Eu Estava Esperando um bebê! E a praticista da Ciência Cristã que chamei ficou tão satisfeita com a notícia, quanto meu marido e eu. Porém, à medida que ela e eu orávamos, comecei a perceber que, conquanto houvesse algo fascinante e encantador desenvolvendo-se dentro de mim, do ponto de vista espiritual a estrutura da criação de Deus não tinha elemento físico ou material algum.
De certo modo, o desenvolvimento daquilo que parecia ser uma criança com um corpo físico, podia ser considerado como o desenvolvimento de uma compreensão mais nítida da verdadeira idéia de homem, na minha consciência. Através da oração, podia apreciar e cultivar essa idéia e esperar vê-la manifestar-se de modo mais claro. Meu verdadeiro trabalho durante os nove meses seguintes (e além!), era dedicar-me a espiritualizar meu conceito de homem e de nascimento e a aceitar o nenê como já sendo em realidade o próprio filho amado de Deus.
Algo que a Sra. Eddy diz no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, fez-me compreender que essa não era uma experiência isolada, pessoal, mas parte integrante do esforço de toda a humanidade para obter domínio espiritual e libertação do materialismo. Ela "A Ciência divina desfere seu golpe principal nos supostos fundamentos materiais da vida e da inteligência."
Notei que a praticista não tinha pedido que meu marido e eu empreendêssemos um estudo de conceitos tais como nascimento, criação, identidade, só porque teríamos um bebê em nossa casa, mas sim porque aqueles que cultivam uma compreensão espiritual da vida têm de perceber que as crenças básicas sobre a existência material — entre elas a procriação por meios sexuais, a genética e a evolução embrionária — são na realidade mitos materiais que não dão origem à Vida, nem a afetam, pois a Vida é Deus. Sendo Espírito, Deus não podia ter criado o homem através de meios e métodos materiais. O Espírito não depende do pó, costelas, óvulos, ou de alguma outra forma de matéria para produzir Sua própria imagem e semelhança. Como é que Ele a faz? A Sra Eddy diz: "Para Deus, conhecer é ser: isto é, o que Ele conhece deve existir verdadeira e eternamente. .. . Ele é Mente; e qualquer coisa conhecida por Ele se torna manifesta e deve ser a Verdade."
A Mente cria idéias, não cria mortais. E essas idéias não surgem através do canal vaginal, mas através dos canais de inspiração divina. Portanto, para preparar o caminho para a idéia de Deus, devemos fazer uso da inspiração e manter os canais de inspiração bem abertos para Suas idéias espirituais, que estão sempre aparecendo.
Reconheço que havia muitos preparativos a fazer: pintar o quarto, comprar um berço e outros apetrechos para o nenê, tricotar sapatinhos, escrever participações,. .. era tentador envolver-me no mundo cor-de-rosa rosa dos bebês. Mas se a crença material parece ter seus prazeres e expectativas, tem também suas dores e frustrações.
Se você quer mesmo acreditar que é um mortal a carregar outro mortalzinho, talvez fique desanimada quando esse pequeno mortal começar a adquirir peso! Aceite logo de início que a idéia de Deus — sua verdadeira natureza e a da criança — habita na consciência divina, não num corpo material ou num corpo dentro de um corpo. E o Amor que está revelando a idéia, abriga-a com alegria e vivacidade. Olhe, você não acha que a identidade genuína, tanto a da mãe quanto a da criança, existe na Mente divina, na qual o homem é mantido por Deus, de forma total e sem esforço? Afinal, na Bíblia encontramos a terna promessa de Deus: ".. . já o tenho feito; levar-vos-ei, pois, carregar-vos-ei. . ." (Isaías).
Além disso, cada idéia na Mente não é mantida como entidade distinta? O filho de Deus não depende de um sistema material, seja respiratório, circulatório ou digestivo, não pode consumir substância real ou interferir na verdadeira ação. Cada idéia de Deus depende d'Ele para sua existência e continuidade e já inclui, por reflexo, as qualidades espirituais que expressam sua individualidade única. O Amor divino tem amplo espaço para todas as suas idéias, assim nenhuma idéia jamais pode sobrecarregar ou obstruir outra.
Contemplar o nascimento como um processo espiritual e não físico, também nos liberta das falsas limitações da fadiga. O crescimento espiritual é revigorante, fortalecedor, rejuvenescedor, não depressivo ou exaustivo. À medida que nos deparamos com as muitas exigências físicas da maternidade, temos de utilizar com determinação a consagração e o altruísmo para banir qualquer desejo de ceder à crença de fadiga. Com regozijo, aceitamos a responsabilidade de eliminar os "supostos fundamentos materiais da vida e da inteligência", seja qual for a forma com que se apresentem.
Os preparativos humanos necessários para o nascimento têm de ser feitos, mas sem dúvida não devem causar ansiedade ou preocupação. O desabrochar da verdadeira idéia de homem, inspirado por Deus, forçosamente inclui tudo o que é preciso para cada estágio de progresso. Bastanos consultar o primeiro capítulo do Gênesis para ver que a Mente, que criou o homem, já preparou o cenário para a apresentação ordeira e iluminada de todo o bem. Estejamos certos de que o desabrochar espiritual ocorre na segurança e tranqüilidade da Mente, onde só o Amor e suas idéias estão presentes para testemunhá-lo. Tal como Herodes não pôde descobrir quando ou onde o menino Jesus nascera, nem impedi-lo de cumprir sua missão, estejamos certos de que a vontade humana, o domínio pessoal e a resistência ao Cristo, a Verdade, não podem interferir no emergir natural de nossa compreensão espiritual de Deus e do homem.
A melhor preparação prática para o parto é seguir as instruções de Ciência e Saúde, relativas à obstetrícia: "Para assistir convenientemente o nascimento da nova criatura, ou a idéia divina, é preciso separar o pensamento mortal de suas concepções materiais, de tal maneira que o nascimento se faça com naturalidade e segurança." Temos de, segundo Paulo: ".. . deixar o corpo e habitar com o Senhor." Esteja consciente da presença da Mente divina, Deus, e de Seu controle absoluto sobre Seu homem. Isso não significa que teimosamente resistimos ou reprimimos o processo corpóreo normal de dar à luz, mas à medida que nos volvemos ao Princípio divino e não à anatomia física para compreender o processo de nascimento, discernimos através da cena material, a realidade espiritual, na qual o homem, inseparável de seu Criador, está de posse de sua herança completa como o filho da Vida. Compreendi que o nascimento humano tem mais a natureza de um sonho do que realidade intrínseca. Embora entendesse a importância de cooperar inteligentemente com o processo de nascimento, também sabia que despertar para a idéia espiritual de nascimento ilumina esse sonho, dispersando as sombras de dor e medo que pertencem só ao sonho, não à verdadeira idéia de nascimento.
Quanto mais aceitamos a natureza espiritual do nascimento, tanto mais fácil fica demonstrar que não ocorreu nada de que alguém tenha de se recuperar. O genuíno Progenitor do homem, a Mente divina, não foi deformado ou machucado pelo processo criativo. "Para Deus, conhecer é ser", e o processo de conhecimento não consome as energias da Vida, não causa ruptura em sua coesão nem interrompe a atividade da Mente. O reflexo de Deus está intacto, perfeito, forte e em paz.
É de grande ajuda lembrar que o nascimento espiritual não é um acontecimento único, mas o desdobramento contínuo da Vida. A Sra. Eddy escreve: "O novo nascimento não é obra de um momento." Ela também diz: "O tempo pode dar início ao novo nascimento, mas não pode completá-lo: isso é obra da eternidade; pois o progresso é a lei da infinidade" (Miscellaneous Writings). Esse nascimento espiritual não é um revés ou um transtorno do qual é preciso a pessoa se recuperar. Em verdade, é o progresso espiritual que fortalece, sustenta, inspira e cura. Não se manifesta num afrouxamento ou ruptura do parentesco do homem com Deus, mas se expressa humanamente numa obediência maior à Mente, numa estrita adesão mais intensa à Verdade e numa melhor demonstração da unidade do Amor com sua idéia, o homem. Espiritualizar nossa compreensão do que o nascimento de fato é, em contraste com o processo material, traz uma dimensão inteiramente nova e aprofundada à nossa vida e à de nossos filhos.
Espiritualizar nosso pensamento sobre o nascimento é um privilégio inestimável (não uma despesa exorbitante). Não é medido em meses e não culmina no nascimento de um mortal. Não é questão de se esperar pelo bebê, mas de se esperar no Senhor, de vencer a crença de vida e inteligência na matéria. É a atividade de compreender que Deus é Vida, atividade que se processa sem causar dor.
