Em todas as partes do mundo os programas em ondas curtas de The Herald of Christian Science chegam a um grande público. Achamos que os leitores que ainda não tiveram a possibilidade de ouvir essas transmissões gostariam de ler, de vez em quando, algo desses programas radiofônicos.
Locutor: Este programa é The Herald of Christian Science, levado ao ar pela Sociedade Editora da Ciência Cristã, no setor de difusão, em escala mundial, d'A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, em Boston, Massachusetts, Estados Unidos da América.
Derek: Eu sou
Wanjohi: Meu nome é
Derek: No programa de hoje vamos falar do que é necessário para se perdoar. O perdão é uma qualidade muito necessária hoje em dia, pois fala-se muito em vingança e as pessoas expressam muito rancor, mágoa e ressentimento. Há, no entanto, uma perspectiva espiritual que nos capacita a perdoar tal como o vemos demonstrado na vida de Cristo Jesus.
Wanjohi: Um hino do Hinário da Ciência Cristã diz que o perdão transmite um "poder divino" capaz de transformar vidas. ...
Derek: Outra idéia nesse hino, que me toca profundamente, é a seguinte: "de nossos corações fluirá / Amor capaz de todo o mal superar."
Wanjohi: Ele também afirma que Deus "com amor, o peregrino de volta acolhe." Para mim, "o peregrino" pode ser todo aquele que é incapaz de perdoar ou, então, aquele que odeia.
Derek: O peregrino também pode ser uma pessoa que se sente indigna de ser perdoada em vista de falhas cometidas. Era exatamente assim que a convidada de hoje se sentia: indigna e muito culpada.
Wanjohi: Nosso companheiro de equipe, fala com
Ruth: No final da década de 60 saí de casa para cursar a universidade em outra cidade. Foi então que comecei a tomar bebidas alcoólicas em quantidade, a fumar de três a quatro maços de cigarro por dia, ingerir anfetaminas, tomar LSD e usar maconha e cocaína. ... Não consegui continuar meus estudos e minha vida se transformou em ruínas. Mentia à minha família para conseguir dinheiro para as drogas; mentia também a meus amigos e certamente estava mentindo a mim mesma. Sentia-me culpada e totalmente indigna por haver chegado a esse estado. Certa noite, quando minhas colegas de apartamento haviam ido para casa para as férias de verão, senti haver chegado ao fundo do poço.
Rick: Você estava sozinha em casa?
Ruth: Sim e sentia-me muito sozinha e deprimida. A única saída que via era o suicídio. Nesse momento, quando me sentia no estado mais desesperador, minha mãe telefonou. Mais tarde minha mãe contou que estivera orando naquela noite e pressentiu que havia algo errado. Ela não sabia o que estava acontecendo, não sabia que eu estava pensando em suicídio nem que eu estava tão viciada em drogas. Sabia, no entanto, que eu precisava de ajuda. Quando telefonou, eu não consegui manter um diálogo coerente com ela.
Rick: Por que você estava muito drogada?
Ruth: Sim. Além do mais eu não conseguia concentrar-me em nada. Ela, então, conversou comigo apenas alguns minutos, talvez como se fala a uma criança de cinco anos de idade, porque era justamente disso que eu necessitava naquele momento.
Rick: O que ela disse?
Ruth: Não me lembro de tudo, mas lembro-me da idéia de que Deus sempre me amara e não importava o que eu houvesse feito; sempre poderia recorrer a Deus.
Rick: Como você se sentiu depois do telefonema?
Ruth: O que eu acabara de ouvir era exatamente o que eu necessitava. Senti que havia esperança para mim e esse foi o momento decisivo em que tudo se transformou. Tratei logo de procurar meus livros, Ciência e Saúde, de autoria da Sra. Eddy, e a Bíblia, que estavam encaixotados. Comecei imediatamente a ler. Não li com o objetivo de curar-me do vício em drogas. Estava apenas lendo por questão de sobrevivência, creio que por desespero. Estava em busca de paz de espírito e tentava saber o que fazer comigo mesma. Nessas condições conseguia apenas orar de forma bem simples e volver-me a Deus com honestidade e humildade. ... Li o Salmo vinte e três repetidas vezes durante a noite e isso me auxiliou e elevou meu pensamento. Gostaria de ler alguns trechos desse Salmo.
Rick: Pois não.
Ruth: "O Senhor é o meu pastor: nada me faltará. Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso; refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome. Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo." Esse Salmo foi muito importante para mim naquela noite e o é até hoje. Li também o capítulo "A Oração" de Ciência e Saúde. Li e reli ambos, a noite inteira.
Foi então que me apercebi de que estava curada. Perdi a vontade de usar drogas e álcool; desapareceram os sintomas de absenteísmo e não houve nenhum efeito colateral que por vezes se associa ás drogas que eu usara. A segunda parte da cura ocorreu como conseqüência de mais oração e estudo. Lembro-me de haver estudado especificamente os seguintes trechos de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: "As Escrituras nos informam que o homem é feito à imagem e semelhança de Deus" e "O homem real não pode desviar-se da santidade, nem pode Deus, de quem o homem provém, engendrar a capacidade ou a liberdade para pecar." O que me auxiliou muito foi que comecei a compreender que essa experiência não era uma questão de um mortal pecador transformar-se num mortal aprimorado. Compreendi, no entanto, que eu sempre fora filha de Deus, inocente e perfeita. Senti-me muito amada. A presença de Deus, o Amor, foi tão tangível e tão real para mim que o medo, o desespero e a confusão simplesmente desapareceram. Senti uma paz de espírito que havia muito tempo não sentia. A culpa simplesmente desapareceu.
Rick: Ruth, por que você acha que a cura do sentimento de culpa foi tão importante para a cura como um todo?
Ruth: Ao curar-me da culpa compreendi quem eu sou como filha de Deus e isso libertou-me para levar adiante minha vida. ... Depois disso terminei a universidade e a seguir fiz o mestrado e construí uma carreira profissional trabalhando com crianças deficientes.
Rick: Obrigado por sua presença Ruth.
Ruth: Foi um prazer.
