Os trechos seguintes fazem parte de uma conversa com do Gabinete da Tesouraria, a cargo de quem estão as questões do relacionamento com a comunidade. Joan trabalha em estreito contato com organizações e indivíduos de nossa comunidade, em nome dos empregados d'A Igreja Mãe.
Em seu trabalho, você está ciente das necessidades humanas de muitos indivíduos e organizações. Houve alguma coisa que a fez focalizar espiritualmente essas diversas necessidades?
"As pessoas sentem um desejo real de encontrar soluções para os problemas, uma busca genuína por respostas. Pensei muito nesse assunto quando participei na cerimônia de encerramento da campanha de angariação de produtos enlatados, realizada pela Prefeitura de Boston. Setenta e cinco organizações tinham recolhido 60.000 latas de produtos alimentares a serem doadas a pessoas necessitadas. Além disso, porém, havia um esforço realmente dedicado no sentido de encontrar soluções permanentes para esses problemas. Não era apenas questão de ser bonzinho, mas sim um esforço sincero para encontrar soluções.
"Uma mulher falou da fome de alimentos e da fome de igualdade. E eu pensei que o passo seguinte é o de 'fome e sede de justiça'! As organizações e os indivíduos estão fazendo o melhor que podem com o conhecimento e as informações de que dispõem, mas ainda estão em busca de algo mais. Isso me impressionou muito e. .. me animou também.
Graças às informações que você recebe nesse cargo, como acha que os Cientistas Cristãos podem mitigar essa fome mais profunda?
"Penso que esses problemas precisam ser abordados sem a habitual complacência e atitude que diz 'tudo está na mesma'. Devemos estar alertas para o fato de que esses pedidos de ajuda são algo mais do que meros apelos humanos. Não temos de nos deixar abater por todos esses problemas, mas examinar cada caso individualmente e tratá-lo por meio da oração.
"A Bíblia está repleta de instruções sobre a expressão do amor fraternal e devemos nos considerar como uma só família. Há pouco tempo encontrei um trecho do livro The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany de autoria de Mary Baker Eddy, que teve grande significado para mim" (página 175:22):
"Mais doce do que o bálsamo de Gileade, mais precioso do que os diamantes de Golconda, tão caro como a amizade dos entes que amamamos são a eqüidade, a fraternidade e a caridade cristã. O cântico de minha alma há de permanecer enquanto eu permanecer. Que o amor fraternal continue."
Com que meios e recursos você presta ajuda, na qualidade de Cientista Cristã?
"Gostaria de partilhar uma experiência que tive, não faz muito tempo. Saí para uma leve refeição ao meio-dia e pensei nos lugares 'usuais' e não tive vontade de ir a nenhum deles. Aí me dirigi para o Restaurante Ann, que recebeu ajuda d'A Igreja Mãe para alimentar pessoas que nada tinham para comer.
"Ao chegar à porta, notei um jovem com os cabelos longos e má apresentação geral. Ele parecia não estar passando bem. Pedi um hamburguer e, ao me sentar, notei que ele nessa altura repousava a cabeça na mesa. Veio-me o pensamento de que Deus tinha grande amor por esse jovem. Continuei a comer e observei as pessoas entrando e saindo. O jovem continuava ali. Isso me recordou a parábola do bom samaritano — as pessoas iam e vinham — passando pelo homem ferido à beira da estrada. Pus-me a pensar se eu iria agir como todos. Ao terminar minha refeição, veio-me o pensamento: 'Em verdade vos afirmo que sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes' (Mateus 25:40). Dei-me conta de que eu não podia sair sem falar com o jovem. Encaminhei-me a ele e perguntei se estava se sentindo bem. Ele levantou os olhos e fez sinal de que sim. Aí lhe perguntei se havia comido alguma coisa nesse dia, ao que respondeu que não. Então fui até o balcão e pedi que lhe trouxessem algo para comer.
"Perguntei-lhe de onde vinha e se havia freqüentado uma Escola Dominical alguma vez e ele respondeu que sim. Ao lhe trazerem a comida, eu lhe disse 'que talvez nunca mais nos víssemos, mas havia uma coisa que eu gostaria que ele lembrasse — que era um filho querido de Deus.' Seus olhos simplesmente brilharam e notei que ficara mais comovido com as palavras do que com a refeição que lhe fora ofertada.
"Acho que disso tudo concluí que nunca sabemos para onde o Cristo nos conduz. Talvez não nos leve pelo nosso caminho costumeiro. Revelou-me que é preciso que haja em mim a disposição de não seguir sempre pelos caminhos já conhecidos, mas de ir além de onde costumo ir, fazer coisas que não tenho o hábito de fazer.
"Há uma estrofe muito conhecida de um dos poemas de autoria da Sra. Eddy que, no decorrer dos anos, tem tido grande significado para mim, em meu trabalho com pessoas da comunidade, particularmente quando eu mesma me encontro em dificuldades. É do poema "Cristo, meu refúgio" e diz o seguinte:
Orando, quero o bem fazer
Por Ti, aos Teus,
Pois vens amor oferecer.
Conduz-me, Deus.
"Esse poema ajudou-me muito a compreender que se estou escutando atentamente para saber onde é que Deus quer que eu esteja, então qualquer bem que venha a ser feito é uma oferenda de amor, do Amor. E não é isso o que estamos tentando fazer, ao atender às necessidades de nosso próximo?"
