecado ou nada, mas eliminando o nosso conhecimento daquilo que não é. Ele não poderia destruir totalmente nossas aflições se Ele tivesse algum conhecimento delas.”Não e Sim, p. 30.

Quando nosso coração se remorde e se arrepende de suas falhas, recebe ajuda, não humana, mas divina, o que nos confere energia e renovada determinação de dar provas de nossa santidade inata. O Cristo, a revelação da Mente divina à consciência humana, nos regenera, nos inspira a motivos, desejos e aspirações mais puras. Ao cedermos à Mente única, Deus, vamos adiante como discípulos da Verdade, obedientes e humildes. Embora a irrealidade de pecado e pecador pareça (para aquele que avalia a esses sob o ponto de vista intelectual como um credo teológico,) difícil de aceitar, constitui, para o “pobre de espírito”, a graça salvadora de Deus.

Encarar o homem como condenado a sofrer punição devido a alguma falha ancestral de Adão e Eva, enfraquece em nós a determinação espiritual, faz-nos sentir o peso da autocondenação e nos incita a novo delito, sob a escusa "não posso evitá-lo”. Ao aceitar que o homem é um pecador decaído, tendemos a fazer da oração do perdão um ritual que talvez proporcione satisfação temporária. Sob essa superfície “pacífica”, porém, se fomenta autojustificação, hipocrisia, cegueira moral. A Ciência do Cristo exige a destruição de nossos pecados, antes de merecermos o perdão. Diz a Sra. Eddy: “Para mim o perdão divino é aquela presença divina a qual é a destruição segura do pecado; e eu insisto na destruição do pecado como sendo a única prova completa do seu perdão.”Ibid., p. 31.

Sofrer por nossas faltas nos faz progredir espiritualmente. Confirma que não existe verdadeira felicidade em pecar. A escuridão enganadora da mente carnal discute equivocada, dizendo haver alegria no dinheiro, no poder humano, nas drogas, na fama, no sensualismo. Esse erro é posto a descoberto às vezes por meio de sofrimento, como mentira vergonhosa, a qual tem de ceder à verdade acerca de Deus e do homem.

O primeiro capítulo do Gênesis nos informa que Deus criou o homem à Sua semelhança e ficou tão satisfeito com Sua obra, que pronunciou tudo muito bom. Isso significa que não foi criado nenhum elemento de pecado ou doença, pois Deus criou tudo. A imagem e semelhança da Vida, da Verdade e do Amor constitui o único homem, e esse homem é o nosso verdadeiro ser, o qual não está oprimido por medo, raiva, vingança, maldade. Como idéia da Mente divina, o homem corporifica qualidades espirituais infinitas. O único Ego — Eu Sou o que Sou — é o Amor, o qual se expressa por meio de idéias puras e perfeitas.

Tive uma experiência que me ensinou a reconhecer o poder que tem o Amor para instantaneamente perdoar e curar o pecado. Um dia, eu ia dirigindo meu carro, e a polícia me fez parar porque não diminuí a marcha a tempo, numa zona escolar. Como eu julgava que havia diminuído a marcha a devido tempo, comecei a discutir com o oficial de polícia. No calor da autojustificação e do orgulho (orgulhava-me muito de minha reputação de excelente motorista), acusei o policial de haver-me importunado desnecessariamente. Nesse ponto, num tom enraivecido, disse-me ele que eu havia desobedecido um aviso anterior para diminuir a marcha. Tanto insisti em meter-me numa discussão esquentada e fútil, que ele me deu cinco cartões de multa (em vez de um só, o que pretendera desde o começo). Com um desses cartões, apreendia a minha carteira de motorista. Eu havia quase chegado ao ponto de ser preso e levado para a cadeia por expressar desrespeito a um oficial.

De repente, fiquei com grande vergonha e me arrependi. Com doloroso remorso, recorri a Deus e pedi sinceramente que me perdoasse. Eu sabia que havia violado aquilo a que Jesus denominou “o grande e primeiro mandamento” da lei, endeusando meu orgulho. Havia desobedecido, ao sentir animosidade contra o oficial, aquilo a que Jesus denominara “o segundo, semelhante a este” Ver Mateus 22:35-39., e nada fizera por merecer a bênção prometida em várias das bem-aventuranças, no Sermão do Monte. Impelido por uma mansidão inspirada por Deus, pedi ao oficial que desculpasse minhas expressões desrespeitosas de orgulho e raiva. Este olhou-me com a fisionomia mudada, aceitou minhas desculpas, e desculpou-se também por suas reações inflamadas.

Voltei ao carro levando as cinco multas e, com lágrimas, continuei a orar, sinceramente arrependido. Repeti várias vezes: “Perdoa-me, Pai.” De repente senti de cheio a compenetração espiritual de que a mente carnal tinha a culpa dessa explosão, e eu não queria outra Mente senão Deus, pois minha verdadeira identidade, a semelhança do Amor, jamais havia decaído. Esses pensamentos me soergueram acima do torturante remorso. Senti-me envolto no radiante e cálido amor de Deus e Sua graça, e em pensamentos ouvi as palavras: “Estás perdoado.”

Assustei-me ao ouvir a sereia de uma motocicleta. Olhei, e vi o oficial de polícia, chamando-me (ele havia voltado). Quando me aproximei, pegou as quatro últimas multas e as rasgou, dizendo: “De vez em quando todos nós cometemos algum erro.” Agradeci em tom humilde e contrito.

O arrependimento e a humildade sincera são necessários para aniquilar o mal que pretende manipular-nos, e para deter nossa cooperação inconsciente com o mal. O perdão do Amor ocorre no instante em que nossa crença no pecado e a aquiescência para com o pecado se desfazem. Jesus chamou ao diabo “mentiroso e pai da mentira” João 8:44., pois nega a totalidade de Deus e pretende inverter a imagem e semelhança do Espírito, fazendo do homem um mortal dessemelhante de Deus. Rejeitar as tentações da mente carnal — obedecer à única Mente, Deus, se traduz em amor mais fiel e vigoroso para com Deus e Seus dons de temperança, perdão, amor e graça.

A mente mortal, como quem pensa, fala e age erradamente, é o único pecador. Com desafiadora arrogância, expande e acumula seus próprios pecados, mas seguramente um castigo severo também se acumula, a par dessa jactância. Sua própria falta de lei e pretensão ilegal a vida e inteligência provocam a faísca da sua autodestruição. Ao compreender que a mente mortal não constitui nossa própria mente ou impulso, reconhecemos que sua insistência agressiva é destituída de poder, de lógica e de verdade. Com autoridade outorgada por Deus, expulsamos as tendências da mente mortal, inclusive a voluntariosidade, o orgulho, a raiva. À medida que damos cada passo de progresso espiritual, constatamos que as crenças pecaminosas desaparecem ante a luz da Verdade, e nos encontramos cada vez mais capazes de regozijar-nos na Alma.

As experiências do batismo espiritual e da regeneração nos tornam mais propensos a perdoar as culpas de outros e a ter compaixão por suas lutas para vencer o pecado. Perdoamos a outros quando pedimos a Deus que nos perdoe. Por meio da própria regeneração espiritual, captamos um vislumbre mais claro de nossa própria natureza despojada de pecado, e da outros, natureza essa que não carece de perdão.

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